Incidências da morte no cancioneiro oral infantil português
DOI:
https://doi.org/10.5902/2176148529406Palavras-chave:
Morte, Cancioneiro oral infantil, PortugalResumo
No mundo ocidental, são muitas as vozes que nos vão lembrando, de tempos a tempos, que já não sabemos construir-nos vivendo e encarando a morte com frontalidade e dignidade. Assumiu-se que falar da morte é produzir uma dor ou um mal-estar que colidem com os valores da nossa sociedade, cada vez mais voltada para o culto da beleza e da eterna juventude. Até sensivelmente às décadas de 70 ou 80 do século passado, a sociedade portuguesa, sobretudo a mais rural, não escondia dos mais novos as doenças, o envelhecimento e a morte dos entes queridos. Hoje estes são temas praticamente proibidos e por isso muitas crianças são educadas sem o conhecimento da morte. Partindo destes pressupostos, abordaremos nesta comunicação a questão da morte na poesia oral e tradicional infantil portuguesa moderna e contemporânea. Veremos, em particular, se a morte aparece mais como personagem ou mais como acontecimento, reflectiremos sobre os seus tipos e as suas incidências semânticas, simbólicas e pragmáticas, e discutiremos se vale a pena trazer estes textos para o contexto educativo.Downloads
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