Chuva de sementes como indicador ambiental de áreas em processo de restauração ecológica do Mato Grosso do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509839087

Palavras-chave:

Propágulos, Dispersão, Funcionalidade, Sucessão florestal

Resumo

A chuva de sementes (CS) é caracterizada pela chegada de propágulos ao solo, advindos por mecanismos de dispersão e é essencial para a dinâmica da regeneração natural de florestas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a CS como indicador de três áreas em processo de restauração do Mato Grosso do Sul, Ivinhema 12 anos (IV-12), Jateí 13 anos (JA-13) e Caarapó 16 anos de plantio (CA-16). Foram instalados aleatoriamente 15 coletores de 0,64 m² em cada uma das áreas e o material coletado mensalmente de maio/2015 a janeiro/2016. Foram calculados os índices de Shannon (H’) e Equabilidade de Pielou (J’) e as sementes classificadas quanto à síndrome de dispersão, hábito e classe sucessional das sementes de espécies arbóreas. Foi identificado o total de 47.124 propágulos nas três áreas. Para CA-16 foram amostradas 27.033 sementes, 29 famílias, 39 gêneros e 41 espécies. JA-13 obteve 8.056 sementes, 22 famílias, 32 gêneros e 33 espécies. A área IV-12 resultou em 12.035 sementes, 13 famílias, 21 gêneros e 22 espécies. Das 61 espécies encontradas para as três áreas, 88,5% são de hábito arbóreo. Referente à síndrome de dispersão, a maioria são zoocóricas, com destaque para IV-12 com 93,7%, sendo que 40,9% são alóctones. Quanto à classificação sucessional, as pioneiras foram destaque, principalmente para IV-12 (91,7%). A CS pode ser considerada um bom indicador para a avaliação da integridade ambiental de áreas em restauração por fornecer subsídios para compreensão da manutenção dos processos ecológicos, visto que nas áreas avaliadas, a maioria das sementes foi de espécies zoocóricas, com expressiva contribuição de espécies alóctones, demonstrando a existência de uma fauna dispersora facilitadora da sucessão florestal.

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Biografia do Autor

Caroline Quinhones Fróes, Prefeitura Municipal, Ponta Porã, MS

Gestora Ambiental, Dra., Gerente Socioambiental da Unidade de Execução do Programa, Prefeitura Municipal de Ponta Porã, R. Guia Lopes, 663, Centro, CEP 79904-654, Ponta Porã (MS), Brasil. 

Poliana Ferreira da Costa, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Coxim, MS

Tecnóloga em Gestão Ambiental, Dra., Professora na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Rua Gen. Mendes de Morais, 370, Jardim Aeroporto, CEP 79400-000, Coxim (MS).

Shaline Séfara Lopes Fernandes, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Cassilândia, MS

Agrônoma, Dra., Professora do Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Rod. MS 306 - km 6,4 - Zona Rural, CEP 79540-000, Cassilândia (MS).

Ana Paula Vieira da Silva, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS

Gestora Ambiental, Ma., Pesquisadora Autônoma, Universidade Federal da Grande Dourados, Rod. Dourados/Itahum, Km 12, CEP 79.804-970, Dourados (MS), Brasil.

Rodrigo Moraes de Jesus, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS

Gestor Ambiental, Me., Pesquisador Autônomo, Universidade Federal da Grande Dourados, Rod. Dourados/Itahum, Km 12, CEP 79.804-970, Dourados (MS), Brasil.

Zefa Valdivina Pereira, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS

Bióloga, Dra., Professora Adjunta da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados, Rod. Dourados/Itahum, Km 12 - Unidade II, CEP 79.804-970, Dourados (MS), Brasil.

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Publicado

01-12-2020

Como Citar

Fróes, C. Q., Costa, P. F. da, Fernandes, S. S. L., Silva, A. P. V. da, Jesus, R. M. de, & Pereira, Z. V. (2020). Chuva de sementes como indicador ambiental de áreas em processo de restauração ecológica do Mato Grosso do Sul. Ciência Florestal, 30(4), 1032–1047. https://doi.org/10.5902/1980509839087

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