A redundância como elemento estetizante no testemunho: Soledad no Recife (romance) e Ausênc’as (ensaio fotográfico)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X35453

Palavras-chave:

Redundância, Memória, Trauma, Testemunho, Resistência

Resumo

Este estudo se baseia em pesquisa bibliográfica e análise das obras Soledad no Recife, romance de Urariano Mota, e Ausênc’as, ensaio fotográfico de Gustavo Germano. A hipótese é a de que a redundância pode ser uma categoria viável para a análise de produções artísticas, particularmente as de cunho testemunhal. Para tanto propomos mostrar como a redundância opera nessas produções não apenas como recurso de linguagem, mas, sobretudo, como artifício criativo. Ao considerar  a redundância como conceito-chave a análise desenvolvida pauta-se em três aspectos fundamentais: primeiro, essas produções se constroem sobre a base da noção de hiato, condição que perpassa todas as dimensões constituidoras dos materiais analisados no corpus; segundo, as funções da redundância no interior do texto testemunhal ou de teor testemunhal; terceiro, a ideia de que a memória da insurgência, mesmo depois do perecimento físico do insurgente, prevalece como possibilidade de questionamento da violência de Estado, bem como os usos éticos e políticos dessa memória.

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Biografia do Autor

Ana Júlia Lacerda, Universidade Federal do Pará, Belém, PA

Graduada em Letras (Habilitação Língua Francesa) na Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas do Instituto de Letras e Comunicação - ILC da Universidade Federal do Pará - UFPA. Graduanda de Letras Língua Portuguesa pela UFPA. Possui Formação no Ensino de Português como Língua Estrangeira - LE. Pós-Graduada Lato Sensu em Metodologia no Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER. Mestranda em Letras (Estudos Literários) pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UFPA

Tânia Sarmento-Pantoja, Universidade Federal do Pará, Belém, PA

Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professora de Literatura Portuguesa na Faculdade de Letras (Campus Guamá) da Universidade Federal do Pará e também do Programa de Pós-Graduação em Letras (Campus Guamá) e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar Cidades, Territórios e Identidades (Campus Abaetetuba), na mesma instituição. É bolsista produtividade em pesquisa (CNPQ).

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Publicado

2019-08-25

Como Citar

Lacerda, A. J., & Sarmento-Pantoja, T. (2019). A redundância como elemento estetizante no testemunho: Soledad no Recife (romance) e Ausênc’as (ensaio fotográfico). Literatura E Autoritarismo, (21). https://doi.org/10.5902/1679849X35453

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