O pessimismo e suas razões: Schopenhauer como estudo de caso e direcionamentos metodológicos
DOI :
https://doi.org/10.5902/2179378666000Mots-clés :
Pessimismo, Schopenhauer, Escola de Schopenhauer, Matias AiresRésumé
Nosso objetivo é tomar o pensamento de Schopenhauer como estudo de caso e ponto de partida para discutir em que medida o “pessimismo” pode ser fundamentado e reinterpretado segundo “razões objetivas”, conceitualmente filosóficas. Para intérpretes como Christopher Janaway e Frederick Beiser, a legitimidade filosófica do pessimismo schopenhaueriano, atribuído à tese de que a vida é um negócio que não cobre os custos do investimento, é garantida pelas implicações inferidas da metafísica da Vontade. Por outro lado, Kuno Fischer, acompanhado dentre outros por Bryan Magee, reinterpreta tal pessimismo a partir de “razões subjetivas”, pautadas em certas disposições de espírito ou preferências, como a relação conflituosa de Schopenhauer com sua mãe, por exemplo. A dificuldade em determinar mais precisamente a fundamentação do pessimismo de Schopenhauer redobra se considerarmos estudos que seguem uma tendência oposta e classificam esse autor como um “otimista”; Heinz Gerd Ingenkamp pode ser apontado como representante dessa vertente interpretativa. Se tal dificuldade se deve, como supomos a princípio, ao inevitável anacronismo que permeia a maior parte das discussões sobre o suposto pessimismo de Schopenhauer acerca do valor da existência, propomos minimizá-lo mediante um procedimento exegético que indicamos aqui ainda em linhas gerais.
Téléchargements
Références
AIRES, M. Reflexão sobre a vaidade dos homens. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
BEISER, F. C. Weltschmerz. Pessimism in German Philosophy, 1860-1900. New Tork: Oxford University Press, 2016.
COSSUTA, F. Elementos para a leitura dos textos filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
DEBONA, V. Pessimismo e eudemonologia: Schopenhauer entre pessimismo metafísico e pessimismo pragmático. Kriterion ‒ Publicação da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, Belo Horizonte, v. 57, n. 135, p. 781-802, set-dez. 2016.
DÖRPINGHAUS, A. Schopenhauers rhetorische Argumentation für den Pessimismus. Schopenhauer-Jahrbuch, Band. 80, p. 63-85, 1999.
FAZIO, D. A escola de Schopenhauer. In: CARVALHO, R.; COSTA, G.; MOTA, T. (orgs.). Nietsche-Schopenhauer. Metafísica e significação moral do mundo. Vol. II. Fortaleza: EdUECE, 2014. p. 11-36.
FELLDMANN, F. Warum sich in Schopenhauers schlechtester aller möglichen Welten gut leben lässt. Schopenhauer-Jahrbuch, Band. 93, p. 515-524, 2012.
GIMMEL, J. Metaphysische Erfahrung und Verzweiflung. Schopenhauer-Jahrbuch, Band. 92, p. 135-159, 2011.
GUÉROLT, M. Método em história da filosofia. Philosophica: Revista de Filosofia da História e Modernidade/Universidade Federal de Sergipe, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Filosofia da História e Modernidade, São Cristóvão, n. 6, p. 129-144, 2005.
INGENKAMP, H. G. Nicht-Sein oder Nicht-So-Sein? Eudaimonologie und Eschatologie bei Schopenhauer. Schopenhauer-Jahrbuch, Band. 93, p. 31-41, 2012.
INVERNIZZI, G. Grundlinien und Tendenzen der Schopenhauerschen Schule. In: CIRACI, F.; FAZIO, D.; KOßLER, M. (Hrsg.). Schopenhauer und die Schopenhauer-Schule. Beiträge zur Philosophie Schopenhauers. Band. 7. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2008. p. 149-167.
INVERNIZZI, G. Il pessimismo tedesco dell’ottocento. Schopenhauer, Hartmann, Bahnsen E Mainlander e i loro Avversari. Firenze: La Nuova Italia, 1994.
JANAWAY, C. Pessimismo de Schopenhauer. In: JANAWAY, C. (Org.). The Cambridge Companion to Schopenhauer. England: Cambridge University Press, 1999. p. 318- 343.
KOßLER, M. Uma metafísica originariamente ética: metafísica e significado moral na tese de Schopenhauer. In:
CARVALHO, R.; COSTA, G.; MOTA, T. (Orgs.). Nietsche-Schopenhauer. Metafísica e significação moral do mundo. Vol. I. Fortaleza: EdUECE, 2014. p. 11-28.
LIMA, A. A. Introdução. In: AIRES, M. Reflexão sobre a vaidade dos homens. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
MAGEE, B. The Philosophy of Schopenhauer. New York: Oxford University Press, 1997.
MARGUTTI, P. História da filosofia do Brasil. O período colonial (1500-1822). São Paulo: Loyola, 2013.
MORAES, D. O pessimismo moral schopenhaueriano: origem, significado e alcance. Ethic@: revista internacional de filosofia moral, Florianópolis, v. 16, n. 2, p. 347-374, nov. 2017.
PERELMAN, C.; OLBRECHTS-TYTECA, L. Tratado da argumentação: a nova retórica. 2. ed. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
ROSSET, C. Schopenhauer, philosophe de l’absurde. Paris: PUF, 1967.
SCHOPENHAUER, A. Die Welt als Wille und Vorstellung. Ersten Bandes. In: FRAUENSTAEDT, J. (Ed.). Sämtliche Werke. Leipzig: 1877, Brockhaus.
SCHOPENHAUER, A. Die Welt als Wille und Vorstellung. Zweiten Bandes. In: FRAUENSTAEDT, J. (Ed.). Sämtliche Werke. Leipzig: 1877, Brockhaus.
SCHOPENHAUER, A. O mundo como vontade e como representação, primeiro tomo. Tradução, apresentação, notas e índices de Jair Barboza. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2015.
SCHOPENHAUER, A. O mundo como vontade e como representação, segundo tomo: suplementos aos quatro livros do primeiro tomo. Tradução, apresentação, notas e índices de Jair Barboza. São Paulo: Editora Unesp, 2015.
SCHOPENHAUER, A. Sobre a vontade na natureza. Tradução, prefácio e notas de Gabriel Valladão Silva. Porto Alegre: L&PM, 2014.
SILVA, M. Schopenhauer e a prova analógica de que a vontade é a coisa em si: uma leitura da § 19 de O mundo como vontade e como representação do ponto de vista da retórica aristotélica. Prometheus - Journal of Philosophy, São Cristóvão, 13(35), p. 201-226, 2020.
STÄGLICH, H. Zur Geschichte des Begriffs Pessimismus. Schopenhauer-Jahrbuch, Bd. 34, p. 27-37, 1951/1952.
WENDEL, G. Schopenhauer als Optmist. Erstes Jahrbuch der Schopenhauer-Gesellschaft, p. 27-37, 1912.
Téléchargements
Publiée
Versions
- 2022-03-23 (2)
- 2021-12-28 (1)
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Voluntas: Revista Internacional de Filosofia 2021
Ce travail est disponible sous licence Creative Commons Attribution - Pas d’Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original.
A Voluntas é um periódico de acesso aberto sob a licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA 4.0).