Marcadores sociais da diferença: uma perspectiva interseccional sobre ser estudante negro e deficiente no Ensino Superior brasileiro

Autores/as

  • Vanessa Carolina Silva UFPR
  • Wilker Solidade Silva UFPR

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X30948

Palabras clave:

Interseccional. Raça. Deficiência. Ensino Superior.

Resumen

O artigo aborda a questão dos marcadores sociais da diferença nas Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil, pontuando nas autoidentificações de negros e deficientes como material investigativo positivo para se compreender as características que permeiam o espaço social e acadêmico no que se refere ao reconhecimento e valorização de sujeitos de direito. Como apoio teórico para análise da dimensão de marcadores de diferença, é defendida a interpretação interseccional como um caminho viável por permitir o entrecruzar de fatores diversos em torno da compreensão da formação de identidades. A metodologia utilizada foi a da revisão de literatura, através da Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (CTDC) e análise qualitativa de dados estatísticos oficiais, com o Censo da Educação Superior do INEP (CESI). Com estas fontes, são expostas as pesquisas com a temática intersecional, com crescimento significativo do número de produções, bem como a adoção do uso quase majoritário dos marcadores raça/cor e gênero, bem como a verificação de um aumento de aproximadamente 460% no número de matrículas de pessoas negras e/ou deficientes em relação ao ano de 2010 nas IES. Defendendo a interpretação utilizada, se evidenciam possibilidades para a produção de novas pesquisas com a temática, principalmente no que se refere ao reconhecer em números os estudantes negros, deficientes, quilombolas, etc. em suas particularidades, construindo material empírico para que IES do país possam planejar práticas positivas para uma interpretação interseccional das identidades de seu alunado e, por conseguinte, construir espaços de formação realmente inclusivos.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Vanessa Carolina Silva, UFPR

Doutoranda em Educação UFPR, linha Educação: Diversidade, Diferença e Desigualdade Social.

Wilker Solidade Silva, UFPR

Doutorando em Educação UFPR, linha Educação: Diversidade, Diferença e Desigualdade Social.

Citas

ABRAMOWICZ, Anete; RODRIGUES, Tatiane Cosentino; CRUZ, Ana Cristina Juvenal da. A diferença e a diversidade na educação. Contemporânea: Revista de Sociologia da UFSCar, São Carlos, v. 2, p. 85-97, 2011.

BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 13.409, de 28 de dezembro de 2016. Brasília, DF, 2016.

BUZAR, Francisco José Roma. Interseccionalidade entre raça e surdez: a situação de surdos (as) negros (as) em São Luís - MA. 2012. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Brasília, Brasília.

CARVALHO, José Jorge de. Ações Afirmativas para negros na pós-graduação, nas bolsas de pesquisa e nos concursos para professores universitários como resposta ao racismo acadêmico. In: Educação e ações Afirmativas: entre a injustiça simbólica e a injustiça econômica. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2003.

CARVALHO, José Jorge de. Inclusão Étnica e Racial no Brasil: a questão das cotas no ensino superior. 2ed. São Paulo: Attar Editorial, 2006.

CASTRO, Sabrina Fernandes de; ALMEIDA, Maria Amélia. Ingresso e permanência de alunos com deficiência em universidades públicas brasileiras. Rev. bras. educ. espec., Marília , v. 20, n. 2, p. 179-194, June 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382014000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso on 15 Jan. 2018.

CASTRO, Sabrina Fernandes de. Ingresso e permanência de alunos com deficiência em universidades públicas brasileiras. 2011. Tese (Doutorado em Educação Especial) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

CRENSHAW, Kimberle. A intersecionalidade da discriminação de raça e gênero. 2002. Disponível em: Acesso em: 23 de jun de 2017.

CRISOSTOMO, Maria Aparecida dos Santos; REIGOTA, Marcos Antonio dos Santos. Professoras Universitárias Negras: trajetórias e narrativas. Revista da Avaliação da Educação Superior. Campinas: Sorocaba, SP. v.15. n.2., p.93-106, jul.2010.

DAVIS, Lennard J. (Ed.). The disability studies reader. Taylor & Francis, 2006.

DIAS Adiana. Por uma genealogia do capacitismo: da eugenia estatal à narrativa capacitista social. In: Anais do II Simpósio Internacional de Estudos sobre Deficiência; 2013; São Paulo. p. 5.

DUARTE, Heloísa Helena da Silva. A construção social da “Saúde reprodutiva” no Brasil. Um olhar na perspectiva da interseccionalidade de gênero e raça. 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo.

GOMES, Nilma Lino. Diversidade étnico-racial: Por um projeto educativo emancipatório. In: Retratos da escola. Brasília: v.2, n.2-3, p.95-108, jan./dez.2008.

GOMES, Nilma Lino. Educação e relações raciais: Discutindo algumas estratégias de atuação. In: MUNANGA, K. (Org.). Superando o racismo na escola. Brasília: MEC, 1999.

GOMES, Nilma Lino. Movimento Negro e educação: ressignificando e politizando a raça. Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 120, p. 727-744, jul.-set. 2012.

GOMES, Nilma Lino (Org.). Práticas Pedagógicas de Trabalho com Relações Étnico-Raciais na Escola na Perspectiva da Lei 10.639/03. Brasília: MEC/UNESCO, 2012.

GOMES, Nilma Lino. Diversidade étnico-racial e Educação no contexto brasileiro: Algumas reflexões. In: GOMES, Nilma Lino (Org.). Um olhar além das fronteiras: Educação e relações raciais. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

GOMES, Nilma Lino. Educação e relações raciais: Refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In: MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na Escola. Brasília: MEC/SECAD. 2005.

GOMES, Nilma Lino. Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos. Currículo sem Fronteiras, v.12, n.1, pp. 98-109, Jan/Abr 2012. Disponível em http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/11/curr%C3%ADculo-e-rela%C3%A7%C3%B5es-raciais-nilma-lino-gomes.pdf, acesso em 22 de agosto de 2017.

GOMES, Nilma Lino. Trajetórias escolares, corpo negro e cabelo crespo: reprodução de estereótipos ou ressignificação cultural? Revista Brasileira de Educação, nº 21, set-out-nov-dez. de 2002.

HANKE, William. Espaço, interseccionalidades e vivência cotidiana gay na cidade de Ponta Grossa, Paraná. 2016. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa.

IBGE – Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br>.

INEP. Censo da Educação Superior, 2010. Brasília: INEP/Ministério da Educação, 2010. Microdados em http://inep.gov.br/web/guest/microdados.

INEP. Censo da Educação Superior, 2015. Brasília: INEP/Ministério da Educação, 2015. Microdados em http://inep.gov.br/web/guest/microdados.

IBGE – Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística. Características Étnico-raciais da População: Classificações e identidades. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.

KASSAR, Monica de Carvalho de Magalhães. Educação especial no Brasil: desigualdades e desafios no reconhecimento da diversidade. Educação & Sociedade, v. 33, n. 120, 2012.

MANZINI, Eduardo José. Acessibilidade: um aporte na legislação para o aprofundamento do tema na área de educação. In: BAPTISTA, C. R.; CAIADO, K. R. M.; JESUS, D. M.(Org.). Educação Especial: Diálogo e Pluralidade. Porto Alegre: Ed. Mediação, 2008. p. 281-289.

MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Trad. Plínio Dentzien. Campinas, Editora da Unicamp, 2010.

MELLO Anahi Guedes de; FERNANDES, Felipe Bruno Martins; GROSSI Mirian Pillar. Entre pesquisar e militar: engajamento político e construção da teoria feminista no Brasil. Rev. Artêmis 2013; 20(1):10-29.

MELO, Carlos Vinicius Gomes. Estratégias de enfrentamento de pessoas negras e com deficiência frente ao duplo estigma'. 2014. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal da Bahia, Bahia.

MICHELS, Maria Helena; GARCIA, Rosalba Maria Cardoso. Sistema educacional inclusivo: conceito e implicações na política educacional brasileira. Caderno Cedes, v. 34, n. 93, p. 157-173, 2014.

MONTEIRO, Alexandre dos Santos. Mulheres negras em Jacutinga: sobre interseccionalidade e empoderamento´. 2014. Dissertação (Mestrado em Relações Étnico-raciais) – Centro Federal de Educação técnico Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro.

MUNANGA, Kabengele (Org.). Superando o Racismo na Escola. Brasília, MEC/SECAD, 2005.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: Usos e sentidos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

MUNANGA, Kabengele. Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje? Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 62, p. 20–31, dez. 2015.

MUNANGA, Kabengele. Um branco pode ser negro. Não é uma questão biológica, mas política In: Desconfiando: Porque o mundo é maior do que imaginamos. 2009. Disponível em:< http://desconfiando.wordpress.com/2009/10/15/um-branco-pode-sernegro-nao-e-uma-questao-biologica-mas-politica/>. Acesso em: 07 nov. 2011.

OLIVEIRA, Vanilda Maria de. Um olhar interseccional sobre feminismos, negritudes e lesbianidades em Goiás'. 2006. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

PEREIRA Amba. A viagem ao interior da sombra: deficiência, doença crônica e invisibilidade numa sociedade capacitista. 2008. Dissertação.Universidade de Coimbra, Portugal.

PEREIRA, Michelle Melina Gleica Del Pino Nicolau. Deficiência, raça e gênero: análise de indicadores educacionais brasileiros. 2016. Tese (Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.

PISCITELLI, Adriana. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e Cultura, vol. 11, nº 2, Goiânia, 2008, pp.263 - 274.

ROSEMBERG, Fulvia. Ação afirmativa na pós-graduação: O Programa Internacional de Bolsas de Pós-graduação da Fundação Ford na Fundação Carlos Chagas. Coleção Textos FCC (Impresso), v. 36, p. 3-100, 2013. Disponível em: publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/textosfcc/article/download/2454/2408, acesso em 18 de agosto de 2017.

SILVA, Luciene Maria da. A deficiência como expressão da diferença. Educ. rev. N..44 Belo Horizonte dez. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/edur/n44/a06n44.pdf. Acesso em 02 de janeiro de 2018.

SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves e. Entre o Brasil e a África: construindo conhecimento e militância. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2011.

SILVA, Tomaz Tadeu da. A política e a epistemologia do corpo normalizado. Rio de Janeiro, Espaço, 8, 3-15, 1998.

SMOLEN, Jenny Rose. Raça/cor da pele, gênero e Transtornos Mentais Comuns na perspectiva da interseccionalidade.2016.Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia.

TOLEDO, Angelita Alves de. Mulheres Negras Soropositivas e as Interseccionalidades entre Gênero, Classe e Raça/Etnia. 2012. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Publicado

2018-08-14

Cómo citar

Silva, V. C., & Silva, W. S. (2018). Marcadores sociais da diferença: uma perspectiva interseccional sobre ser estudante negro e deficiente no Ensino Superior brasileiro. Revista De Educación Especial, 31(62), 569–586. https://doi.org/10.5902/1984686X30948

Número

Sección

Artigos – Demanda contínua