Literatura e Autoritarismo https://periodicos.ufsm.br/LA <p style="text-align: justify;">A Revista <strong>Literatura e Autoritarismo </strong>é um periódico publicado desde 2003. Está vinculado às atividades do Grupo de Pesquisa CNPq Literatura e Autoritarismo e ao Programa de Pós-Graduação em Letras. Tem o objetivo de promover o debate e a discussão de questões como violência, autoritarismo, violação de direitos humanos, exclusão e preconceito racial e sexual no âmbito da produção cultural, especialmente a literária, adotando uma perspectiva interdisciplinar com outras áreas do conhecimento que possibilitem o aprofundamento e a reflexão sobre essas temáticas. Para atender a esse propósito, publica, em português, espanhol, inglês ou alemão, textos teóricos, artigos, ensaios, entrevistas e resenhas – sempre de material inédito e com autoria de pelo menos um pesquisador com titulação de doutor – em que tais assuntos apareçam em obras literárias e em outras produções culturais, tais como letras de músicas, filmes, fotografias, pinturas. Está registrado em vários indexadores internacionais como DOAJ, JCR, WOS, PKP, entre outros.</p> <p style="text-align: justify;"><strong>eISSN 1679-849X | Qualis/CAPES (2017-2020) = A4</strong></p> Universidade Federal de Santa Maria pt-BR Literatura e Autoritarismo 1679-849X <p>DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS</p><p>Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela Literatura e Autoritarismo, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à Literatura e Autoritarismo implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).</p> A materialização da vulnerabilidade humana através de imagens https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/74001 <p>O presente artigo tem por objetivo analisar como a produção e a divulgação de imagens que expõem a violência e a degradação humana podem ser utilizadas como denúncia social e contribuir para transformar a realidade de pessoas apagadas socialmente. A pesquisa apoia-se no livro-reportagem <em>O Holocausto Brasileiro</em>, publicado em 2015, pela jornalista Daniela Arbex, que apresenta uma reportagem investigativa sobre o hospital psiquiátrico da cidade de Barbacena, estado de Minas Gerais, conhecido como <em>O Colônia,</em> que, após quase oitenta anos utilizando de tratamentos desumanos, passa por uma reforma na psiquiatria devido a um movimento antimanicomial incentivado através da exposição de imagens nos meios de comunicação. O resgate da história do hospital psiquiátrico está em diálogo a teorias sobre o conceito e a prática ética da fotografia, tais como: Cartier-Bresson, e o<em> instante decisivo</em>; Sontag (2003), e a fotografia como denúncia; Kossoy (2001), e a eternização do tempo através da fotografia.</p> Kassandra Naely Rodrigues dos Santos Milena Hoffmann Kunrath Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-03 2024-09-03 43 e74001 e74001 10.5902/1679849X74001 O papel de Salim Miguel como livreiro e os reflexos desse período com o golpe de 1964 https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/84130 <p>Este artigo aborda o papel de Salim Miguel como livreiro à frente da livraria Anita Garibaldi, e a sua relevância como um “produtor” do sistema literário (EVEN-ZOHAR) que atuou contra a ditadura militar (1964-1985). Junto com o sócio, Miguel abriu o negócio em 1953, em Florianópolis (SC). Com o tempo, o local passou a ser conhecido como “livraria do Salim”. Quando veio o golpe de 1964, pessoas da sociedade civil invadiram a livraria e fizeram uma fogueira com os livros na praça XV de Novembro. Na época, Salim Miguel já não era mais um dos donos. Entretanto, seu nome continuava como referência e os militares acreditavam que ele ainda influenciava na escolha das obras. Miguel foi preso e torturado psicologicamente.</p> Lúcia Tormin Mollo Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-07 2024-10-07 43 e84130 e84130 10.5902/1679849X84130 Entre violência e resistência, o valor testemunhal da “escrevivência” https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/85830 <p>A violência é uma marca distintiva do processo histórico que engendrou as hierarquias e estruturas da sociedade brasileira, como aquelas que marginalizam indígenas, pessoas negras e homossexuais, especialmente quando pobres e/ou do sexo feminino. Pensando nas modalidades de resistência que esses sujeitos marginalizados têm encontrado na literatura, proponho revisitar a noção de testemunho à luz de um sucinto panorama histórico, a fim de refletir sobre a pertinência dessa categoria para compreender parte da poesia brasileira contemporânea, em seu potencial de denúncia do genocídio negro em curso no país. Na primeira parte da análise, entram poemas da autoria de Conceição Evaristo, dando a ver o valor testemunhal de sua noção de “escrevivência”, em sua capacidade de resistir à barbárie perpetrada pelo processo civilizatório no Brasil. Aproveitando o potencial dessa noção, abordamos certas manifestações poéticas orais, do <em>slam </em>e do <em>rap</em>, naquilo que chegam a apontar os limites da própria literatura.</p> Rafael Guimarães Tavares da Silva Copyright (c) 2024 Rafael Guimarães Tavares da Silva https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2024-11-14 2024-11-14 43 e85830 e85830 10.5902/1679849X85830 Corpos, prisioneiras e afetos nos testemunhos femininos da Shoah: Ruth Klüger, Simone Veil e Charlotte Delbo https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/83217 <p>“[...] mulheres não tem passado”. As palavras da sobrevivente Ruth Klüger (2005) apontam para uma lógica masculina hegemônica que guia o ato de testemunhar: é indecente para mulheres falarem sobre o outrora. Contudo, Klüger (2005), Delbo (2021) e Veil (2021) mostram que também possuem passados sobre a catástrofe (<em>Shoah</em>) e produziram suas memórias, exercem o papel de <em>superstes</em>. Em <em>Paisagens da memória</em>, <em>O alvorecer em Birkenau</em> e <em>Auschwitz e Depois</em>, respectivamente, os relatos dessas sobreviventes de Auschwitz permitem pensar como foi sobreviver aos campos a partir das representações e sensações femininas: sobre as ações de dessubjetivação mortíferas sobre seus <em>corpos-outros</em>; nos entregam uma paisagem crua do cotidiano no <em>Lager</em>, dos atritos, diferenciações e confluências entre prisioneiras políticas e prisioneiras judias. Por fim, os relatos também possibilitam perceber os afetos como construções de espaços de acolhimento para enfrentar o horror.</p> Ian Anderson Maximiano Costa Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-10 2024-09-10 43 e83217 e83217 10.5902/1679849X83217 A trilogia da ditadura na obra de Fernando Gabeira: memória, trauma e reflexões acerca do exílio https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/85280 <p>A ditadura civil-militar brasileira foi um período que legou uma série de efeitos deletérios ao país, sobretudo na cultura e na política. Partindo dessa conjuntura, este artigo possui como objetivo principal examinar a trilogia da ditadura civil-militar e do exílio por meio das obras de Fernando Gabeira, quais sejam: 1) <em>O que é isso Companheiro?</em> (1979); 2) <em>Crepúsculo do Macho</em> (1980); e, 3) <em>Entradas e Bandeiras</em> (1981). No tocante a perspectiva teórica de análise, ancoramos nosso estudo por meio da Literatura de Testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2005; SALGUEIRO, 2012) e acerca da memória política do período. Metodologicamente, procuraremos realizar uma revisão bibliográfica e uma reconstituição histórica a partir dos livros analisados. Como resultado da pesquisa, constatamos que os livros de Gabeira funcionaram como uma catarse para o autor procurar se reencontrar consigo mesmo, depois de tantos traumas, dramas e exílio forçados.</p> César Alessandro Sagrillo Figueiredo Copyright (c) 2024 César Alessandro Sagrillo Figueiredo https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 2024-11-14 2024-11-14 43 e85280 e85280 10.5902/1679849X85280 "A Jangada de Pedra" (1987): Ligações entre José Saramago e o BREXIT https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/74279 <p>O presente artigo busca analisar a presença de aspectos sócio-históricos no romance <em>A jangada de pedra </em>(1988), publicado pelo autor José Saramago, em 1987, para que esses mesmos aspectos sejam conectados ao Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Observar-se-á similaridades e discrepâncias entre os dois processos históricos através da obra fictícia de José Saramago, trabalhando a questão da História e da história dados os contextos. Nesse sentido, autores como Boaventura de Sousa Santos (1992), Beatriz Berrini (1998), Carlos Reis (1998, 2019), Maria Alzira Seixo (1999), Maria do Carmo Pascoli (2004), Ana Paula Arnaut (2008) e Teresa Cristina Cerdeira (2000) darão conta da produção de Saramago e a sua relação com a história portuguesa, para que façamos as nossas conclusões sobre a presença da História, ou seja, o processo do Brexit, em sua obra.</p> Mariana Soletti da Silva Carlos Alexandre Baumgarten Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-10 2024-09-10 43 e74279 e74279 10.5902/1679849X74279 Primeiro a comida, depois a moral - sobre a canção de cabaré e a reflexão sobre o processo revolucionário alemão no Zeittheater de Bertolt Brecht e Kurt Weill https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/84201 <p>Acompanhando o fio da presença do processo revolucionário alemão de 1919-1923 no chamado “teatro de atualidades” de Bertolt Brecht e Kurt Weill – sob o prisma combinado de uma crítica da recepção brasileira do conceito de teatro épico, da ideia de modernidade musical e da teoria do teatro moderno –, este artigo indica uma nova chave de leitura da obra do chamado jovem Brecht, a partir da presença de algumas práticas culturais urbanas consolidadas em certos números do cabaré francês do século XIX, tal como elas aparecem mobilizadas como material artístico em “A ópera dos três vinténs”.</p> Vinicius Pastorelli Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-07 2024-10-07 43 e84201 e84201 10.5902/1679849X84201 Arado torcido (Torto Arado), de la realidad a la literatura de Itamar Vieira Júnior: breve reflexión sobre la vida en Água Negra https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/83765 <p>Lejos de ocupar una de las páginas del álbum de fotografía de Brasil, el retrato negro de nuestro país ha estado invisibilizado durante muchos siglos. Así pues, este trabado pretende traer a la luz, a partir de la obra <em>Arado Torcido</em>, de Itamar Vieira Júnior (2022), la imagen de una realidad quilombola de la hacienda Água Negra, elaborada por la extraordinaria pluma de este escritor bahiano afroindígena, que sale a cuerpo abierto a defender el derecho a la tierra. Todo ello, además, prestando atención a nuestro pasado de esclavitud, movido por la esperanza de que no se vuelvan a repetir los mismos errores de la historia. En esta perspectiva, y por medio de la experiencia de personajes tan emblemáticos como Zeca Sombrero Grande o Severo, entre otros, nace un auténtico vehículo de transformación social.</p> Gracineia dos Santos Araújo Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-10 2024-09-10 43 e83765 e83765 10.5902/1679849X83765 Travessias: migração e violência simbólica nas tramas de literaturas negras https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/85328 <p>O objetivo deste artigo é mostrar, por meio da literatura, como os negros da diáspora africana nas Américas se movimentam, buscando garantias de sobrevivência e de segurança contra a violência que sofrem cotidianamente, desde a violência do Estado, passando pela violência social e do mercado, à violência simbólica, conceito central do sociólogo Pierre Bourdieu. Do tráfico negreiro até a contemporaneidade, a migração marca a história dos povos negros. Alguns dos resultados da pesquisa demonstram que a história do negro nas Américas é uma história de constante migração, com efeitos imensuráveis em suas identidades e construções sociais, que sulca a memória afetiva e que se torna mais um marcador social de violência e desigualdade. A metodologia empregada é a comparativa-descritiva com a técnica de análise documental. Como sujeitos da análise, foram escolhidos quatro romances de quatro autores afrodescendentes de países diferentes da diáspora.</p> Gilberto Gomes Pereira Andréa Vettorassi Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-07 2024-10-07 43 e85328 e85328 10.5902/1679849X85328 A literatura contemporânea vista a partir das personagens Joana, de Bernardo Kucinski, e Alice, de Maria Valéria Rezende https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/74410 <p><span style="font-weight: 400;">A contemporaneidade das obras literárias é um assunto de grande interesse dos estudiosos e que se apresenta como uma questão de extrema complexidade, devido principalmente à dificuldade para se definir o que é contemporâneo. A partir da teoria desenvolvida por Giorgio Agamben a respeito do assunto, pretende-se analisar aqui dois textos escritos na última década: </span><em><span style="font-weight: 400;">Joana</span></em><span style="font-weight: 400;">, um conto do livro </span><em><span style="font-weight: 400;">Você vai voltar pra mim</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Bernardo Kucinski, e </span><em><span style="font-weight: 400;">Quarenta dias</span></em><span style="font-weight: 400;">, de Maria Valéria Rezende. O intuito é observar pontos em que as narrativas se cruzam e compreender como as personagens que protagonizam essas histórias são construídas. Para empreender tal análise o foco será o trânsito urbano dessas personagens.</span></p> Deisiane Ferreira de Souza Olga Valeska Soares Coelho Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-22 2024-10-22 43 e74410 e74410 10.5902/1679849X74410 A poética feminista nos cordéis de Salete Maria da Silva https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/85132 <p>Este estudo propõe discutir o feminismo no cordel, na obra de Salete Maria da Silva, compreendendo sua transformação neste universo literário. Foi realizado um levantamento bibliográfico, leitura e sistematização crítica da obra da cordelista e de comentadores. Identifica-se que o feminismo é um tema central na obra de Salete, que expõe sua indignação diante de uma sociedade opressora, além de demonstrar o atravessamento do cordel em sua vida pessoal. Salete propõe uma mudança do pensamento e fazer cordelístico, elaborando um posicionamento subversivo, que contribui com a visibilidade do poder criativo de outras mulheres cordelistas, por muito tempo silenciadas. Sua obra possibilita uma transformação na história do cordel, que se encontra em permanente construção.</p> Edcarla Barboza Cleyton Andrade Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-07 2024-10-07 43 e85132 e85132 10.5902/1679849X85132 Tempo e história em Torto arado: uma leitura por meio das teses “Sobre o Conceito de História” de Walter Benjamin https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/70872 <p>O presente artigo tem como objetivo realizar uma interpretação Benjaminiana do romance <em>Torto</em> <em>arado</em>, escrito por Itamar Vieira Júnior em 2018, por meio das concepções de tempo e história do pensador alemão formuladas em suas teses “Sobre o Conceito de História” (2005). A narrativa de Itamar Vieira Júnior dramatiza a história do Brasil, especificamente o seu passado escravista, pela perspectiva dos vencidos, num movimento de reflexão histórica a contrapelo das narrativas oficiais e triunfantes. Em <em>Torto arado</em> (2018), as estruturas históricas e temporais relativas ao passado e ao presente coexistem e se justapõem, elemento de criação ficcional alinhado com as reflexões de Walter Benjamin. <em>Assim, o romance </em>estudado desestabiliza as noções tradicionais de sucessão do tempo e progresso histórico ao criar uma narrativa que se passa nos tempos atuais, mas que estabelece jogos com o nosso passado escravista, evidenciando a permanência de seus operadores de exploração e sua violência intrínseca.</p> <p> </p> Harion Custódio Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-03 2024-09-03 43 e70872 e70872 10.5902/1679849X70872 Memória, infância, limiar e imagem dialética em Walter Benjamin https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/70885 <p>A obra de Walter Benjamin transita entre várias áreas do conhecimento, mas<em> Infância em Berlim por volta de 1900</em> é um dos textos com a abordagem mais literária e menos teórica e, devido ao seu caráter fragmentário, parece um amontoado de aforismos aleatórios. No entanto, os textos que o compõem não apenas representam parte das proposições benjaminianas colocadas em prática, como também trazem elementos que fomentam reflexões acerca da modernidade. A partir da análise desse material, será verificado como esses textos sobre a própria infância do autor das <em>Passagens</em> emana da teoria dele, mantendo um sistema de coerência entre o que defende com a forma como escreve. Para isso, serão delimitadas algumas ideias essenciais, como o conceito de limiar, a relação entre memória voluntária e involuntária; infância, crítica à linearidade temporal e imagem dialética.</p> Viviane Bitencourt dos Santos Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-03 2024-09-03 43 e70885 e70885 10.5902/1679849X70885 Cliques de guerra: considerações sobre fotografia em Meio Sol Amarelo, de Chimamanda Ngozi Adichie https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/71763 <p>O presente artigo tem como objetivo discutir a relevância da fotografia no romance <em>Meio Sol Amarelo</em> (2008), da escritora Chimamanda Ngozi Adichie, considerando trechos sobre fotos de guerra e sobre retratos pessoais. Assim, foi trabalhada a hipótese de que as fotografias são instrumentos fundamentais para que os personagens reconheçam a própria identidade durante a Guerra de Biafra, já que conflitos bélicos implicam a perda de costumes. Para isso, a interpretação do texto literário foi amparada pelos textos teóricos de Serva (2017), Montier (2015) e Kossoy (1998). Desse modo, tornou-se possível perceber que a fotografia de guerra possui valor documental, mas não era bem vista pelos indivíduos que efetivamente vivenciaram os conflitos. Além disso, para os personagens do romance, a fotografia desempenha não só função memorialística, mas também afetiva e investigativa.</p> Ana Clara Velloso Borges Pereira Volker Jaeckel Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-03 2024-09-03 43 e71763 e71763 10.5902/1679849X71763 Resenha do Dossiê Temático Representações do Autoritarismo na Literatura Portuguesa e Brasileira https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/87496 <p>A resenha apresenta concisamente oito artigos recolhidos no dossiê temático intitulado <em>Representações de Autoritarismo na Literatura Portuguesa e Brasileira </em>incluído no volume nº 9 da revista <em>e-Letras com Vida </em><em>—</em><em> Revista de Estudos Globais: Humanidades, Ciências e Artes</em>. O denominador comum dos presentes textos são as manifestações do autoritarismo na literatura brasileira e literatura portuguesa analisadas sob vários aspectos. A resenha demonstra a importante contribuição, com a qual o dossiê enriqueceu este campo temático e demonstra a força humana em enfrentar as diferentes formas de violências e de restrições nos regimes autoritários em vários períodos temporais.</p> Daniela Zelková Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-07 2024-10-07 43 e87496 e87496 10.5902/1679849X87496 Um breve olhar no jardim de rosas de Maeve Brennan – A experiência de não pertença das protagonistas dos contos em The Rose Garden https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/86472 <p>Este artigo revisa os principais assuntos explorados pela escritora irlandesa Maeve Brennan na coletânea de contos <em>The Rose Garden</em>, considerando os contos divididos em grupos temáticos. Ela estava atenta ao grande número de mulheres irlandesas migrantes chegando sozinhas aos EUA em função da falta de empregos na Irlanda. A partir da observação de mulheres marginais aos padrões sociais vigentes, Brennan expõe vícios da sociedade nova-iorquina e dá voz a um grupo que comumente não ocupava o protagonismo na literatura da década de 1950: mulheres imigrantes, feias, solitárias e vivendo o último estágio da vida adulta antes da terceira idade.</p> Sabrina Siqueira Rosani Ketzer Umbach Roberta Flores Santurio Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-11-22 2024-11-22 43 e86472 e86472 10.5902/1679849X86472 O som do rugido da onça: reescrever a história pelo encantamento do mundo https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/86746 <p>O romance <em>O som do rugido da onça</em> (VERUNSHK, 2021) narra a morte da menina Iñe-e. Criança indígena da tribo Miranha, a menina foi entregue por seu pai a dois pesquisadores para ser levada à Alemanha junto a outras crianças originárias, onde seriam exibidas como exemplo da fauna para a corte do país. A narração desse rapto é baseada em relatos historiográficos sobre a expedição do zoólogo Johann Baptist von Spix e do botânico Carl Friedrich Martius, considerados dois dos mais “famosos e importantes viajantes que desembarcaram no Brasil [...] [cuja viagem] propiciou a mais completa exploração da fauna e da flora brasileira até os dias de hoje” (LIMA, 2019). Este artigo analisa como a obra subverte a narrativa de uma historiografia hegemônica, escrita na perspectiva dos sequestradores-cientistas, a partir da mobilização da inserção de cosmovisões de povos originários. Essas cosmovisões surgem, ao longo do romance, como “rasuras” na história, e permitem que a personagem de Iñe-e compreenda seu lugar em um mundo onde indígenas como ela foram massacrados e explorados no processo colonizatório. Esse encantamento também permite a outra personagem, Josefa, situada na atualidade, voltar a pensar em si e rever suas origens historicamente e discursivamente apagadas. A argumentação elabora as conclusões: 1) de que a história não é linear nem homogênea; 2) o Iluminismo promoveu um desencantamento do mundo, substituindo a imaginação pelo saber para justificar uma série de violências coloniais; 3) se a realidade é dependente da ação humana, ela é passível de intervenção para sua modificação.</p> Giana Antunes Bess Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-10-19 2024-10-19 43 e86746 e86746 10.5902/1679849X86746 [Retratação] - Olhando através do ideal americano: a política do humor violento em As aventuras de Huckleberry Finn. https://periodicos.ufsm.br/LA/article/view/88833 <p><em>Huckleberry Finn</em>&nbsp;é o auge do humor americano e o humor violento do romance critica os valores morais da sociedade americana. Apesar do riso estar presente na superfície, por trás da história há um humor amargo que ataca e rompe diferentes sistemas de valores. Além do humor extremamente violento, o grotesco se apresenta como uma das outras estratégias que auxiliam o humor no cumprimento de sua missão política. A estratégica colaboração do humor violento com o grotesco e a narração resulta na libertação de uma mentalidade estática por parte dos leitores.&nbsp;<em>Huck Finn</em>&nbsp;efetivamente revela o caráter espúrio do ideal americano, apesar de suas alegações de ser genuíno através da justaposição de personagens, mundos e vidas heterogêneos que revelam a crueza da vida cotidiana. Para este fim, as teorias do humor de estudiosos como Plaza, Walker, Cox e Camfield e as teorias da violência de Zizek, Schinkel e Galtung são utilizadas para esclarecer o mecanismo interconectado do humor, da violência e do grotesco em atacar os sistemas de valores pútridos. O humor violento alinhado com a focalização do romance através de Huck, um narrador ingênuo, destaca a disparidade entre o ideal americano e as realidades da vida que libertam os leitores de visões opiáceas da sociedade e lhes dão uma visão clara, livre de sistemas de valores tendenciosos.</p> Navid Etedali Copyright (c) 2024 Literatura e Autoritarismo https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0 2024-09-03 2024-09-03 43