Notas para uma pedagogia oswaldiana: filosofia e antropofagia
DOI:
https://doi.org/10.5902/2448065720901Parole chiave:
Antropofagia, Ensino de Filosofia, Filosofia BrasileiraAbstract
O presente artigo pretende esboçar, em linhas gerais, uma prática filosófica no ensino médio que tente pensar a filosofia a partir da sua realidade irredutível, o contexto social brasileiro. A justificativa para tal abordagem parte da obra de Oswald de Andrade como precursor daquilo que no título denominamos uma prática filosófica antropofágica. Nossa abordagem tenta pensar o ensino de filosofia no Brasil no que teríamos de mais característico a oferecer, isto é, não mais a mera reprodução dos cânones do pensamento ocidental, mas sim, uma apropriação legitimamente latino-americana, emancipatória e insurgente, na medida em que busca fornecer ao aluno um potencial para apropriar-se e desapropriar-se de tais conteúdos, na medida em que lhes aprouver. A proposta de pensar o ensino de filosofia por vias não tradicionais, está diretamente ligada à obra de Oswald de Andrade, em particular os dois Manifestos dos anos 20; a partir das ideias de uma Antropofagia, visamos elucidar a necessidade de um pensamento e uma prática filosófica não debitária e meramente reprodutiva do modo de pensar ocidental tradicional. Esse trabalho, além do esforço empregado para pensar contra a corrente é também algo de contraditório: ao mesmo tempo em que critica as normas e regras de escrita, se submete às mesmas; critica e subverte sem deixar os padrões, em suma, mantém-se amarrado pela própria forma de fazer filosofia no Brasil. Mas, desgostos e formalidades à parte, tentaremos colocá-lo, ainda que a contragosto, dentro dos padrões e do lugar do pensamento sobre o ensino de filosofia no Brasil.Downloads
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