Infâncias e juventudes algoritmizadas no contexto da pandemia de coronavírus

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644485039

Palavras-chave:

Infância, Pandemia, Algoritmo

Resumo

Este artigo busca analisar as infâncias e juventudes na contemporaneidade a partir da noção de governamentalidade democrática e do que aqui chamamos de infâncias e juventudes algoritmizadas – estas, a princípio, identificadas na Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, enclausuradas em suas casas ao longo do período pandêmico. Parte-se das análises de Michel Foucault sobre governo das populações como efeito e maquinaria do biopoder capaz de produzir comportamentos e subjetividades. Considerando isso, analisa-se como as legislações brasileiras consolidaram a noção de infância e juventude como “etapa em desenvolvimento da cidadania recém-conquistada” desde a Constituição Federal de 1988. Problematiza-se a subjetivação produzida durante a pandemia do novo coronavírus, com seus consequentes distanciamentos sociais e a necessidade de promovera educação e a socialização em tela, além dos possíveis desdobramentos causados pela situação. Esta análise derivadas provocações vivenciadas durante o período pandêmico e de como as infâncias e juventudes, apartadas dos relacionamentos interpessoais presenciais, se desdobraram em infâncias e juventudes outras. Assim, conclui-se que as infâncias e juventudes alfabetizadas, escolarizadas e socializadas em tela são infâncias e juventudes algoritmizadas.

Biografia do Autor

Tassio Acosta, Instituto Federal de São Paulo

Professor na Universidade Santa Cecília, Santos, São Paulo, Brasil.

 

Silvio Gallo, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Professor Titular na Universidade Estadual de Campinas. Campinas, São Paulo, Brasil.

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Publicado

2024-05-13

Como Citar

Acosta, T., & Gallo, S. (2024). Infâncias e juventudes algoritmizadas no contexto da pandemia de coronavírus. Educação, 49(1), e79/1–28. https://doi.org/10.5902/1984644485039