Fitossociologia da regeneração natural como subsídio para restauração em áreas pós-colheita de Pinus sp. na Floresta Ombrófila Mista e Densa em transição

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509843824

Palavras-chave:

Fitossociologia, Componente regenerativo, Riqueza

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar a regeneração natural em Áreas de Preservação Permanente em processo de restauração florestal pós-colheita de Pinus spp. por meio do levantamento de parâmetros fitossociológicos. O estudo foi realizado nas APPs associadas a nascentes e rios de duas áreas com diferentes idades pós-colheita de Pinus spp., sendo inseridas em Floresta Ombrófila Mista (FOM - 7 anos) e Floresta Ombrófila Densa em transição (FOD/FOM - 12 anos) ambas no estado de Santa Catarina. Foram alocadas 19 parcelas retangulares com dimensões de 25 m x 4 m (100 m²) de forma aleatória em cada uma das áreas, para a avaliação florístico-estrutural do componente regenerativo arbóreo-arbustivo. Na FOD em transição foram amostrados 913 indivíduos regenerantes de espécies arbóreas e arbustivas, pertencentes a 90 espécies, 60 gêneros e 30 famílias botânicas. As espécies com maior IVI foram Cupania vernalis (8,71%), seguido de Bernardia pulchella (5,93%), Aureliana wettsteiniana (5,25%). Na FOM, área em processo restauração em menor tempo, foram amostrados 782 indivíduos regenerantes de espécies arbóreas, arbustivas, pertencentes a 62 espécies, 21 famílias botânicas e 30 gêneros. As espécies com maior IVI foram Myrsine coriacea (10,06%), Solanum variabile (9,79%), Myrsine lorentziana (7,08%). Os índices de diversidade de Shannon foram H’ = 3,76 para FOD em transição e H’ = 3,24 para FOM, e denotaram alta diversidade de espécies, já o índice de equabilidade de Pielou obteve J = 0,81 para FOD em transição e J = 0,77 para FOM, demonstrando alta uniformidade na distribuição dos indivíduos nas espécies para as duas áreas. A distribuição diamétrica dos indivíduos apresentou padrão “J invertido” para ambas as fitofisionomias, comportamento esperado em florestas nativas. A NMDS apresentou um valor de stress de 9,81% indicando adequabilidade da ordenação e permitindo a realização de inferências com confiabilidade. Por meio da ordenação NMDS, observou-se a formação de dois grupos florístico-estruturais distintos, associados as fitofisionomias de FOM e transição FOM/FOD. Todas as parcelas inseridas em áreas de FOM encontram-se agrupadas à direita na ordenação, enquanto que a maioria das parcelas inseridas na área de transição FOM/FOD estão agrupadas à esquerda da ordenação. O componente regenerativo arbóreo-arbustivo avaliado em áreas pós-colheita de Pinus sp. em ambas as fitofisionomias possui grande diversidade de espécies com grande valor de importância à formação florestal, sendo um ambiente favorável para a conservação de espécies e fundamental para garantir a sucessão da floresta e a resiliência da restauração.

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Biografia do Autor

Emanoéli de Oliveira, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Ma., Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Charline Zangalli, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Me., Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Guilherme Diego Fockink, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheiro Florestal, Me., Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Maria Raquel Kanieski, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Dra., Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Marcos Felipe Nicoletti, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheiro Florestal, Dr., Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Beatriz Rodrigues Bagnolin Muniz, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Ambiental e Sanitária, Mestranda no Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages (SC), Brasil.

Rômulo Koeche, iversidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Graduando em Engenharia Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Mireli Moura Pitz Floriani, Klabin Unidade SC., Otacílio Costa, SC

Bióloga, Dra. em Produção Vegetal, Analista de Certificação Florestal, Klabin Unidade SC., Av. Olinkraft, 6602, CEP 88540-000, Otacílio Costa (SC), Brasil.

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Publicado

06-09-2021

Como Citar

Oliveira, E. de, Zangalli, C., Fockink, G. D., Kanieski, M. R., Nicoletti, M. F., Muniz, B. R. B., Koeche, R., & Floriani, M. M. P. (2021). Fitossociologia da regeneração natural como subsídio para restauração em áreas pós-colheita de Pinus sp. na Floresta Ombrófila Mista e Densa em transição. Ciência Florestal, 31(3), 1444–1471. https://doi.org/10.5902/1980509843824

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