Sobre os espaços-tempos de brincar na escola: o que nos comunicam os brincantes?
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644469594Palavras-chave:
Brincar, Espaço-tempo, EscolaResumo
A presente pesquisa traz um recorte de um estudo mais amplo sobre as brincadeiras infantis nos tempos-espaços do ambiente escolar. Esse delineamento, que teve seu apoio no pressuposto de que as brincadeiras infantis são atividades que dizem muito da vida das crianças em seus espaços vivenciais, objetivou compreender como as crianças agem no contexto escolar em relação aos espaços-tempos das atividades brincantes, as expressões culturais relacionadas às brincadeiras, além de analisar aspectos institucionalizados que se entremeiam a esse processo. De viés qualitativo, com a adoção de procedimentos e levantamentos de questões inspiradas na etnografia, empreenderam-se, além da pesquisa em campo, revisão de literatura e discussão dos principais conceitos teóricos aplicados. A base teórica foi ancorada nos postulados dos Estudos Sociais da Infância, buscando dialogar com a Geografia e Sociologia das Infâncias, tendo as análises sido construídas com a contribuição de diferentes campos do conhecimento e da teoria histórico-cultural. Os achados indicam que, por meio das brincadeiras, além do enraizamento na cultura infantil, as crianças convertem espaços em lugares, empregando-lhes suas vivências e experiências, transformando-os de acordo com as suas necessidades brincantes que, por vezes, estão em desacordo com as lógicas adultas estabelecidas.
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