A multissensorialidade nos recursos didáticos planejados para o ensino de Ciências orientado a estudantes com deficiência visual: uma revisão da literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X48289

Palavras-chave:

Ensino de Ciências, Deficiencia Visual, Didática Multissensorial.

Resumo

O ensino de Ciências tomou um caráter visual como resultado de um processo histórico. Para a compreensão dessa área do conhecimento, concedeu-se uma importância significativa para o sentido da visão. Atrelando esse fato à perspectiva da Educação Inclusiva apontada em documentos nacionais e internacionais, a presente revisão bibliográfica objetivou investigar trabalhos publicados em periódicos científicos entre 2000 e 2019 que descrevem e discutem práticas de ensino de Ciências da Natureza voltadas a estudantes com deficiência visual em contextos formais e não formais de ensino no Brasil (exceto espaços museais). As bases de dados consultadas foram SciELO, Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SiBi USP) e Google Acadêmico, buscando artigos publicados que tratassem a temática em questão a partir de práticas descritas e analisadas. A busca se deu por palavras-chave: Ensino de ciências and Deficiência Visual and Sequências didáticas; Ensino de Ciências and Deficiência Visual; Ensino de Ciências and Deficiência Visual and Recursos Didáticos. Com base em determinados critérios, foram selecionados e analisados 12 trabalhos. Os resultados mostram que, apesar da não referência direta, os trabalhos trazem o princípio da multissensorialidade, que pensa o ensino e aprendizagem de ciências a partir de todos os sentidos humanos, sendo adequado para pessoas com e sem deficiência. Práticas sob essa perspectiva mostraram-se eficientes alcançando estudantes com e sem deficiência visual através de um processo de desenvolvimento que ultrapassa a apropriação conceitual e atinge a transformação de atitudes dos estudantes especialmente na relação entre o educando enxergante e seu colega com deficiência visual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lucas Pasquali Darim, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

Graduando na Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Veronica Marcela Guridi, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

Professora doutora da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Beatriz Crittelli Amado, Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ

Professora pós-graduada da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil.

Referências

AINSCOW, Mel. Tornar a educação inclusiva: como essa tarefa deve ser conceituada? In: FÁVERO, Osmar; FERREIRA, Windyz; IRELAND, Timothy.; BARREIROS, Débora. (orgs.) Tornar a educação Inclusiva. Brasília, DF: UNESCO, 2009, p. 11-23.

AMARAL, Graziele Kelly.; FERREIRA, Amauri Carlos.; DICKMAN, Adriana Gomes. Educação de estudantes cegos na escola inclusiva: O ensino de Física. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO DE FÍSICA XVIII, 2009, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória. Atas... São Paulo: Sociedade Brasileira de Física, 2016.p. 1 - 8. Disponível em: http://www.cienciamao.usp.br/dados/snef/_educacaodeestudantescego.trabalho.pdf. Acesso em 20 de Fevereiro de 2019.

ANDRADE, Lucas Mateus de; DICKMAN, Adriana Gomes; FERREIRA, Amauri Carlos. Identificando dificuldades na descrição de figuras para estudantes cegos. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, 14, 2012, Maresias. Anais eletrônicos do 14º EPEF. Maresias, 2012. p. 1-7. Disponível em: http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/epef/xiv/sys/resumos/T0157-2.pdf. Acesso em 05 de Junho de 2020.

BASSO, Sabrina Pereira Soares et al. Material Didático Multissensorial: A Fecundação para Deficientes visuais. In: IV ENEBIO e II EREBIO da Regional 4, 2012, Goiânia, Atas do IV ENEBIO. Goiânia, 2012. p. 1-16.

BACHELARD, Gastón. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.

BENITE, Claudio Roberto Machado et al. A experimentação no Ensino de Química para deficientes visuais com o uso de tecnologia assistiva: o termômetro vocalizado. Química nova na escola, São Paulo, v. 39, n° 3, p. 245-249, agosto 2017.

BERNARDO, Antonio Rogério.; LUPETTI, Karina Omuro.; MOURA, André Farias. Vendo a vida com outros olhos: o Ensino de Ecologia para deficientes visuais. Ciências & Cognição, Rio de Janeiro; v. 18, nº 2, p. 172-185.

BIZZO, Nélio. Ciências: Fácil ou Difícil? 2ª Edição. São Paulo: Editora Ática, 2002.

BORGES, Gilberto Luiz de. Azevedo. Caderno de formação: formação de professores didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012.

BRASIL. Decreto Nº 6.949, de 25 de Agosto de 2009 (Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo). Brasília, DF, 2009.

BRASIL. Decreto Nº 7.611, de 17 de Novembro de 2011. Brasília, DF, 2011.

BRASIL. Lei Nº 13.146, de 6 de Julho de 2015 (LBIPD). Brasília, DF, 2015.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. – 2. ed. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2018. 58 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, 2008, 15p.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018, 595p.

CAMARGO, Eder Pires de. Ensino de Física e deficiência visual: dez anos de Investigações no Brasil. São Paulo: Plêiade/FAPESP, 2008.

CAMARGO, Eder Pires de. Inclusão social, educação inclusiva e educação especial: enlaces e desenlaces. Ciência & Educação, Bauru, v. 23, n.1, p. 1-6, jan./mar. 2017.

CAMARGO, Eder Pires de. Saberes docentes para a inclusão do aluno com deficiência visual em aulas de física [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2012. Disponível em: http://books.scielo.org/id/zq8t6/pdf/camargo-9788539303533.pdf. Acesso em 24 de Fevereiro de 2019.

CAMARGO, Eder Pires de & SILVA, Dirceu. O ensino de física no contexto da deficiência visual: análise de uma atividade estruturada sobre um evento sonoro- posição de encontro de dois móveis. Ciência & Educação, Bauru, v. 12, n. 2, p. 155-169, 2006.

CARNEIRO, Celso. dal Ré.; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; ALMEIDA, Fernando Flávio Marques de. Dez motivos para a inclusão de temas de Geologia na Educação Básica. Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, v. 34, nº 4, p. 553-560, dezembro de 2004.

CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva: do que estamos falando? Revista Educação Especial, UFSM/Santa Maria, n. 26, p. 1-7, 2005.

CERQUEIRA, Jonir Bechara; FERREIRA, Elisede Melo Borba. Recursos didáticos na educação especial. Benjamin Constant, Rio de Janeiro, n. 15, p. 1-6, 2000.

CHAVES, Jéssica Oliveira; GUALTER, Régia Maria Reis.; OLIVEIRA, L. dos S. Jardim de sensações como prática inclusiva no ensino de botânica para alunos de Ensino Médio. Experiências em Ensino de Ciências, Porto Alegre, v. 13, n. 1, p 241-250, 2018.

COSTA, Alessandra Françoso da Silva.; JUNIOR, Airton José Vinholi; GOBARA, Shirley Takeco Ensino de biologia celular por meio de modelos concretos: Um estudo de caso no contexto da deficiência visual. Revista Electrónica de Investigación en Educación en Ciencias (REIEC), Tandil, Argentina, v.14. n. 1, p. 50-62, 2019.

COSTA, Angelo Brandelli.; ZOLTOWSKI, Ana Paula Couto. Como escrever um artigo de revisão sistemática In: KOLLER, Silvia Helena.; COUTO, Maria Clara Pinheiro de Paula.; HOHENDORFF, Jean Von. (Orgs.) Manual de Produção Científica. Porto Alegre. Penso. 2014.p. 53-67

DUARTE, Cássia Cristina. Campos. et al. Química para além da visão: Uma proposta de material didático para ensinar química para deficientes visuais. Revista ELO- Diálogos em Extensão, Viçosa, v. 8., n. 2, p. 42-50., dezembro de 2019.

FACCI, Marilda Gonçalves Dias O trabalho do professor na perspectiva da psicologia vigotskiana. In: FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor? São Paulo: Editora Autores Associados, 2004 p 195-250.

FERNANDES, Tatiane Caruso; HUSSEIN, Fabiana Roberta Gonçalves e Silva; DOMINGUES, Roberta Caroline Pelissari Rizzo. Ensino de química para deficientes visuais: a importância da experimentação num enfoque multissensorial. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 195-203, maio de 2017.

FREIRE, Madalena. Educador. 1. ed. São Paulo: Paz & Terra, 2008.

FREIRE, Madalena Observação, Registro e Reflexão. Instrumentos Metodológicos I. 2. ed. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1996.

FREIRE, Sandra Braga; BERNARDES, Maria Eliza Mattosinho. A mediação do conhecimento teórico - filosófico na atividade pedagógica: um estudo sobre as possibilidades de superação das manifestações do fracasso escolar. Obutchémie: Revista de Didática e Psicologia Pedagógica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 310-329, maio/ agosto de 2017.

GONÇALVES, Fábio Peres et al. A Educação Inclusiva na Formação de Professores e no Ensino de Química: A Deficiência Visual em Debate. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 35, n. 4, p. 264-271, novembro de 2013.

JANNUZZI, Gilberta de Martino. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao início do Século XXI. Autores Associados: Campinas-SP, 2004.

KRASILCHIK, Miriam. Prática de Ensino de Biologia. 4 ed. São Paulo: Edusp, 2008.

LABURÚ, Carlos Eduardo; ARRUDA, Sérgio de Mello; NARDI, Roberto. Pluralismo metodológico no Ensino de Ciências. Ciência & Educação, Bauru, v. 9, n. 2, p. 247-260, 2003.

LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso. Pesquisa em Educação: Abordagens qualitativas. São Paulo. EPU, 1986.

MARANDINO, Marta. Interfaces na relação museu-escola. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, Santa Catarina, v. 18, n. 1, p.85-100, abr. 2001.

MEC. CNE/CEB. Resolução Nº 4, de 2 de Outubro de 2009. Brasília, DF, 2009. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf. Acesso em 10 de Agosto de 2019.

MICHELOTTI, Angela; LORETO, Elgion Lúcio da Silva. Utilização de modelos didáticos tateáveis como metodologia para o ensino de biologia celular em turmas inclusivas com deficientes visuais. Contexto & Educação, Ijuí, Rio Grande do Sul, n. 109, p. 150-169, set./dez. 2019. Disponível em: https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/8686. Acesso em 31 de Março de 2020.

MUGNAINI, Rogério; STREHL, Letícia. Recuperação e impacto da produção científica na Era Google: Uma análise comparativa entre o Google Acadêmico e o Web of Science. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, Santa Catarina, n. esp., p. 92-105, 1º sem. 2008. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/147/14709808.pdf. Acesso em 26 de Abril de 2020.

OMOTE, Sadao. Estigma no tempo da inclusão. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, São Paulo, v. 10 n.3, p. 287-308, set-dez. 2004.

RIZZO, Adrian Luiz; BORTOLINI, Sirlei; REBEQUE, Paulo Vinícius dos Santos. Ensino do Sistema Solar para alunos com e sem deficiência visual: Proposta de um ensino inclusivo. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (RBPEC), v. 14, n. 1, p. 191-204, 2014.

SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A Educação Inclusiva: um meio de construir escolas para todos no século XXI. Inclusão- Revista da Educação Especial, Brasília: MEC/SEESP, v 1, n. 1, p. 19-23, outubro de 2005.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: O Paradigma do Século XXI. Inclusão- Revista da Educação Especial, Brasília: MEC/SEESP, v 1, n. 1, p 19-23, outubro de 2005.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional de Reabilitação (Reação), São Paulo, ano XII, p. 10-16, mar./abr. 2009.

SASSERON, Lúcia Helena. Ensino de Ciências por Investigação e o Desenvolvimento de Práticas: Uma Mirada para a Base Nacional Comum Curricular. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 18, n. 3, p. 1061–1085, dezembro de 2018.

SCARPA, Daniela Lopes; CAMPOS, Natália Ferreira. Potencialidades do ensino de Biologia por Investigação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 25-41, 2018.

SILVA, Rodrigo Marinho da. Ensino de ciências para deficientes visuais: desenvolvimento de modelos didáticos no Instituto Benjamin Constant. Benjamin Constant, Rio de Janeiro, ano 20, n. 57, v. 1, p.109-126, jul-dez. 2014.

SILVA, Renata Teles da. A Banca da Ciência e a pessoa com deficiência visual: um estudo sobre a acessibilidade atitudinal na difusão científica. 2018. Dissertação de Mestrado. (Mestrado em Filosofia). Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais. Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo.

SILVA, Tatiane Santos; LANDIM, Myrna Friederichs. Tendências de pesquisa em Ensino de Ciências voltadas a alunos com deficiência visual. Scientia Plena. São Cristóvão, Sergipe v.10, n.04. 2014, p.1-12. Disponível em: https://www.scientiaplena.org.br ›. Acesso em 21 de Agosto de 2019.

SILVA, Tatiane Santos; LANDIM, Myrna Friederichs; SOUZA, Verônica dos Reis Mariano. A utilização de recursos didáticos no processo de ensino e aprendizagem de ciências de alunos com deficiência visual. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, Vigo, Espanha, v. 13, n. 1, p. 32-47, 2014.

SOLER, Miquel Albert. Didáctica multisensorial de las ciencias- Un nuevo método para alumnos ciegos, deficientes visuales y también sin problemas de visión. Barcelona: Ediciones Paidós Ibérica S.A., 1999.

SOUZA, Salete Eduardo de. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. Arq Mudi. Maringá, Paraná, 11(Supl.2), 110-114p., 2007. .

UNESCO. The Salamanca Statement and framework for action on special needs education. [Declaração de Salamanca] In: Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades Especiais: Acesso e Qualidade, realizada em Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de Junho de 1994. Genebra: Unesco, 1994. 47p.

UNESCO. Declaração Mundial da Educação para todos: Satisfação das necessidades básicas de aprendizagem In: Conferência Mundial da Educação para todos, Jomtien, Tailândia de 05 a 09 de Março de 1990: Unesco, 1990. 19p.

VIEIRA, Cleison et al. Construção de um álbum sobre divisão celular com materiais adaptados para alunos com deficiência visual. Pesquisa e Prática em Educação Inclusiva, Manaus, Amazonas, v. 2, n. 4, p. 224-232, jul/dez. 2019.

VIGOTSKI, Lev Seminovich. A defectologia e o estudo do desenvolvimento e da educação da criança anormal. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 863- 869, dez. 2011.

VIGOTSKI, Lev Seminovich. Desenvolvimento dos conceitos cotidianos e científicos na idade escolar. In: VIGOTSKI, Lev Seminovich. Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 517- 545.

VIGOTSKI, Lev Seminovich. Obras escogidas V: Fundamentos de defectologia. Madrid: Aprendizaje Visor, 1997.

Downloads

Publicado

2021-02-16

Como Citar

Darim, L. P., Guridi, V. M., & Amado, B. C. (2021). A multissensorialidade nos recursos didáticos planejados para o ensino de Ciências orientado a estudantes com deficiência visual: uma revisão da literatura. Revista Educação Especial, 34, e7/1–28. https://doi.org/10.5902/1984686X48289

Edição

Seção

Revisão de literatura/Estudo teórico