Iniciativas de diversificação ao cultivo do tabaco no município de Santa Cruz do Sul – RS: um estudo de caso
DOI:
https://doi.org/10.5902/2318179621036Palavras-chave:
Camponeses, Autoconfrontação, Diversificação, TabacoResumo
Este artigo analisa os mecanismos que levam famílias produtoras de tabaco a implementarem iniciativas de diversificação e analisar a dinâmica destas mudanças no município de Santa Cruz do Sul/RS. Pretende-se verificar motivações e alternativas de diversificação da produção na maior região produtora de tabaco do país, e quais políticas públicas são mobilizadas. Para tal, será feita uma análise considerando os reflexos da modernização da agricultura, em especial, sobre a agricultura camponesa, considerando aspectos sociais, econômicos e ambientais. O referencial teórico mobilizado engloba a sociedade de risco de Ulrich Beck e a perspectiva orientada ao ator de Long e Ploeg. Enquanto resultados, verifica-se que as iniciativas de diversificação manifestam uma autoconfrontação aos riscos produzidos pela monocultura do tabaco a qual está pautada nos ditames da Revolução Verde. Essa produção diversificada tende a fortalecer a capacidade de agência dos camponeses, como resposta aos riscos produzidos pela cadeia produtiva do tabaco e emerge de uma perspectiva onde o sujeito camponês, de acordo com sua realidade, seu modo de vida, busca minimizar estes efeitos.
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