SHAREHOLDER VALUE E RISCOS AO COMPLIANCE EMPRESARIAL: INFLUÊNCIAS DOS MODELOS DE GESTÃO NA ÉTICA CORPORATIVA
DOI:
https://doi.org/10.5902/1981369439638Palavras-chave:
shareholder value, governança corporativa, compliance, ilícitos corporativos, criminologia econômica.Resumo
Este artigo tem por objetivo estudar os impactos da adoção da teoria do shareholder value no compliance empresarial, sob o prisma da criminologia econômica. A pesquisa será feita pela revisão bibliográfica sobre o tema, com base no método dedutivo. O artigo busca a compressão de como os fatores culturais, sociais e psicológicos interferem no processo de decisão dos empresários e gestores de companhias que se engajam com a criminalidade corporativa. Abandona-se a explicação mais tradicional para o crime baseada no modelo racional de escolha, em que os agentes apenas operacionalizam o cálculo entre a estrutura de custos e incentivos e os ganhos advindos da conduta ilícita. Parte-se do pressuposto de que o interesse social molda a governança corporativa e o compliance, porque é a bússola para as decisões empresariais e formação da cultura. Conclui-se que a identificação do interesse social das companhias com a maximização dos lucros pode ser prejudicial do ponto de vista ético por contribuir para a irrelevância do interesse das partes relacionadas (stakeholders), dificultando a introdução de ponderações morais a serem refletidas na operacionalização dos programas de compliance.
Downloads
Referências
ANSA BRASIL. Ex-médico da Prevent Senior relata pressão para prescrever “kit Covid”. InfoMoney, 08 out. 2021. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/politica/ex-medico-da-prevent-senior-relata-pressao-para-prescrever-kit-covid/. Acesso em: 09 out. 2021.
ARANHA, Márcio Iorio. Compliance, governança e regulação. In: CUEVA, Ricardo Villas Bôas Cueva; FRAZÃO, Ana (Coord.). Compliance: perspectivas e desafios dos programas de conformidade. Belo Horizonte: Fórum, 2018.
ARIELY, Dan. Previsivelmente irracional: as forças ocultas que formam as nossas decisões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
BAINBRIDGE, Stephen. Corporate governance after the financial crisis. Nova Iorque: Oxford University Press, 2012. E-book Kindle.
BARAK, Gregg. The crimes of the powerful and the globalization of crime. Revista Brasileira de Direito, v. 11, n. 2, p. 104-114, jul./dez. 2015. Disponível em: https://seer.imed.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/931. Acesso em: 24 abr. 2018.
BECKER, Gary. S. Crime and punishment: an economic approach. Journal of Political Economy, v. 76, n. 2, p. 169-217, 1968.
BENTHAM, Jeremy. An introduction to the principles of morals and legislation. Nova Iorque: Dover Publications, 2000, p. 14.
BERLE, Adolf Augustus. Corporate powers as powers in trust. Harvard Law Review, v. 44, n. 7, p. 1049-1074, 1931.
BERLE, Adolf Augustus. The 20th century capitalist revolution. Nova Iorque: Hartcourt, Brace, 1954.
BLAIR, Margaret M. Shareholder Value, Corporate Governance and Corporate Performance: A Post-Enron Reassessment of the Conventional Wisdom. Corporate governance and capital flows in a global economy, Oxford University Press, 2003. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=334240 Acesso em: 20 ago. 2019.
BLAIR, Margaret M. Ownership and control. Washington, DC: Brookings Institute, 1995.
BRAITHWAITE, John. Criminological theory and organizational crime. Justice Quarterly, v. 6, n. 3, p. 333-358, 1989.
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm Acesso em: 20 ago. 2019.
BRASIL. Instrução CVM nº 586, de 8 de junho de 2017. Altera e acrescenta dispositivos à Instrução CVM nº 480, de 7 de dezembro de 2009. Comissão de Valores Mobiliários, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: http://www.cvm.gov.br/export/sites/cvm/legislacao/instrucoes/anexos/500/inst586.pdf. Acesso em: 9 jul. 2019.
BRATTON, William W. Enron and the dark side of shareholder value. Tulane Law Review, v. 76, n. 5/6, maio 2002. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=301475. Acesso em: 27 abr. 2019.
CLINARD, M. B.; YEAGER, P. C. Corporate crime. Nova Iorque: Routledge, 2017.
COGLIANESE, Cary. The case against collaborative environmental law. University of Pennsylvania Law Review, n. 156, p. 295-310, 2007.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Prevent Senior tem produto escasso e vive grave crise. CNF, 27 set. 2021. Disponível em: https://cnf.org.br/prevent-senior-tem-produto-escasso-e-vive-grave-crise/. Acesso em: 08 out. 2021.
DOBBIN, Frank. The new economic sociology. Princeton: Princeton University Press, 2004.
DODD, Merrick Jr. Corporate powers as powers in trust. Harvard Law Review, v. 45, n. 7, p. 1145-1163, 1932.
FLIGSTEIN, Neil. The architecture of markets: an economic sociology of twenty-first century capitalist societies. Princeton: Princeton University Press, 2001.
FRAZÃO, Ana. Direito antitruste e direito anticorrupção: pontes para um necessário diálogo. In: FRAZÃO, Ana (org.). Constituição, Empresa e Mercado. Brasília: FD/UnB, 2017.
FRAZÃO, Ana. Função social da empresa: repercussões sobre a responsabilidade civil de controladores e administradores de S/As. Rio de Janeiro: Renovar, 2011.
FRAZÃO, Ana. Programas de compliance e critérios de responsabilização de pessoas jurídicas. In: ROSSETI, Maristela Abla; PITTA, Andre Grunspun. Governança corporativa: avanços e retrocessos. São Paulo: Quartier Latin, 2017. p. 23-56.
FRAZÃO, Ana. Qual deve ser o interesse social das companhias? Reflexões sobre a insuficiência da teoria da maximização do valor das ações especialmente no direito brasileiro. Jota, 27 mar. 2019. Disponível em: https://www.jota.info/paywall?redirect_to=//www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/constituicao-empresa-e-mercado/qual-deve-ser-o-interesse-social-das-companhias-27032019. Acesso em: 9 jul. 2019.
FRAZÃO, Ana. Relações entre corrupção e teorias que orientam gestão das companhias. Consultor Jurídico, 13 jul. 2017. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-jul-13/ana-frazao-relacoes-entre-corrupcao-gestao-companhias. Acesso em: 9 jul. 2019.
FRAZÃO, Ana. Responsabilidade de pessoas jurídicas por atos de corrupção: reflexão sobre os critérios de imputação. In: FRONTINI, Cristiana (org.). Corrupção e seus múltiplos enfoques jurídicos. Belo Horizonte: Fórum, 2018. pp. 35-56.
FRIEDMAN, Milton. The Social Responsibility of business is to increase its profits. The New York Times, Nova Iorque, 13 set. 1970. Disponível em: https://graphics8.nytimes.com/packages/pdf/business/miltonfriedman1970.pdf. Acesso em: 24 abr. 2019.
GRAHAM, John; HARVEY, Cam; RJAGOPAL, Shiva. The economic implications of corporate financial reporting. Journal of Accounting and Economics, v. 40, n. 1/3, p. 3-73, dez. 2005. Disponível em: https://faculty.fuqua.duke.edu/~charvey/Research/Working_Papers/W73_The_economic_implications.pdf. Acesso em: 3 abr. 2019.
GRANOVETTER, Mark; SWEDBERG, Richard. The sociology of economic life. Boulder: Westview Press, 2011.
GRIFFITH, Sean J. Corporate governance in an era of compliance. William & Mary Law Review, v. 57, n. 6, 2016. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=2766661. Acesso em: 25 abr. 2019.
GUERRA, Sandra. A caixa-preta da governança. Rio de Janeiro: Best Business, 2017.
HANSMANN, Henry; KRAAKMAN, Reinier. The end of history for corporate law. Georgetown Law Review. v. 89, n. 2, p. 439-468, jan. 2001. Disponível em: http://www.law.harvard.edu/programs/olin_center/papers/pdf/280.pdf. Acesso em: 20 ago. 2019.
HART, Oliver; ZINGALES, Luigi. Companies should maximize shareholder welfare not market value. Journal of Law, Finance, and Accounting, v. 2, n.2, p. 247-274, jul. 2017. Disponível em: https://scholar.harvard.edu/files/hart/files/should_.july16_2.03.16_pm_2.04.33_pm.pdf. Acesso em: 9 jul. 2019.
JESEN, Michel; MECKLING, William. Theory of the firm: managerial behavior agency costs and ownerships structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, out. 1976.
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
KNACK, Stephen. Trust, associational life, and economic performance. In: HELLIWELL, John (ed.). The Contribution of Human and Social Capital to Sustained Economic Growth and Well-Being. MPRA Paper nº 27247, 06 dez. 2010. Munique: University Library of Munich, 2001. Disponível em: https://mpra.ub.uni-muenchen.de/27247/. Acesso em: 22 abr. 2019.
KPMG. Pesquisa Maturidade do Compliance no Brasil. 3. ed. KPMG, 2018. Disponível em: https://home.kpmg/br/pt/home/insights/2018/06/pesquisa-maturidade-do-compliance-no-brasil-3a-edicao.html. Acesso em: 27 abr. 2018.
LACERDA, Natalia de Melo. A emergência dos programas públicos de integridade como instrumento de prevenção de cartéis em licitação. Revista de Informação Legislativa - RIL, Brasília, DF, v. 56, n. 221, p. 111-130, jan./mar. 2019. Disponível em: http://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/56/221/ril_v56_n221_p111. Acesso em: 10 jul. 2019.
LACERDA, Natalia de Melo. Compliance empresarial e interesse social: uma análise crítica da influência da teoria do shareholder value na conformidade empresarial a partir da criminologia econômica. 2020. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
LEVITT, Arthur. The “numbers game” speech. Securities and Exchange Commission, Nova Iorque, NYU Center for Law and Business, 28 set. 1998. Disponível em: http://www.sec.gov/news/speech/speecharchive/1998/spch220.txt. Acesso em: 30 mar. 2019.
MENDES, Franciso Schertel; CARVALHO, Vinícius M. de. Compliance, concorrência e combate à corrupção. São Paulo: Trevisan, 2017. E-book.
MERTON, Robert K. Estrutura social e anomia. In: MERTON, Robert K. Sociologia: teoria e estrutura. Rio de Janeiro: Mestre, 1970.
NIETO MARTÍN, Adán. Introducción al derecho penal económico y de la empresa. In: BARRANCO, Norberto J. de la Mata et al. Derecho penal económico y de la empresa. Madri: Dykinson, 2018.
OLIVEIRA, Ana Perestrelo de. Manual de governo das sociedades. Coimbra: Almedina, 2018.
POSNER, Richard. A. Bentham’s influence on the law and economics movement. Current Legal Problems, v. 51, p. 425-439, 1998.
RISK AND FINANCIAL ADVISORY DELOITTE. In focus: 2016 compliance trends survey. Compliance Week, 2016. Disponível em: https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/us/Documents/governance-risk-compliance/us-advisory-compliance-week-survey.pdf. Acesso em: 27 abr. 2019.
ROSSETTI, José Paschoal; ANDRADE, Adriana. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. E-book.
ROTMAN, Leonard I. Debunking the 'end of history' thesis for corporate law. Boston College International and Comparative Law Review, v. 33, n. 2, p. 219, 2010. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=1517846. Acesso em: 27 abr. 2019.
SAAD-DINIZ, Eduardo. A criminalidade empresarial e a cultura de compliance. Revista Eletrônica de Direito Penal AIDP-GB, v. 2, n. 2, dez. 2014. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/redpenal/article/view/14317 . Acesso em: 23 abr. 2018.
SAAD-DINIZ, Eduardo. Compliance sob a perspectiva da criminologia econômica. Compliance: perspectivas e desafios dos programas de conformidade. Belo Horizonte: Fórum, 2018.
SALOMÃO FILHO, Calixto. O Novo Direito Societário. São Paulo: Malheiros, 2011.
SILVEIRA, Daniel. Prevent Senior: a empresa pivô de um dos maiores escândalos médicos da história do Brasil. G1, Brasília, 28 set. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/09/28/prevent-senior-a-empresa-pivo-de-um-dos-maiores-escandalos-medicos-na-historia-do-brasil.ghtml. Acesso em: 09 out. 2021.
SOLTES, Eugene. Why they do it: inside the mind of the white-collar criminal. Nova Iorque: Public Affairs, 2016. E-book Kindle.
STEINBERG, Richard M. Governance, risk management and compliance: it can´t happen to us. Nova Jersey: John Wiley & Sons, Inc. Hoboken, 2011. E-book Kindle.
STIGLITZ, Joseph E. Rewriting the rules of the American Economy: an agenda for growth and shared prosperity. Nova Iorque: W. W. Norton, 2015
STOUT, Lynn. The shareholder value myth. São Francisco: Berrett-Koehler Publishers, 2012. E-book Kindle.
SUTHERLAND, Edwin H. A criminalidade de colarinho branco. Revista Eletrônica de Direito Penal e Política Criminal, v. 2, n. 2, fev. 2015. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/redppc/article/view/56251. Acesso em: 23 abr. 2019.
SYKES, Gresham M.; MATZA, David. Techniques of neutralization: a theory of delinquency. American Sociological Review, v. 22, n. 6, p. 664-670, dez. 1957.
THALER, Richard H.; SUNSTEIN, Cass H. Nudge: o empurrão para a escolha certa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
TURBULL, Shann. Corporate governance: its scope, concerns and theories. Corporate Governance: An International Review, v. 5, 1997.
WOODWISS, Michael. Organized Crime and American Power: a history. Toronto: University of Toronto, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.