A dicotomia entre as exigências do mercado e a política reparadora do Proeja

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644448493

Palavras-chave:

Proeja. Reestruturação produtiva. Precarização do trabalho.

Resumo

O artigo propõe um debate crítico sobre a formação discursiva do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos (Proeja), apontando a dicotomia existente entre o discurso da política reparadora e a pressão por formação para atender aos interesses do mercado. O objetivo do artigo é mostrar que, em tempos de contrarreforma, a síntese entre a política reparadora e a supervalorização da formação para o mercado revela aspectos do processo de mercantilização da educação e a relação com a precarização do trabalho, conforme a reestruturação produtiva capitalista, em face dos avanços tecnológicos. A análise do problema se fundamenta nas concepções teórico-metodológicas do sociólogo Robert Castel, sobre as zonas de integração, vulnerabilidade, desfiliação e assistência, que permitem extrair evidências de integração precária (vulnerabilidade) ou mesmo completa exclusão do trabalhador do mercado de trabalho, devido ao fim do pleno emprego.

Biografia do Autor

Paulo Sérgio Gomes Soares, Universidade Federal do Tocantins

Doutor. Professor na Universidade Federal do Tocantins, Campus de Palmas. Tocantins. Brasil.

Sônia Eduardo de Morais, Instituto Federal do Tocantins

Mestra. Professora no Instituto Federal do Tocantins, Campus de Araguaína. Tocantins. Brasil.

Janderson Henrique Mota de Sousa, Instituto Federal do Tocantins

Mestre. Professor no Instituto Federal do Tocantins, Campus de Araguaína. Tocantins. Brasil.

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Publicado

2022-05-31

Como Citar

Soares, P. S. G., Morais, S. E. de, & Sousa, J. H. M. de. (2022). A dicotomia entre as exigências do mercado e a política reparadora do Proeja. Educação, 47(1), e45/ 1–26. https://doi.org/10.5902/1984644448493