Neuroplasticidade na Educação e Reabilitação Cognitiva da Deficiência Intelectual

Autores

  • Patricia Martins de Freitas Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia. Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
  • Denise Oliveira Ribeiro Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia: Cognição e Comportamento da Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984686X31119

Palavras-chave:

Palavras-chave, Deficiência intelectual, Educação inclusiva, Neuropsicologia.

Resumo

Resumo: Na deficiência intelectual os déficits no processamento cognitivo impõem limitações na funcionalidade desses indivíduos, impactando severamente os aspectos sociais, comportamentais e educacionais. A inclusão escolar cria a oportunidade de inserir as crianças com deficiências no ensino regular, mas as práticas pedagógicas utilizadas não tem permitido o desenvolvimento da alfabetização e de habilidades matemáticas, proporcionando apenas um ambiente adequado para socialização e recreação. De modo geral a formação dos professores possui lacunas que estão relacionadas a pouco ou nenhum conhecimento das contribuições, ferramentas e estratégias das neurociências para adaptação curricular. O presente estudo tem como objetivo descrever brevemente o perfil funcional da deficiência intelectual, demonstrando técnicas que favorecem a adaptação curricular para essas crianças ao estabelecer a relação entre educação e neuroplasticidade. As intervenções psicoeducacionais precisam de um planejamento do currículo de forma individualizada, direcionando as atividades para as necessidades de cada aluno. A aplicação de técnicas comportamentais tem sido bastante eficiente no processo de aquisição de habilidades funcionais e escolares, disponibilizando uma série de ferramentas que favoreçam o desenvolvimento de atividades de vida diária e emergência de habilidades escolares como leitura, escrita e aritmética.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patricia Martins de Freitas, Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia. Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Doutora em Ciências da Saúde, área de concentração Saúde da Criança e do Adolescente, pela Faculdade de Medicina da UFMG, em 2009. Mestre em Psicologia, área de concentração Psicologia do Desenvolvimento, pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG em 2004 e graduação em Psicologia pela mesma instituição em 2003. Professora Associada da Universidade Federal da Bahia e Professora do Programa de Mestrado em Ensino da Universidade do Sudoeste da Bahia. Linhas de pesquisa: Transtornos do Desenvolvimento e da aprendizagem,Neurogenética, Cognição matemática, Desempenho escolar. Experiência na área de Psicologia do Desenvolvimento Humano, atuando principalmente nos seguintes temas: neuropsicologia, transtornos do desenvolvimento, psicometria, adaptação psicossocial, avaliação e reabilitação neuropsicológica pediátrica e paralisia cerebral.

Referências

AINSWORTH, M. et al. Teaching phonics to groups of middle school students with autism, intellectual disabilities and complex communication needs. Research in Developmental Disabilities, v. 56, p. 165-176, 2016.

ALTERMARK, N. The ideology of neuroscience and intellectual disability: reconstituting the ‘disordered’ brain. Disability & Society, v. 29, n. 9, p. 1460-1472, 2014.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V. Porto Alegre: Artmed, 2014.

AYDIN, K. et al. Increased gray matter density in the parietal cortex of mathematicians: a voxel-based morphometry study. American Journal of Neuroradiology, v. 28, n. 10 p. 1859-1864, 2007.

BARBOSA, A. J. G.; MOREIRA, P. S.Deficiência mental e inclusão escolar: produção científica em Educação e Psicologia. Rev. bras. educ. espec., v. 15, n. 2, p. 337-352, 2009.

BARBOSA, M. O.; DUARTE, L. N. Deficiência intelectual e escolarização: uma análise das produções científicas. Comunicações, v. 23, n. 3, p. 351-368, 2016.

BERMUDEZ, P. et al. Neuroanatomical correlates of musicianship as revealed by cortical thickness and voxel-based morphometry. Cereb Cortex, v. 19, n. 7, p. 1583-1596, 2009.

CARR, Alan et al. The Handbook of Intellectual Disability and Clinical Psychology Practice. 2. ed. Londres: Routledge, 2016.

COSTA, A. B.; PICHARILLO, A. D. M.; ELIAS, N. C. Avaliação de habilidades matemáticas em crianças com síndrome de Down e com desenvolvimento típico. Ciência & Educação, Bauru, v. 23, n. 1, p. 255-272, 2017.

DE BODE, S. et al. Residual motor control and cortical representations of function following hemispherectomy: effects of etiology. J Child Neurol, v. 20, p. 64–75, 2005.

ELIAS, N. C. et al. Teaching manual signs to adults with mental retardation using matching-to-sample procedures and stimulus equivalence. The Analysis of verbal behavior, v. 24, n. 1, p. 1-13, 2008.

FREIRE, S. Um olhar sobre a inclusão. Revista da Educação, v. 15, n. 1, p. 5-20, 2008.

FREITAS, P. M. et al. Adaptações curriculares para crianças com deficiência intelectual moderada: contribuições da neuropsicologia do desenvolvimento. Pedagogia em Ação, Belo Horizonte, v. 8, n. 2, 2016.

FREITAS, P. M.; CARDOSO, T. G. S. Contribuições da Neuropsicologia para a inclusão educacional: como enfatizar as potencialidades diante das deficiências? Aprender – Cadernos de Filosofia e Psicologia Educacional, Vitória da Conquista, v. 9, n. 15, p. 15-173, 2015.

GALABURDA, A. Neuroscience, Education, and Learning Disabilities. Human Neuroplasticity and Education, Vaticano, v. 27, n. 151, p. 151-166, 2010.

GANGULY, K.; POO, M. Activity-dependent neural plasticity from bench to bedside. Neuron, v. 80, n. 3, p. 729-741, 2013.

GILISSEN, C. et al. Genome sequencing identifies major causes of severe intellectual disability. Nature, v. 511, n. 7509, p. 344-347, 2014.

GULYAEVA, N. V. Molecular mechanisms of neuroplasticity: An expanding universe. Biochemistry, Moscou, v. 82, n. 3, p. 237-242, 2017.

GUSTAVSSON, A.; KITTELSAA, A.; TØSSEBRO, J. Successful schooling for pupils with intellectual disabilities: the demand for a new paradigm. European Journal of Special Needs Education, v. 32, n. 4, p. 469-483, 2017.

HAASE, V. G. et al. Como a neuropsicologia pode contribuir para a educação de pessoas com deficiência intelectual e/ou autismo? Pedagogia em Ação, Belo Horizonte, v. 8, n. 2, 2016.

HARRIS, K. R.; GRAHAM, S. Self-regulated strategy development in the classroom: Part of a balanced approach to writing instruction for students with disabilities. Focus on Exceptional Children, v. 35, n. 7, p. 1, 2003.

JOHNSTON, M. V. Plasticity in the developing brain: implications for rehabilitation. Developmental disabilities research reviews, v. 15, n. 2, p. 94-101, 2009.

KNIGHT, V. F. et al. Using systematic instruction and graphic organizers to teach science concepts to students with autism spectrum disorders and intellectual disability. Focus on autism and other developmental disabilities, v. 28, n. 2, p. 115-126, 2013.

LLAUSAS, R. V. Avaliação de uma proposta de ensino de leitura e escrita para jovens e adultos utilizando software educativo. 2008. 133 f. Dissertação (Mestrado em Educação), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.

LLOYD, B. P.; KENNEDY, C. H. Assessment and treatment of challenging behaviour for individuals with intellectual disability: a research review. Journal of Applied Research in Intellectual Disabilities, v. 27, n. 3, p. 187-199, 2014.

MANNERKOSKI, M. et al. Subjects with intellectual disability and familial need for full-time special education show regional brain alterations: a voxel-based morphometry study. Pediatric Research, v. 66, n. 3, p. 306-311, 2009.

MARTINEZ-MORGA, M.; MARTINEZ, S. Brain Development and Plasticity. Revista de Neurología, v. 62, n. 1, p. 3-8, 2016.

MARTINEZ-MORGA, M.; MARTINEZ, S. Neuroplasticity: Synaptogenesis During Normal Development and Its Implication in Intellectual Disability. Revista de Neurología, v. 64, n. 1, p. 45-50, 2017.

MAULIK, P. et al. Prevalence of intellectual disability: a meta-analysis of population-based studies. Research in Developmental Disabilities, v. 32, n. 2, p. 419-436, 2011.

MENDONÇA, M. M. Retardo Mental. In FONSECA, L. F.; PIANETTI, G.; XAVIER, C. C. Compêndio de Neurologia Infantil. Belo Horizonte: Editora Médica e Científica Ltda. (MEDSI), 2002.

MILIAN, Q. G. et al. Deficiência intelectual: doze anos de publicações na base SciELO. Revista de Psicopedagogia, São Paulo, v. 30, n. 90, p. 64-73, 2013.

OBRZUT, J. E.; HYND, G. W. Child Neuropsychology: clinical practice. Orlando: Academic Press, 2013.

OLIVEIRA, M. A.; PENARIOL, C. P.; GOYOS, C. Ensino da aplicação de tarefas de matching-to-sample computadorizadas para ensino de leitura. Acta Comportamentalia, Guadalajara, v. 21, n. 1, p. 53-67, 2013.

PICKER, J. D.; WALSH, C. A. New innovations: therapeutic opportunities for intellectual disabilities. Annals of Neurology, v. 74, n. 2, p. 382-390, 2013.

PIMENTEL, S. C. Adaptações curriculares para estudantes com deficiência intelectual na escola regular: proposta para inclusão ou para segregação? Cadernos de Educação, Pelotas, v. 45, p. 45-50, 2013.

PHILLIPS, C. Lifestyle modulators of neuroplasticity: how physical activity, mental engagement, and diet promote cognitive health during aging. Neural Plasticity, v. 2017, 2017.

PLETSCH, M. D. Repensando a inclusão escolar de pessoas com deficiência mental: diretrizes políticas, currículo e práticas pedagógicas. 2009. 254 f. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação e Humanidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

PLETSCH, M. D.; GLAT, R. A escolarização de alunos com deficiência intelectual: uma análise da aplicação do Plano de Desenvolvimento Educacional Individualizado. Linhas Críticas, v. 18, n. 35, p. 193-208, 2012.

POWER, J. D.; SCHLAGGAR, B. L. Neural plasticity across the lifespan. Wiley Interdisciplinary Reviews: Developmental Biology, v. 6, n. 1, 2017.

ROSSIT, R. A. S.; GOYOS, C. Deficiência intelectual e aquisição matemática: currículo como rede de relações condicionais. Psicologia Escolar e Educacional, v.13, n. 2, p. 213-225, 2009.

ROSSIT, R. A. S.; ZULIANI, G. Repertórios acadêmicos básicos para pessoas com necessidades especiais. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 11, n. 2, p. 114-121, 2003.

SADATO, N. et al. Tactile discrimination activates the visual cortex of the recently blind naive to Braille: a functional magnetic resonance imaging study in humans. Neurosci Lett, v. 359, p. 49–52, 2004.

SANTOS, S. C. E. S. Ensino de leitura e escrita para aprendizes com deficiência intelectual. 2012. 105 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

SANTOS, T. C. C.; MARTINS, L. A. R. Práticas de professores frente ao aluno com deficiência intelectual em classe regular. Rev. bras. educ. espec, v. 21, n. 3, p. 395-408, 2015.

SIDMAN, M. Reading and auditory-visual equivalences. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, v. 14, n. 1, p. 5-13, 1971.

SILVA, A. M. Psicologia e inclusão escolar: novas possibilidades de intervir preventivamente sobre problemas comportamentais. 2010. 151 f. Tese (Doutorado em Educação Especial). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2010.

SILVA, N. C.; CARVALHO, B. G. E. Understanding the process of school inclusion in brazil from the perspective of teachers: an integrative review. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 23, n. 2, p. 293-308, 2017.

SNELL, M. et al. Twenty years of communication intervention research with individuals who have severe intellectual and developmental disabilities. American Journal on Intellectual and Developmental Disabilities, v. 115, n. 5, p. 364-380, set. 2010.

SOUZA, F. S.; BATISTA, C. G. Indicadores de Desenvolvimento em Crianças e Adolescentes com QI Igual ou Inferior a 70. Rev. bras. educ. espec, v. 22, n.4, p. 493-510, 2016.

SOUZA, M. C.; GOMES, C. Neurociência e o déficit intelectual: aportes para a ação pedagógica. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 32, n. 91, p. 104-114, 2015.

STROMER, R.; MACKAY, H.; STODDARD, L. Classroom applications of stimulus equivalence technology. Journal of Behavioral Education, v. 2, n. 3, p. 225-256, dec. 1992.

TANNOUS, G. S. Inclusão do aluno com deficiência mental: experiências psicossociais dos professores da escola pública. 2005. 174f. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Católica Dom Bosco, São Paulo, 2005.

THAMBIRAJAH, M. S. Developmental assessment of the school-aged child with developmental disabilities: A clinician's guide. London: Jessica Kingsley Publishers, 2011.

VASCONCELOS, M. M. A neurobiologia do retardo mental. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, n. 2, p. 71-82, 2004.

VELTRONE, A. A. Inclusão escolar do aluno com deficiência intelectal no estado de São Paulo: indentificação e caracterização. 2008. 193f. Tese (Doutorado em Educação Especial) – Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federla de São Carlos, São Carlos, 2008.

VELTRONE, A. A.; MENDES, E. G. Caracterização dos profissionais responsáveis pela identificação da deficiência intelectual em escolares. Revista de Educação Especial, Santa Maria, v. 24, n. 39, p. 61-76, 2011.

VOSS, M. W. et al. Bridging animal and human models of exercise-induced brain plasticity. Trends Cogn Sci., v. 17, n. 10, p. 525-544, 2013.

Downloads

Publicado

2019-06-05

Como Citar

Freitas, P. M. de, & Ribeiro, D. O. (2019). Neuroplasticidade na Educação e Reabilitação Cognitiva da Deficiência Intelectual. Revista Educação Especial, 32, e59/ 1–20. https://doi.org/10.5902/1984686X31119

Edição

Seção

Artigos – Demanda contínua