Estudos fronteiriços e Teorias das Relações Internacionais: uma estruturação emancipatória

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2357797574635

Palavras-chave:

Fronteiras, Teorias das Relações Internacionais, Estudos fronteiriços, Teoria Crítica, Emancipação

Resumo

Ao longo da história das Relações Internacionais, as fronteiras foram marginalizadas, tanto sobre sua importância prática quanto – e com maior intensidade – teórica. Por um lado, corriqueiramente a concepção de fronteiras fora subjacente a outros conceitos, tais como o de soberania, território, segurança, guerra, paz, por exemplo. Por outro, frequentemente ponderada como fonte de conflitualidade, ou meramente como limite territorial. Assim, não é surpresa que esta condição de marginalização (visão tradicional) formaram uma interpretação hegemônica das fronteiras até o final da guerra fria. Contudo, com o fim do conflito bipolar e o boom da integração regional, a instrumentalização das fronteiras passou a incorporar contornos mais dinâmicos, complexos e multidimensionais. Deste modo, o presente artigo visa apresentar a seguinte pergunta de partida: quais seriam as possíveis contribuições de uma visão [teoria] crítica para o campo dos estudos fronteiriços? Argumenta-se que o entendimento teórico, conceitual das fronteiras deve ser redirecionado para o cerne das discussões em teorias das relações internacionais, através da emancipação de sua acepção tradicional. Passando, portanto, de conceito subjacente, ao central. Na prática tal re-conceptualização implica num redirecionamento das políticas (tanto estatais quanto internacionais) alusivas as regiões fronteiriças.

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Biografia do Autor

Fernando José Ludwig, Federal University of Tocantins

Relações Internacionais

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Publicado

2023-07-28

Como Citar

Ludwig, F. J. (2023). Estudos fronteiriços e Teorias das Relações Internacionais: uma estruturação emancipatória. Revista InterAção, 14(3), e74635. https://doi.org/10.5902/2357797574635