Fragmentação florestal na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509845253

Palavras-chave:

geoprocessamento, desmatamento, análise espaço-temporal, serviços ambientais

Resumo

A dinâmica da cobertura florestal na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (BHRSF) pode ser avaliada por métricas de ecologia da paisagem. O objetivo deste trabalho foi avaliar a fragmentação florestal na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Brasil, por meio de métricas de ecologia da paisagem e quantificar a cobertura florestal nas unidades de conservação federais (UCs) presentes, para os biomas Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado nos anos de 1997, 2007 e 2017. O mapeamento dos fragmentos foi realizado considerando área e quantidade dos fragmentos florestais, divididos nas seguintes classes de tamanho: (1) pequeno (até 10 ha); (2) médio (entre 10 e 100 ha); e (3) grande (maiores que 100 ha). As métricas, área, forma e borda, foram calculadas no software Fragstats® 4.2. As métricas números de fragmentos (NP), área de classe (CA), tamanho médio dos fragmentos (MPS) e densidade de borda (ED) dos fragmentos florestais dos biomas Caatinga e Cerrado na BHRSF comprovam que a Bacia está em processo de fragmentação florestal, principalmente nos grandes fragmentos, que tiveram suas áreas reduzidas, e nos de tamanho médio, que tiveram aumento da quantidade de bordas. De forma geral, a proteção de áreas florestais nas UCs da Caatinga e Cerrado não foram eficazes em manter a cobertura florestal, haja vista o desmatamento nestas áreas protegidas em 20 anos. Medidas como pagamentos por serviços ambientais ou restauração florestal devem ser utilizadas pelo poder público e sociedade em conjunto com a criação e manutenção de áreas florestais protegidas. A Mata Atlântica foi o único bioma a apresentar aumento na cobertura florestal e redução da fragmentação florestal na BHRSF. Iniciativas como o pacto da restauração da Mata Atlântica e Lei da Mata Atlântica de 2006 podem ter favorecido esse aumento da cobertura florestal.

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Biografia do Autor

Milton Marques Fernandes, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE

Engenheiro Florestal, Dr., Professor do Departamento de Ciências Florestais, Centro de Ciências Agrarias Aplicadas, Universidade Federal de Sergipe, Av. Marechal Rondon, s/n, CEP 49100-000, São Cristóvão (SE), Brasil.

Alexandre Herculano Souza Lima, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE

Geografo. Me., Pesquisador Autônomo, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal de Sergipe, Av. Marechal Rondon, s/n, CEP 49100-000, São Cristóvão (SE), Brasil.

Lilian Lins Wanderley, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE

Geografa, Dra., Professora do Departamento de Geografia, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade Federal de Sergipe, Av. Marechal Rondon, s/n, CEP 49100-000, São Cristóvão (SE), Brasil.

Marcia Rodrigues de Moura Fernandes, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, Aracaju, SE

Engenheira Florestal, Dra., Pesquisadora, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, Rua Vila Cristina, 1051, CEP 49020-150, Aracaju (SE), Brasil.

Renisson Nepomuceno Araújo Filho, Universidade Federal de Tocantins, Gurupi, TO

Engenheiro Florestal, Dr., Professor do Departamento de Engenharia Florestal, Campus Gurupi, Universidade Federal de Tocantins, Rua Barcelona Sevilha, s/n, CEP 77402-970, Gurupi (TO), Brasil.

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Publicado

22-09-2022

Como Citar

Fernandes, M. M., Lima, A. H. S., Wanderley, L. L., Fernandes, M. R. de M., & Araújo Filho, R. N. (2022). Fragmentação florestal na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Brasil. Ciência Florestal, 32(3), 1227–1246. https://doi.org/10.5902/1980509845253

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