Conhecimentos local e científico sobre solos: o caso dos agricultores familiares de Antonina e Morretes-PR.
DOI:
https://doi.org/10.5902/2318179635432Palavras-chave:
atributos diagnósticos, classificação de solos, etnopedologia, litoral do Paraná, percepção de agricultores.Resumo
O estudo tem por objetivo aproximar o conhecimento sobre solos de agricultores e cientistas através da correspondência de classes etnopedológicas e científicas. Foram entrevistadas vinte famílias de agricultores de Antonina e Morretes (PR) através da metodologia de diagnóstico participativo. As classes de solos identificadas foram ordenadas conforme as técnicas científicas formais. Foram abertos dois perfis complementares para cada classe etnopedológica para averiguar as correspondências entre as classes de terras nos municípios pesquisados. Para a classificação cientifica utilizou-se o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Obteve-se como resultados a classe etnopedológica “Terra de Morro” que correspondeu às classes de solos CAMBISSOLO HÚMICO Distrófico típico e ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico, a terra “Sabão de Caboclo” correspondeu a GLEISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico e GLEISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, a “Terra Argilosa” correspondeu a CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico típico e CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico típico, e a “Terra de Desmonte” correspondeu a CAMBISSOLO FLÚVICO Ta Distrófico típico e NEOSSOLO FLÚVICO Ta Eutrófico típico. Os sistemas de classificação de agricultores é voltando ás necessidades produtivas agrícolas, artesanais ou para construção de moradias, já o sistema de classificação de cientistas do solo o SiBCS aplicado tem objetivo geral e empregos em diversas áreas.
Downloads
Referências
ALI, A.M.S. Farmers’ knowledge of soils and the sustainability of agriculture in a saline water ecosystem in Southwestern Bangladesh. Geoderma, v.111, p.333-353, 2003.
ALIER, J.M. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais a linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2014.
ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. São Paulo: Expressão Popular, 2012.
ALVES, A.G.C.; MARQUES J.G.W.; QUEIROZ S.B.; SILVA, I.F.; RIBEIRO M.R. Caracterização etnopedológica de Planossolos utilizados em cerâmica artesanal no agreste paraibano. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.29, p. 379-388, 2005.
ALVES, A.G.C; RIBEIRO, M.R.; ANJOS L.H.C.; CORREIA, J.R. Por que estudar os nomes dados aos solos pelos camponeses? 2006. 56 p. (Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo 31).
ANJOS, L.H.C; JACOMINE, P.K; SANTOS, H.G.; OLIVEIRA, V.A.; OLIVEIRA, J.B. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. In: KER, J.C.; CURI, N.; SCHAEFER, C.E.G.R.; VIDAL-TORRADO, P. (Eds.). Pedologia: fundamentos. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2012.
ARAÚJO, A.L.; ALVES, A.G.C.; ROMERO, R.E.; FERREIRA, T.O. Etnopedologia: uma abordagem das etnociências sobre as relações entre as sociedades e os solos. Ciência Rural. v.43, n.5, p.854-860, 2013.
BARRERA-BASSOLS, N. Etnoedafología Purépecha: conocimiento y uso de los suelos en la cuenca de Pátzcuaro. México Indígena, v.24, p.47-52, 1988.
NETO; MARQUES; NASCIMENTO; BARROS; VODZIK; MENEZES; LIMA. Entre “solos” e “terras”: Etnopedologia, assentamentos rurais e processos participativos. Sociedade & Natureza. v.3. p. 1-1. 2019.
BENASSI, D.A.; SANTOS, J.A.B.; GIAROLA, N.F.B. Conhecimentos etnopedológicos dos agricultores do centro-sul do Paraná. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 4, n. 2, p. 1862-1865, 2009.
MYERS, G. Análise da conversação e da fala. In: BAUER, M.W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. um manual prático. Petrópolis, Vozes, 2002. p. 270-278.
BHERING, S.B.; SANTOS, H.G. (Eds.). Mapa de solos do estado do Paraná: legenda atualizada. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2008.
BLAIKIE, N.W.H. Designing social research: the logic of anticipation. London: Polity Press, 2002.
BRAIMOH, A.K. Integrating indigenous knowledge and soil science to develop a national soil classification system for Nigeria. Agriculture and Human Values, v.19, p 75–80, 2002.
BRIGGS, J.; PULFORD, I.D.; BADRI, M.; SHAHEEN, A.S. Indigenous and scientific knowledge: the choice and management of cultivation sites by bedouin in Upper Egypt. Soil Use and Management, v. 14, n. 4, p. 240-245, 1998.
CARVALHO, J.W.C. Diálogos entre agroecologia e etnopedologia: sítio Tapera, município de Upanema/RN. 2016. 78f. (Doutorado em manejo de solo e água) – Programa de Pós Graduação em Extensão Rural, Universidade Federal do Semiárido.
DAHMER, G. W. Diálogo de saberes etnopedológicos multiculturais entre agricultores tradicionais do Vale do Ribeira - Adrianópolis/PR / Gilson Walmor Dahmer. – Curitiba. 2018. 110 p. (Doutorado em Agronomia) – Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo. Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná. Brasil.
DAWOE, E.K.; QUASHIE-SAM J.; ISAAC, M.E.; OPPONG, S.K. Exploring farmers’ local knowledge and perceptions of soil fertility and management in the Ashanti Region of Ghana. Geoderma, v.179, p. 96-103, 2012.
EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília; Rio de Janeiro, Embrapa Solos, 2006.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, 2011.
ERICKSEN, P.J.; ARDÓN, M. Similarities and differences between farmer and scientist views on soil quality issues in central Honduras. Geoderma, v.111, p. 233-248, 2003.
FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
GEILFUS, F. 80 herramientas para el desarrollo participativo: diagnóstico, planificación, monitoreo, evaluación. San José: Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura, 2002.
GOMES J.C.C. As bases epistemológicas da Agroecologia. In. CAPORAL, F.R.; AZEVEDO, E.O. Princípios e perspectivas da agroecologia. Instituto Federal do Paraná, 2011.
GOMES, J.C.C. Pluralismo metodológico en la producción y circulación del conocimiento agrário: fundamentación epistemológica y aproximación empirica a casos del sur de Brasil.1999.379f. (Doutorado em Agronomia) – Programa de Doctorado en Agroecología, Campesinato e Historia Instituto de Sociología y Estudios Campesinos, Universidade de Córdoba, Espanha.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf. Acesso em: 30 out. 2019.
IPARDES, INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. Cadernos estatísticos dos municípios. Disponível em: www.ipardes.gov.br/MontaCadPdf1.php?Municipio=83350. Acesso em: 25 abr. 2018.
KRASILNIKOV, P.V.; TABOR, J.A. Perspectives on utilitarian ethnopedology. Geoderma, v. 111, p. 19-26, 2003.
LIMA, A.C.R.; HOOGMOED W.B.; BRUSSAARD L.; ANJOS F.S. Farmers’ assessment of soil quality in rice production systems. Wageningen Journal of Life Sciences, v.58, n 1-2, p.31-38, 2011.
MAIRURA, F.S.; MUGENDI, D.N.; MWANJE, J.I.; RAMISCH, J. J; MBUGUA, P. K.; CHIANU, J. N. Integrating scientific and farmers evaluation of soil quality indicators in Central Kenya. Geoderma, v. 139, n. 1, p. 134-143, 2007.
MARQUES, R.; MOTTA, A.C.V. Análise química do solo para fins de fertilidade. In: LIMA, M.R. et al. (Org.) Manual de diagnóstico da fertilidade e manejo dos solos agrícolas. 2. Universidade Federal do Paraná, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2003.
MORRETES. Decreto n° 11/2011, de 12/03/2011. Declara em situação anormal, Caracterizada como estado de calamidade pública a área do município afetada por Enxurradas ou Inundações Bruscas. Disponível em: https://goo.gl/FFAoPM. Acesso em: 11 dez. 2018.
OSUNADE, M.A. Soil Suitability Classification by Small Farmers. The Professional Geographer, v. 40, n. 2, p. 194-201, 1988.
OUDWATER, N.; MARTIN, A. Methods and issues in exploring local knowledge of soils. Geoderma, v.11, p. 387–401, 2003.
PALACIO V.E.A.; ARRIAGA C.M.O. Clasificación campesina de suelos una metodología para para el desarrollo sustentable en el agro. Revista Ideas Ambientales, v. 2, n. 2, p. 199-207, 2005.
PORTELA, J.C.; SILVA, J.F.; DIAS, N.S.; PORTO, V.C.N.; VIANA, I.M. Etnopedologia na classificação de solos em assentamentos rurais no oeste Potiguar. Cadernos de Agroecologia. v. 10, n. 3, p.87, 2015. Disponível em: http://revistas.aba-agroecologia.org.br/index.php/cad/article/view/19038. Acesso em: 31 out. 2018.
PRUDENCIO, K. Metodologia de pesquisa. Curitiba: UFPR, 2011.
QUEIROZ, J.S.; NORTON, B.E. An assessment of an indigenous soil classification used in the caatinga region of Ceará State, Northeast Brazil. Agricultural Systems, v. 39, n. 3, p. 289-305, 1992.
ROZEMBERG, B. O saber local e os dilemas relacionados à validação e aplicabilidade do conhecimento científico em áreas rurais. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, n.1. p. 97-105, 2007.
SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G.; KER, J.C.; ANJOS, L.H.C. Manual de descrição e coleta de solo no campo. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2005.
SIDERIUS, W.; BAKKER, H. Toponymy and soil nomenclature in the Netherlands. Geoderma, v. 111, n. 3, p. 521-536, 2003.
SILLITOE, P. Knowing the land: soil and land resource evaluation and indigenous knowledge. Soil Use and Management, v. 14, n. 4, p. 188-193, 1998.
STRACHULSKI, J.; FLORIANI, N. Formação do sistema agrário na região do Paraná tradicional: um estudo de caso da comunidade rural Linha Criciumal em Candido de Abreu. Extensão Rural, Santa Maria, v. 21, n. 3, p. 146-174, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/extensaorural/article/view/8462/pdf. Acesso em: 31 jul. 2019.
TALAWAR, S.; RHOADES R.E. Scientific and local classification and management of soils. Agriculture and Human Values, v. 15, n. 1, p. 3-14, 1998.