Arte e estética da existência: algumas considerações para a docência

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DOI:

https://doi.org/10.5902/1983734887995

Palavras-chave:

Arte, Estética da existência, Michel Foucault, Docência, Estética da docência

Resumo

Durante o seu último curso A coragem da verdade (1984), Michel Foucault analisa o franco falar (parresía) que, na vida dos cínicos na Antiguidade Clássica, adquire sua melhor representação - a vida verdadeira.  Foucault aponta para a emergência da "vida de artista" localizada no século XIX, como um dos possíveis ecos da verdade entendida como vida – bíos como aleturgia – na arte e sua manifestação como uma estética da existência. Como é sabido, o cinismo interessou Foucault, por um lado, por ter sido marginalizado na história da filosofia antiga, e por outro, pela escassez de textos atribuídos a ele e, ainda, por se tratar de um modo de vida que não distingue ação e pensamento. O cinismo aqui é tomado como uma aleturgia, em outras palavras, um imbricamento direto entre fala franca e modo de vida, aproximando arte e vida, para ir ao encontro da noção de estética da existência, desenvolvida por Foucault nos seus últimos textos. Ao fim e ao cabo, o que a manifestação da verdade e de uma vida como obra de arte podem interessar à docência? Seria possível pensarmos uma ‘estética da docência’ baseada na vida como obra de arte, tal como propõe Foucault?

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Biografia do Autor

Kelly Sabino, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte da Faculdade de Educação da Unicamp.

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Publicado

2024-10-03

Como Citar

Sabino, K. (2024). Arte e estética da existência: algumas considerações para a docência. Revista Digital Do LAV, 17(1), e29/1–19. https://doi.org/10.5902/1983734887995