Micorrização e crescimento de progênies de <i>Hymenaea stignocarpa</i> Mart. ex. Hayne em subsolo de área degradada

Autores

  • Tiago Mendes Faria
  • Márcia Helena Scabora
  • Kátia Luciene Maltoni
  • Ana Maria Rodrigues Cassiolato

DOI:

https://doi.org/10.5902/198050988457

Palavras-chave:

fungos micorrízicos arbusculares, cerrado, jatobá-do-cerrado, recuperação de áreas degradadas

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/198050988457

Nos ecossistemas tropicais, pouco ainda se conhece sobre as relações entre os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) e a variabilidade genética dos hospedeiros, especialmente das espécies arbóreas. O presente trabalho teve como objetivo verificar a resposta de 19 progênies de jatobá-do-cerrado (Hymenaea stignocarpa Mart. ex. Hayne) à inoculação, por meio da colonização micorrízica e o crescimento inicial de mudas cultivadas em subsolo de área decapitada, em condições de casa de vegetação. As plântulas, germinadas em laboratório, foram transferidas para sacos plásticos contendo 3 kg da mistura subsolo e areia (4:1). Para a inoculação, cada repetição recebeu 100 gramas de solo (com cerca de 48 esporos de FMA) proveniente de uma área de cerrado preservado. Aos 120 dias avaliou-se a colonização micorrízica (COL), o número de esporos (NE) de FMA, a altura de planta (AP), o peso da massa seca da parte aérea (MSPA) e massa fresca do sistema radicular (MFSR). Os maiores valores para COL, MSPA e MFSR foram observados nas progênies JC7, JC18, JC29, JC27 e JC14, sendo que as JC7 e JC18 proporcionaram, também, os maiores números de esporos de FMA. Houve correlação significativa e positiva entre COL e demais variáveis (AP, NE, MSPA e MFSR) e entre MFSR e demais variáveis (NE, AP e MSPA). Conclui-se que existe variabilidade entre os genótipos de Hymenaea stignocarpa no crescimento (AP, MSPA e MFSR) e micorrização (COL e NE), com destaque para duas progênies (JC7 e JC18), pelos valores mais elevados, as quais são resultados de uma maior afinidade aos isolados de FMA presentes no solo-inóculo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALLSSOP, N.; STOCK, W. D. Relationship between seed reserves, seedlings growth and mycorrhizal responses en 14 related shrubs (Rosideae), from a low nutrient environment function. British Ecological Society, London, v. 9, p. 248-254, Jan. 1995.

ALVES, S. G. Variabilidade genética, germinação, repetibilidade e composição química de sementes em progênies de jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne). 2003. 34 f. (Trabalho de Graduação em Agronomia)-Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira, 2003.

BRUNDETT, M. Mycorrhizas in natural ecosystems. Advances in Ecological Research, London, v. 21, p. 171-313, July 1991.

BRYLA, D. R.; KOIDE, R. T. Mycorrhizal response of two tomato genotypes relates to their ability to acquire and utilize phosphorus. Annals of Botany, Oxford, v. 82, n. 6, p.849-857, June 1998.

CALDEIRA, M. V. W. et al. Efeito de fungos micorrízicos arbusculares no desenvolvimento de duas leguminosas arbóreas. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 9, p. 63-70, jan./jun. 1999.

CALGARO, H. F. et al. Adubação química e orgânica na recuperação da fertilidade de subsolo degradado e na micorrização do Stryphnodendron polyphyllum. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 32, n. 3, p.1337-1347June 2008

CAMPOS, D. et al. Crescimento e micorrização de genótipos de milho em casa de vegetação. Bragantia, Campinas, v. 69, n. 3, p555-562, jul./set. 2010

CARDOSO, E. J. B. N. et al. Eficiência de fungos micorrízicos vesículo-arbuscular em porta enxertos de citros. Revista Brasileira de Ciências do Solo, Campinas, v. 10, p. 25-30, 1986.

CARDOSO, E. J. B. N. et al. Micorriza arbusculares na aquisição de nutrientes pelas plantas. In: SIQUEIRA, J. O. et al. Micorrizas: 30 anos de pesquisa no Brasil. Lavras: Ed. UFLA, 2010. v. 1. p. 253-215.

CARNEIRO, M. A. C. et al. Fósforo e inoculação com fungos micorrízicos arbusculares no estabelecimento de mudas de embaúba (Cecropia pachystachya Trec). Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 34, n. 3, p. 119-125, nov. 2004.

CARNEIRO, M. A. C. et al. Fungos micorrízicos e superfosfato no crescimento de espécies arbóreas tropicais. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 50, p. 21-36, dez. 1996.

CARPANEZZI, A.P. et al. Funções múltiplas das florestas: conservação e recuperação do meio ambiente. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6., 1990, Campos de Jordão. Anais... Campos de Jordão: SBS 1990. p. 216-221.

COLOZZI FILHO, A.; NOGUEIRA, M.A. Micorrizas arbusculares em plantas tropicais: café, mandioca e cana-de-Açúcar. In: SILVEIRA, A.P.D.; FREITAS, S. S. Microbiologia do solo e qualidade ambiental. Campinas: Instituto Agronômico, 2007. p. 39-56. Disponível em: <(http://iac.impulsahost.com.br/publicacoes/publicacoes_online/pdf/microbiota.pdf)> Acesso em: 13 de setembro de 2011.

COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO - CESP. Ilha Solteira: a cidade e a usina. São Paulo: CESP, 1988. 93 p.

COSTA, C. M. C. et al. Influência de fungos micorrízicos arbusculares sobre o crescimento de dois genótipos de aceroleira (Malpighia emarginata D.C.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, n. 6, p. 893-901, jun. 2001.

COSTA, M. D.; LOVATO, P. E. Micorrizas arbusculares e a supressão de patógenos. Tópicos em Ciências do Solo, Viçosa, v. 7, p. 119-140, 2007.

DECLERCK, S. et al. Mycorrhizal dependency of banana (Musa acuminata, AAA group) cultivar. Plant and Soil, Dordrecht, v. 176, p. 183-187, Oct. 1995.

DEMATTÊ, J. L. I. Levantamento detalhado dos solos do campus experimental de Ilha Solteira. Piracicaba: ESALQ/USP, 1980. (mimeografado).

DOUDS, D. D. Relationships between hyphal and arbuscular colonization and sporulation in mycorrhiza of Paspalum notatum. New Phytologist, London, v. 126, p. 233-237, Feb. 1994.

EASON, W.R. et al. Effect of genotype of Trifolium repens on mycorrhizal symbiosis with Glomus mosseae. Journal of Agricultural Science, Cambridge, v. 137, p. 27–36, Oct. 2001.

ESTAÚN, V. et al. Influence of plant genotype on mycorrhizal infection: Response of three pea cultivars. Plant and Soil, Dordrecht, v. 103, p. 295-298, 1987.

FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, São Carlos, 2000. Anais... São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2000. p. 255-258.

GARDNER, J. H.; MALAJCZUK, N. Recolonization of rehabilitated bauxite mine sites in Western Australia by mycorrhizal fungi. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 24, p. 27-42, Apr. 1988.

GERDEMANN, J. W.; NICOLSON, T. H. Spores of mycorrhizal Endogone species extracted from soil by wet sieving and decanting. Transaction of British Mycology Society, London, v. 46, p. 235-244, June 1963.

GIOVANNETTI, J. W.; MOSSE, B. An evaluation of techniques for measuring vesicular arbuscular mycorrhizal infection in roots. New Phytologist, London, v. 84, n. 3, p. 489-500, Mar. 1980.

GOMES, E. A. et al. Fungos micorrízicos na rizosfera de genótipos de milho (Zea mays L.). Contrastantes quanto à Eficiência na Absorção de Fósforo. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 25., 2004, Cuiabá. Anais... Cuiabá: Embrapa, 2004.

GRAHAM, J. H.; EISSENSTAT, D. M. Host genotype and the formation and function of VA mycorrhizae. Plant and Soil, Dordrecht, v. 159, p. 179-185, Feb. 1994.

JANOS, D. P. Mycorrhizas, succession and the rehabilitation of deforested lands in the humid tropics. In: FRANKLAND, J. C. et al. (eds.). Fungi and environmental change. Cambridge: Cambridge University Press, 1996. p. 129-162. (British Mycological Society Symposium. v.20)

JENKINS, W. R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, Idaho, v. 48, p. 692, 1964.

KLIRONOMOS, J. N. et al. The influence of arbuscular mycorrhizae on the relationship between plant diversity and productivity. Ecology Letters, Oxford. v. 3, p. 137-141, Mar. 2000.

KRISHMA, K. R. et al. Genotype dependent variation in mycorrhizal colonization and response to inoculation of pearl millet. Plant and Soil, Netherlands, v. 86, p. 113-125, 1985.

LACERDA, K. A. P. et al. Fungos micorrízicos arbusculares e a adubação fosfatada no crescimento inicial de seis espécies arbóreas de cerrado. Cerne, Lavras, v. 17, n. 3, p. 377-386, jul./set. 2011

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 1992. 390 p.

MARSCHNER, H.; DELL, B. Nutrient uptake in mycorhizal symbiosis. Plant and Soil, Dordrecht, v. 159, n. 1, p. 89-102, Feb. 1994.

MIYAUCHI, M. Y. H. et al. Interaction between diazotrophic bactéria and mycorrhizal fungus in maize genotypes. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 65, n. 5, p. 525-531, set./out. 2008.

MODESTO, P. T. et al. Alterações em algumas propriedades de um Latossolo degradado com uso de lodo de esgoto e resíduos orgânicos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 33, p. 1489-1498, set./out. 2009.

MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e bioquímica do solo. 2. ed. Lavras: Ed. UFLA, 2006. 729 p.

NOFFS, P. S. et al. Recuperação de áreas degradadas da Mata Atlântica: uma experiência da CESP São Paulo:Companhia Energética de São Paulo (Caderno n.03. Série Recuperação). Disponível em: <(http://www.em.ufop.br/ceamb/petamb/cariboost_files/rec_20areas_20mata_20atlantica.pdf)>. Acesso em: 15 de setembro de 2011.

PHILLIPS, J. M.; HAYMAN, D. S. Improved procedures for clearing roots for rapid assessment of infection. Transaction of British Mycology Society, London, v. 55, p. 158-161, Aug. 1970.

RAIJ, B. V.; QUAGGIO, J. A. Métodos de Análises de Solos para fins de Fertilidade. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 1983. 31 p. (Boletim Técnico, 81).

RAJAPAKSE, S.; MILLER Jr, J. C. Methods for studying vesicular-arbuscular mycorrhizal root colonization and related root physical properties. In: NORRIS, J.R. et al. (eds). Methods in Microbiology. London: Academic Press, 1992. p. 301-315. v. 24.

RENGEL, Z. Genetic control or root exudation. Plant and Soil, Dordrecht, v. 245, p. 59-70, Aug. 2002.

RENGEL, Z. Root exudation and microflora populations in rhizosphere of crop genotypes differing in tolerance to micronutrient deficiency. Plant and Soil, Dordrecht, v. 196, p. 255-260, Aug. 1997.

RIZZINI, C. T.; MORS, W. R. Botânica Econômica Brasileira. São Paulo: EPU/EDUSP, 1999. p. 122-184.

ROCHA, F. S . et al.Dependência e resposta de mudas de cedro a fungos micorrízicos arbusculares. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, p. 77-84, jan. 2006.

RODRIGUES, R. R. et al. On the restoration of high diversity forests: 30 years of experiences in the Brazilian Atlantic Forest. Biological Conservation, v. 142, p. 1242-1251, Jan. 2009.

SAS Institute Inc. SAS Procedures guide. Version 8 (TSMO). Cary, N.C.: SAS Institute Inc., 1999.

SCABORA, M. H. et al. Associação micorrízica em espécies arbóreas, atividade microbiana e fertilidade dos solo em áreas degradadas de cerrado. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 21, n. 2, p. 289-301, abr./jun. 2011.

SCABORA, M. H. et al. Crescimento, fosfatase ácida e micorrização de arbóreas, em solo de cerrado degradado. Bragantia, Campinas, v. 69, n. 2, p. 445-451, abr./jun. 2010.

SILVA, J. A. et al. Frutas nativas dos cerrados. Planaltina: EMBRAPA-CPAC; EMBRAPA-SPI, 1994. 166 p.

SILVA, L. F. C.; SIQUEIRA, L. O. Crescimento e teores de nutrientes de mudas de abacateiro, mangueira e mamoneiro sob influência de diferentes espécies de fungos micorrízicos vesículo-arbusculares. Revista Brasileira de Ciências do Solo, Viçosa, v. 15, p. 283-288, 1991.

SILVEIRA, A. P. D.; CARDOSO, E. J. B. N. Efeito do fósforo e da micorriza vesículo- arbuscular na simbiose Rhizobium – feijoeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 11, p. 31-36, 1987.

SIQUEIRA, J. O. et al. Aspectos de solos, nutrição vegetal e microbiologia na implantação de matas ciliares. Belo Horizonte: CEMIG, 1995. 28 p.

SIQUEIRA, J. O. et al. Fungos Micorrízicos arbusculares. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, Brasília, v. 25, p. 12-21, mar./abr. 2002.

SIQUEIRA, J. O. et al. Mycorrhizal colonization and mycotrophic growth of native woody species as related to successional groups in Southeastern Brazil. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 107, p. 241-252, Oct. 1998.

SIQUEIRA, J. O. Micorrizas arbusculares. In: ARAUJO R. S.; HUNGRIA, M. (ed.). Microrganismos agrícolas. Brasília: Embrapa, 1994. p. 151-194.

SIQUEIRA, J. O.; KLAUBERG FILHO, O. Micorrizas Arbusculares: a Pesquisa Brasileira em Perspectiva. Tópicos em Ciência do Solo, Viçosa, v. 1, p. 235-264, 2000.

SMITH, S. E.; READ, D. J. Mycorrhizal symbioses. California: Academic Press, 1997. 604 p.

SOUZA, F. A. et al. Classificação e taxonomia de fungos micorrízicos arbusculares e sua diversidade e ocorrência no Brasil. In: SIQUEIRA, J. O. et al. Micorrizas: 30 anos de pesquisa no Brasil. Lavras: UFLA, 2010. p. 15-73.

THOMSON, B. D. et al. Kinetics of phosphorus uptake by the germ-tubes of the vesicular-arbuscular mycorrhizal fungus Gigaspora margarita. New Phytologist, Cambridge, v. 116, p. 647-653, Nov. 1990.

TISDALE, S.L. et al. Soil fertility and fertilizers. New York: MacMillan, 1993. 634 p.

TOTH, R.; TOTH, D. Quantifying vesicular-arbuscular mycorrhizae using a morphometric technique. Mycologia, Stanford, v. 74, p. 182-187, 1982.

TRINDADE, A. V. et al. Dependência micorrízica de variedades comerciais do mamoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, p. 1485-1494, dez. 2001.

Downloads

Publicado

27-03-2013

Como Citar

Faria, T. M., Scabora, M. H., Maltoni, K. L., & Cassiolato, A. M. R. (2013). Micorrização e crescimento de progênies de <i>Hymenaea stignocarpa</i> Mart. ex. Hayne em subsolo de área degradada. Ciência Florestal, 23(1), 233–243. https://doi.org/10.5902/198050988457

Edição

Seção

Nota Técnica

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)