Terreiros da reparação: confluências entre as epistemologias de terreiros e a abordagem feminista negra
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644487421Palavras-chave:
Epistemologias de terreiro, Feminismos, Mulheres quilombolas, UmbandaResumo
Nos últimos anos, o feminismo negro tem ampliado o seu alcance no debate público, tornando-se uma abordagem incontornável para superação das desigualdades no país. Essa expressividade tem favorecido o adensamento de pesquisas sobre suas bases epistemológicas, o que indica a necessidade de percorrermos os fundamentos teóricos dessa tradição. Nesse percurso, observa-se que uma das singularidades das produções feministas negras brasileiras diz respeito à influência das epistemologias de terreiro, especialmente por conta do protagonismo das mulheres negras como sacerdotisas das religiões de matriz africana. Nesse sentido, este artigo pergunta sobre as confluências entre o fazer das religiões de matriz africana e a criação intelectual de mulheres negras no Brasil. Para tanto, esse trabalho percorre a trajetória de Terezinha Fernandes Azedias (1945-2022), liderança e mãe de santo do terreiro da umbanda do Quilombo de São José da Serra, situado em Valença (RJ), a fim de abordar a experiência, conforme bell hooks (2003), como um espaço privilegiado de criação teórica. Em termos metodológicos, significa dizer que não há separação entre o pensar, sentir e o fazer, o que é materializado por meio de uma narrativa que mescla dimensões afetivas, subjetivas e históricas.
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