DECOMPOSIÇÃO DA SERAPILHEIRA FOLIAR DE FLORESTA NATIVA E PLANTIOS DE <i>Pterogyne nitens</i> E <i>Eucalyptus urophylla</i> NO SUDOESTE DA BAHIA

Autores

  • Heloísa Cintra Alves Pinto
  • Patrícia Anjos Bittencourt Barreto
  • Emanuela Forestieri da Gama Rodrigues
  • Francisco Garcia R. Barbosa de Oliveira
  • Alessandro de Paula
  • Aguiberto Ranulfo Amaral

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509825105

Palavras-chave:

resíduos vegetais, ecossistemas florestais, matéria orgânica.

Resumo

O processo de decomposição regula o acúmulo de serapilheira e a ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais, sendo fundamental para sua manutenção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica de decomposição foliar em uma Floresta Estacional Semidecidual Montana e em plantios homogêneos de Pterogyne nitens Tul. e de Eucalyptus urophylla S. T. Blake, localizados no município de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Para avaliação da decomposição, foram coletadas folhas recém-caídas sobre o solo de árvores e arbustos em cada uma das coberturas estudadas. As folhas foram secas em estufa a 65oC e, após isso, porções de 10 g foram pesadas e colocadas em litter bags, que foram distribuídos aleatoriamente na superfície do piso florestal em cada uma das áreas estudadas. Realizaram-se coletas de cinco litter bags de forma aleatória após 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias da instalação. Com base nas massas obtidas, foram estimados o percentual de massa remanescente, as taxas de decomposição (k) e o tempo de meia-vida do folhedo (t1/2). Para caracterização química, foram separadas três subamostras do material foliar seco, que foram moídas e analisadas, determinando-se os teores de nitrogênio total, carbono, polifenóis, lignina e celulose. Os dados de decomposição foram relacionados com variáveis ambientais (precipitação, temperatura e umidade do ar) e microambientais (temperatura e umidade do solo) referentes ao mês de coleta. O acúmulo total de serapilheira variou entre as áreas estudadas, o maior valor foi observado no plantio de Eucalyptus urophylla (12,7 Mg ha-1), seguido pela floresta nativa (6,9 Mg ha-1) e plantio de Pterogyne nitens (1,1 Mg ha-1). Ao final dos seis meses de avaliação, o Eucalyptus urophylla apresentou a maior massa remanescente (73,6%), seguido da floresta nativa (67,8%) e Pterogyne nitens (46,3%). A constante de decomposição (k) foi maior para a Pterogyne nitens (0,0054 g g-1dia), com menores valores para floresta nativa (0,0016 g g-1dia) e Eucalyptus urophylla (0,0015 g g-1dia). A taxa de decomposição da serapilheira foliar do povoamento de Pterogyne nitens situa-se em uma posição superior em relação às taxas da floresta nativa e do povoamento de Eucalyptus urophylla, o que proporciona à espécie maior capacidade de reciclar matéria orgânica e nutrientes. O processo de decomposição nos ecossistemas estudados é influenciado não apenas pela qualidade do folhedo, mas também pela qualidade do seu microambiente.

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Publicado

28-12-2016

Como Citar

Pinto, H. C. A., Barreto, P. A. B., Rodrigues, E. F. da G., de Oliveira, F. G. R. B., de Paula, A., & Amaral, A. R. (2016). DECOMPOSIÇÃO DA SERAPILHEIRA FOLIAR DE FLORESTA NATIVA E PLANTIOS DE <i>Pterogyne nitens</i> E <i>Eucalyptus urophylla</i> NO SUDOESTE DA BAHIA. Ciência Florestal, 26(4), 1141–1153. https://doi.org/10.5902/1980509825105

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