Fragmentação da vegetação da bacia hidrográfica do Rio Marapanim, nordeste do Pará
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509835074Palavras-chave:
Fragmentos florestais, Biodiversidade, Efeito de bordaResumo
A fragmentação florestal é uma das principais consequências das atividades antrópicas em áreas de vegetação nativa. Quando considerada a abordagem de bacias hidrográficas, a fragmentação pode aumentar processos erosivos e alterar o regime hídrico, notadamente em decorrência das ações de desmatamento. Assim, no presente estudo buscou-se analisar a estrutura da paisagem da bacia hidrográfica do rio Marapanim-PA, com o enfoque na fragmentação da vegetação arbórea. Para isso, foi utilizada uma cena do satélite Landsat 8, sensor OLI, adquirida em 2017 e classificada usando o algoritmo da Máxima Verossimilhança a fim de classificar e estimar os diferentes usos e coberturas da terra em 2017 na área da bacia. Subsequentemente, realizou-se a análise dos fragmentos florestais utilizando as métricas da paisagem em nível de mancha (patch), classe (class) e paisagem (landscape). Os resultados indicam que a paisagem da bacia hidrográfica é majoritariamente composta por vegetação arbórea (49%) e áreas de agricultura (29%), responsável pelas principais alterações na cobertura vegetal nativa da bacia estudada. O estudo da quantificação e caracterização da estrutura da paisagem mostrou que a paisagem da bacia se encontra muito fragmentada, com um total de 16.697 fragmentos. O tamanho médio dos fragmentos é de 12,79 ha, considerado de valor mediano para conservação da biodiversidade. A classe de vegetação arbórea é a mais fragmentada, representando 41,36% do total de fragmentos da paisagem da bacia. O índice de forma desses fragmentos é de 1,56, indicando a predominância de formas mais irregulares e, portanto, mais susceptível aos efeitos de borda. Os resultados deste estudo podem subsidiar a formulação de ações e/ou políticas públicas visando promover a recuperação e manutenção dos fragmentos da vegetação arbórea da bacia hidrográfica do rio Marapanim no estado do Pará.
Downloads
Referências
ALMEIDA, C. G. Análise espacial dos fragmentos florestais na área do Parque Nacional dos Campos Gerais, Paraná. 2008. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2008.
ALVARES, C. A. et al. Koppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, Stuttgart, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2014.
ARIMA, E. Y. et al. Spontaneous colonization and forest fragmentation in the Central Amazon Basin. Annals of the Association of America Geographers, [s. 1.], v. 103, n. 6, p. 1485-1501, 2013.
ATTANASIO, C. M. et al. A importância das áreas ripárias para a sustentabilidade hidrológica do uso da terra em microbacias hidrográficas. Bragantia, Campinas, v. 71, n. 4, p. 493-501, 2012.
AZEVEDO, D. G.; GOMES, R. L.; MORAES, M. E. B. Estudos da fragmentação da paisagem na definição de áreas prioritárias para a recuperação ambiental da bacia hidrográfica do rio Buranhém. Boletim de Geografia, Maringá, v. 34, n. 2, p. 127-144, 2016.
BENDER, D. J.; THISCHENDORF, L.; FAHRIG, L. Using patch isolation metrics to predict animal movement in binary landscapes. Landscape Ecology, Tempe, v. 18, p. 17-39, 2003.
BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: esboço metodológico. RA´E GA, Paraná, n. 8, p. 141-152, 2004.
CABACINHA, C. D.; CASTRO, S. S.; GONÇALVES, D. A. Análise da estrutura da paisagem da alta bacia do rio Araguaia na savana brasileira. Floresta, Curitiba, v. 40, n. 4, p. 675-690, 2010.
CALEGARI, L. et al. Análise da dinâmica de fragmentos florestais no município de Carandaí, MG, para fins de restauração florestal. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 34, n. 5, p. 871-880, 2010.
CASIMIRO, P. C. Estrutura, composição e configuração da paisagem: conceitos e princípios para a sua quantificação no âmbito da ecologia da paisagem. Revista Portuguesa de Estudos regionais, Angra do Heroísmo, n. 20, p. 75-99, 2009.
CHAVEZ, P. S. An improved dark-object subtraction technique for atmospheric scattering correction of multispectral data. Remote Sensing of Environment, Amsterdã, v. 24, p. 459-479, 1988.
COELHO, V. et al. Dinâmica do uso e ocupação do solo em uma bacia hidrográfica do semiárido brasileiro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 18, n. 1, p. 64-72, 2014.
CONGALTON, R. G. A review of assessing the accuracy of classifications of remotely sensed data. Remote Sensing of Environment, Amsterdam, v. 37, p. 35-46, 1991.
CORDEIRO, I. M.; RANGEL-VASCONCELOS, L. G.; SCHWARTZ, G. O manejo da floresta secundária na Amazônia oriental. In: CORDEIRO, I. M. et al. Nordeste Paraense: panorama geral e uso sustentável das florestas secundárias. Belém: EDUFRA, 2017. p. 163-190.
DIAS, G. F. M. et al. A relação entre as mudanças na paisagem e a vazão da bacia do rio Capim, Pará, Brasil. Boletim do Museu Paranaense Emílio Goeldi de Ciências Naturais, Belém, v. 14, n. 2, p. 255-270, maio/ago. 2019.
HENTZ, A. M. K. et al. Avaliação da fragmentação dos remanescentes florestais da Bacia Hidrográfica do Rio Iguaçu – PR, Brasil. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v. 11 n. 21, p. 2842-2858, 2015.
HOLANDA, A. C. et al. Estrutura de espécies arbóreas sob efeito de borda em um fragmento de floresta estacional semidecidual em Pernambuco. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 34, n. 1, p. 103-114, 2010.
JUVANHOL, R. S. et al. Análise Espacial de Fragmentos Florestais: caso dos Parques Estaduais de Forno Grande e Pedra Azul, Estado do Espírito Santo. Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 353-364, 2011.
LAURANCE, W. Hyper-Disturbed Parks: Edge Effects and the Ecology of Isolated rainforest Reserved in Tropical Australia. In: LAURANCE, W.; BIERREGAARD, R. O. (ed). Tropical forest remnants: ecology, management and conservation of fragmented communities. Chicago: The University of Chicago Press, 1997. p. 33-44.
LAURANCE, W. et al. The future of the Brazilian Amazon: development trends and deforestation. Science, Washington, v. 291, n. 5503, p. 438-439, 2001.
LAURANCE, W. et al. Rainforest fragmentation kills big trees. Nature, Londres, v. 404, p. 836, 2000.
MACHADO, W. P. et al. Identificação de padrões de vegetação e análise dos fragmentos florestais a partir do processamento digital de imagens e análise morfométrica em imagens ASTER no município de Cromínia-GO. Espaço e Geografia, Brasília, v. 15, n. 1, p. 229-263, 2012.
MCGARIGAL, K.; MARKS, B. J. FRAGSTATS: spatial pattern Analysis program for quantify in gland scape structure. Gen. Tech. Rep. PNW-GTR-351. Portland: U.S. Department of Agriculture, Forest Service, Pacific Northwest Research Station, 1995. 122 p.
MEDINA, G. F.; VIEIRA, M. V. Conectividade funcional e a importância da interação organismo-paisagem. Oecologia Brasileira, Rio de Janeiro, v. 11, n. 4, p. 493-502, 2007.
METZGER, J. P. O que é ecologia de paisagens? Biota Neotropica, Campinas, v. 1, n. 1, p. 1-9, 2001.
NASCIMENTO, H.; LAURANCE, W. Efeitos de área e de borda sobre a estrutura florestal em fragmentos de floresta de terra-firme após 13-17 anos de isolamento. Acta Amazônica, Manaus, v. 36, n. 2, p. 183-192, 2006.
PEREIRA, J. L. V. et al. Métricas da paisagem na caracterização da evolução da ocupação da Amazônia. Geografia, Rio Claro, v. 26, n. 1, p. 59-90, 2001.
PIROVANI, D. B. et al. Análise espacial de fragmentos florestais na bacia do rio Itapemirim, ES. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 38, n. 2, p. 271-281, 2014.
REZENDE, R. A. Fragmentação da flora nativa como instrumento de análise da sustentabilidade ecológica de áreas protegidas – Espinhaço Sul (MG). 2011. Tese (Doutorado em Ciências Naturais) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2011.
SOUZA, S. R. et al. Dinâmica da paisagem na bacia hidrográfica do Rio Apeú, nordeste do Pará, Brasil. Revista Acadêmica Ciência Agrária e Ambiental, Curitiba, v. 9, n. 2, p. 141-150, 2011.
TABARELLI, M. et al. Prospects for biodiversity conservation in the Atlantic Forest: Lessons from aging human-modified landscapes. Biological Conservation, Amsterdam, v. 143, p. 2328-2340, 2010.
VIDOLIN, G. P.; BIONDI, D.; WANDEMBRUCK, A. Análise da estrutura da paisagem de um remanescente de floresta com Araucária, Paraná, Brasil. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 35, n. 3, p. 515-525, 2011.
VIEIRA, I. C. G.; TOLEDO, P. M.; ALMEIDA, A. Análise das modificações da paisagem da região Bragantina, no Pará, integrando diferentes escalas de tempo. Ciência e Cultura, Campinas, v. 59 n. 3, p. 27-30, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.