Mulheres na Educação Profissional e Tecnológica: violências de gênero e suas (re)configurações em uma racionalidade neoliberal associada ao conservadorismo fascista
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984644468759Palavras-chave:
Educação Profissional e Tecnológica, Violência de Gênero, NeoliberalismoResumo
Este estudo é fruto de investigação cuja problemática incide em analisar relações de gênero no Instituto Federal Sul-rio-grandense - IFSul, buscando fomentar formas de atuação perante as desigualdades e violências contra alunas e servidoras do Campus Sapucaia do Sul. Neste estudo, assumimos como escopo de análise a violência contra mulheres em um contexto social de racionalidade neoliberal democrática associada a uma forma fascista, problematizando o papel da escola, em especial dos Institutos Federais. A pesquisa ancora-se às interlocuções dos referenciais teóricos sobre gênero e violência (LOURO (2008, 2012 e 2014), LINS (2016), BARROSO, GAMA (2020), ANTUNES (1999), DIAS (2008)) e a configuração social atual (LOCKMANN (2020) e BROWN (2020). São apresentados dois eixos analíticos: o primeiro analisa narrativa publicada em rede social institucional entendendo que se trata da materialização de discursos e práticas machistas e misóginas que parecem se (re)configurar na atualidade; o segundo analisa como estes discursos e práticas dissipados no tecido social se materializam em diferentes formas de violência contra mulheres no Campus Sapucaia do Sul do IFSul. Através de observação participante, análise documental e entrevistas, a pesquisa permite inferir que as relações desiguais de poder estão presentes nos mais diversos espaços e contextos da Instituição, e materializam-se em forma de assédios, constrangimentos, desqualificação intelectual e não legitimação das lideranças femininas, além de revitimização através da atuação institucional. A pesquisa também evidenciou a urgência na implementação de uma política institucional ampla, efetiva e de longo prazo, que oriente a conduta em situações de violência de gênero.
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