O olhar dos agricultores familiares do município de Araponga-MG sobre sua organização social e produtiva: uma discussão pautada nas representações sociais
DOI:
https://doi.org/10.5902/2318179621260Palavras-chave:
agricultores familiares, organização produtiva, representações sociaisResumo
Este estudo teve por objetivo compreender as possibilidades de organização coletiva dos agricultores familiares a partir das práticas rotineiras de sociabilidade. Analisou-se, de forma particular, o modo como os agricultores familiares da Zona da Mata Mineira desenvolviam as suas práticas coletivas de organização produtiva no cultivo do café. A pesquisa teve um caráter cross-sectional, com a realização pontual de doze (12) entrevistas aos agricultores familiares que moram na comunidade rural de São Joaquim, no munícipio de Araponga/MG. Os resultados mostraram que, na percepção dos agricultores, a organização produtiva tinha um significado de bem comum, de busca por melhorias das condições de vida e trabalho no campo que se baseia na “união”, “ajuda mútua” e “solidariedade”. Constatou-se claramente uma tendência cultural dos entrevistados a se reconhecerem enquanto “agricultores familiares” e também como participantes deste processo, já que suas representações sociais partem de um discurso no qual o pequeno agricultor é valorizado e reconhecido pela sua experiência. Por fim, as representações sociais dos agricultores sobre a sua organização produtiva têm também uma dimensão identitária construída a partir das relações estabelecidas com o território e com a cultura através dos valores, tradições, crenças e costumes.
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