Afeto pós-humano na ficção científica de Margaret Atwood Oryx & Crake

Autores

  • Davi Silva Gonçalves Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, PR
  • Luciana Wrege Rassier Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

DOI:

https://doi.org/10.5902/2176148529424

Palavras-chave:

Distopia, Pós-humanismo, Estudos Canadenses, Oryx & Crake

Resumo

Este artigo analisa o romance de Atwood Oryx & Crake (2003) para identificar se e de que forma seu desenvolvimento integra a crítica sobre o afeto no pós-humanismo. Assim, discutimos como a narrativa faz uso de artefatos distópicos da sociedade do século XXI para elaborar acerca da questão da conexão entre o humano e a máquina, bem como a falta de afeto resultante dela. O que a narrativa nos diz a respeito da influência da sociedade pós-humana na nossa relação afetiva com o meio ambiente, com a máquina e entre nós como sujeitos pós-humanos? É importante dizer que olhamos para o pós-humanismo de duas formas: como o momento de descreditar a ingenuidade humanista, bem como a sociedade fabricada no qual o humano e o pós-humano se veem irreversivelmente interligados. A discussão proposta, portanto, nos lembra da pertinência da distopia como um espelho da sociedade de onde ela emerge – especialmente no que concerne à novas perspectivas críticas fornecidas pela distopia pós-humana. A crítica frutífera articulada pelo mundo afetivo dos personagens de Oryx & Crake (2003) acerca do futuro pós-humano, onde tudo parece dar errado, é uma resposta à ideia questionável de que as distopias não teriam pertinência em um mundo que se vê supostamente isento da possibilidade de um regime político absolutista global.

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Biografia do Autor

Davi Silva Gonçalves, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava, PR

Possui licenciatura em Letras Inglês e Literaturas Correspondentes pela Universidade Estadual de Maringá (2010); bacharelado em Tradução em Língua Inglesa pela mesma instituição (2011); mestrado (com bolsa CAPES) em Estudos Linguísticos e Literários em Língua Inglesa pela Universidade Federal de Santa Catarina (PPGI/2014); e doutorado (também com bolsa CAPES) na área de Teoria, Crítica e História da Tradução na mesma instituição (PGET/2017). Atualmente, é Professor de Literaturas de Língua Inglesa no Departamento de Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO-PR). Seus principais interesses estão voltados para os seguintes temas: Tradução Literária, Literatura e História, Metaliteratura, Literatura e Resistência, Ecocrítica, Teopoética, Literatura e Música, Literatura Distópica, O Riso na Literatura e Literatura Comparada.

Luciana Wrege Rassier, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC

Possui graduação em Licenciatura Plena em Letras: português/francês pela Universidade Federal de Pelotas (1992), mestrado em Diplôme d’Études Approfondies em estudos literários luso-brasileiros - Université Montpellier III (1995) e doutorado estudos literários luso-brasileiros: Literatura Brasileira - Université Montpellier III, em regime de co-tutela com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 2002). Lecionou no departamento de Língua e Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade Paul-Valéry (Montpellier III) de 1994 a 2003. De 2003 a 2010, lecionou como professora adjunta no departamento de Línguas Estrangeiras da Universidade de La Rochelle. Atualmente, é docente-pesquisadora no Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras da Universidade Federal de Santa Catarina, atuando principalmente nos seguintes temas: identidades e alteridades, americanidade, tradução, estudos culturais, literatura e cinema. Editora-chefe da revista Interfaces Brasil/Canadá (Qualis A1 - fasc.18 - junho 2014). É membro do Grupo de Pesquisa Questões de Hibridação nas Américas (CNPq) e do Grupo de Pesquisa Literatura Comparada e Tradução (CNPq). Orientadora de Mestrado e de Doutorado. Pós-Doutorado em Literatura e Memória em Contextos Multi e Transculturais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2015). Pós-Doutorado em Literatura Comparada e Tradução, Université de Rennes 2, França (2015-2016).

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Publicado

2018-11-28 — Atualizado em 2023-05-16

Versões

Como Citar

Gonçalves, D. S., & Rassier, L. W. (2023). Afeto pós-humano na ficção científica de Margaret Atwood Oryx & Crake. Letras, (57), 173–204. https://doi.org/10.5902/2176148529424 (Original work published 28º de novembro de 2018)