CRESCIMENTO DE ESPÉCIES NATIVAS DE CERRADO E DE <i>Vetiveria zizanioides</i> EM PROCESSOS DE REVEGETAÇÃO DE VOÇOROCAS

Autores

  • Thamy Dias Marques
  • Hudson Eustáquio Baêta
  • Mariangela Garcia Praça Leite
  • Sebastião Venâncio Martins
  • Alexandra Rodrigues Kozovits

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509816584

Palavras-chave:

<i>Cratylia argentea</i>, <i>Echinolaena inflexa</i>, revegetação, voçoroca.

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/1980509816584

Taxas de germinação de sementes, sobrevivência e crescimento de plantas, parâmetros estes avaliados no presente estudo, são informações essenciais para a caracterização do potencial biológico de espécies para uso em processos de recuperação de áreas degradadas. A falta de conhecimento sobre tais aspectos em espécies nativas têm justificado o uso de plantas exóticas na revegetação de voçorocas em todo o Brasil. Entretanto, especialmente em locais sujeitos à grande sazonalidade climática e sobre solos oligotróficos, espécies exóticas nem sempre apresentam bom desempenho, levando o empreendimento de revegetação ao insucesso ou elevando consideravelmente a necessidade de aplicação de tratos culturais. Com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre o potencial biológico para revegetação em voçorocas de plantas nativas do cerrado e de uma gramínea exótica, que vem sendo amplamente usada em projetos de contenção de erosão, plântulas e touceiras das espécies nativas Cratylia argentea (Desv.) Kuntze e Echinolaena inflexa (Poir.) Chase, e da exótica Vetiveria zizanioides (L.) Nash foram transferidas para o colúvio de uma voçoroca no município de Ouro Preto - MG, onde permaneceram durante a estação seca de 2010 sem aplicação de fertilizantes ou irrigação. Em blocos ao acaso, parcelas de 1 x 1 m receberam aleatoriamente quatro tratamentos de plantio: touceiras de Echinolaena inflexa ou de Vetiveria zizanioides; e touceiras destas gramíneas em consórcio com a leguminosa arbustiva Cratylia argentea. Todas as gramíneas e 73% das plântulas da leguminosa sobreviveram. Como esperado, a cobertura verde de Echinolaena. Inflexa diminuiu ao longo da estação seca, tendo, entretanto, rebrotado após as primeiras chuvas. Vetiveria zizanioides manteve a área foliar ativa e apresentou crescimento significativo no período. Cratylia argentea apresentou altas taxas de germinação de sementes e de crescimento, entretanto, nodulação ocorreu em apenas dois indivíduos. Assim, não houve influência da leguminosa no crescimento das gramíneas. Os resultados indicam que tanto as espécies nativas do cerrado como a gramínea exótica possuem alto potencial para revegetação em colúvio de voçoroca, tendo sobrevivido ao período crítico de seca e sobre substrato oligotrófico sem adição de fertilizantes ou irrigação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDERSSON, M. S. et al. Phenological, agronomic and forage quality diversity among germplasm accessions of the tropical legume shrub Cratylia argentea. Journal of Agricultural Science, v. 144, p. 237-248.2006.

ANDREU, V. et al.Testing three Mediterranean shrub species in runoff reduction and sediment transport. Soil Tillage Research, v. 45, p. 441-454. 1998.

AMUNDSON, R. G. et al. Stomatal responsiveness to changing light intensity increases rain-use efficiency of below-crown vegetation in tropical savannas. Journal of Arid Environments, v. 29, p. 139-153. 1995.

BACELLAR, L. A. P. Condicionantes geológicos, geomorfológicos e geotécnicos dos mecanismos de voçorocamento na bacia do rio Maracujá Ouro Preto, MG. 2000.226 f. Tese. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

BACELLAR, L. A. P. et al. Controlling factors of gullying in the Maracujá Catchment, southeastern Brazil. EarthSurface Processes and Landforms, v 30, p. 1369-1385.2005.

BARBOSA, L. M. Considerações Gerais e Modelos de Recuperação de Formações Ciliares. In: RODRIGUES, R. R., LEITÃO FILHO, H. F. (Eds.). Matas Ciliares: Conservação e Recuperação.São Paulo: EDUSP, FAPESP. 2000.p. 289-312

BRADY, N.; WEIL, R.. The nature and properties of soils. 14 th ed. Prentice-Hall, N. 2008.

BRINDLE, F. A. Use of native vegetation and biostimulants for controlling soil erosion on steep terrain. Journal of the Transportation Research Board.Eighth International Conference on Lowvolume Roads, v. 1, p. 203-209.2003.

BRITO, D. Q. et al. Resposta do estrato ao aumento da disponibilidade de nutrientes em comunidade de cerrado sensu stricto. In: II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS, 2008, Brasília, Anais... 2008.

CASTRO, P. T. C. Cobertura Vegetal e indicadores microbiológicos em taludes revegetados. 2007. 52 f. Dissertação. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

CHONG, C. W.; CHU, L. M. Growth of vetivergrass for cutslope landscaping: effects of container size and watering rate. Urban Forestry & Urban Greening, v. 6, n. 135-141. 2007.

COHEN, M.; REY, F. Dynamiques végétales et érosion hydrique sur les marnes les Alpes francaises du Sud. Géomorphologie : relief, processus.Environnement, v.1, p. 31-44. 2005.

COSTA, F. M.; BACELLAR, L. A. P. Analysis of the influence of gully erosion in the flow pattern of catchment streams, Southeastern Brazil. Catena, v. 69, n. 3, p. 230-238. 2007.

DASS, A. et al. Runoff capture through vegetative barriers and planting methodologies to reduce erosion, and improve soil moisture, fertility and crop productivity in southern Orissa, India. Nutriente Cycling Agroecosystems, v. 89, p. 45-57. 2011.

DE BAETS, S. et al. Effect of grass roots on the erodibility of top soils during concentrated flow. Geomorphology, v.76, p. 54-67. 2006.

DEWAR, R. C. A root-shoot partitioning model based on carbon-nitrogen-water interactions and Much phloem flow. Functional Ecology, v. 7, p. 356-368. 1993.

DUDAI, N.et al. GROWTH MANAGEMENT OF VETIVER (VETIVERIA ZIZANIOIDES) UNDER MEDITERRANEAN CONDITIONS. Journal of Environmental Management, v. 81, p. 63-71. 2006.

EDELSTEIN, M., et al. Vetiver (Vetiveria zizanioides) responses to fertilization and salinity under irrigation conditions. Journal of Environmental Management, v. 91, p. 215-221. 2009.

EITEN, G. The cerrado vegetation of central Brazil. Botanical Review. v. 38, p. 201-341. 1972.

GOMIDE, P. H. O. et al. Atributos Físicos, Químicos e Biológicos do Solo em Ambientes de Voçorocas no Município de Lavras – MG. Revista Brasileira Ciência do Solo, v. 35, p. 567-577. 2011.

GUALTER, R. M. R. et al. Inoculação e adubação mineral em feijão-caupi: efeitos na nodulação, crescimento e produtividade. Scientia Agrária, v. 9, n. 4, p. 469-474. 2008.

GUERRERO-CAMPO, J. et al. Plant traits enabling survival in Mediterranean badlands in northeastern Spain suffering from soil erosion.Journal of Vegetation Science,v. 19, p. 457-464. 2008.

GYSSELS, G.; POESEN, J. The importance of plant root characteristics in controlling concentrated flow erosion rates. Earth Surface Processes and Landforms, v. 28, p. 371-384. 2003.

HARIDASSAN, M. Nutrição Mineral De Plantas Nativas Do Cerrado. Revista Brasileira de FisiologiaVegetal, v. 12, p. 54-64.2000.

IBRAHIM, M.et al. Promoting intake of Cratyliaargentea as a dry season supplement for cattle grazing Hyparrhenia rufa in the subhumid tropics. Agroforestry Systems, v. 51, p. 167-175. 2001.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis IBAMA. Manual de Recuperação de áreas degradadas pela mineração: técnicas de revegetação. Brasília: 95p.1990.

Ke, C. et al..Design principles and engineering samples of applying vetiver ecoengineering technology for steep slope and riverbank stabilization. In: Proc 3rd Int’l Conf. on Vetiver. Guangzhou, China. China Agricultural Press, Beijing, 2003.p. 365-374.

LAVANIA, U. C. et al. Vetiver system ecotechnology for water quality improvement and environmental enhancement. Current Science, v. 86, p. 11-14. 2004.

LEITE, G. G. et al. Dinâmica de Perfilhos em Gramíneas Nativas dos Cerrados do Distrito Federal submetidas à Queima. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 26, n. 4, p. 691-696. 1997.

MACHADO, R. L.Perda de Solo e Nutrientes em Voçorocas com Diferentes Níveis de Controle e Recuperação no Médio Vale do Rio Paraíba do Sul. 2007.87 f. Dissertação. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica.

MARTINS, C. R.Revegetação com gramíneas de uma área degradada no Parque Nacional de Brasília, DF, Brasil. 1996. 100 f. Dissertação. Universidade de Brasília, Brasília.

MARTINS, C. R. et al. Recuperação de uma área pela mineração de cascalho como o uso de gramíneas nativas. Revista Árvore, v. 25, n. 2, 157-166. 2001.

MARTINS C. R. Caracterização e Manejo da Gramínea Melinis Minutiflora P. Beauv. Capim Gordura: Uma espécie invasora do cerrado. 2006. 162 f. Tese. Universidade de Brasília. Brasília.

MAASS, B. L. Evaluación agronómica de Cratylia argentea (Desvaux) O. Kuntze en Colombia. En: Potencial del Género Cratylia como Leguminosa Forrajera. PIZARRO, E. A. y CORADIN, L. (Eds.). EMBRAPA, CENARGEN, CPAC y CIAT. p. 62-74. 1996.

MIRANDA, V. T. Competitividade de espécies arbóreas, juvenis e gramíneas do cerrado e suas respostas ao aumento da disponibilidade de nitrogênio. 2009.57 f. Dissertação. Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto.

MIYASAKA, S. Histórico do estudo de adubação verde, leguminosas viáveis e suas características. Adubação Verde no Brasil. Fundação Cargill, p. 64-123. 1984.

MORAIS, F. et al. (2004). Análise da erodibilidade de saprolitos de gnaisse. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 28, p.1055-1062.

MOREIRA, M. A. Modelo de plantio de florestas mistas para a recuperação de Mata Ciliar. 2002. 99 f. Dissertação.Universidade Federal de Lavras, Lavras.

MORGAN, R. P. C. Soil erosion and conservation, 3nd edn. Blackwell Science Ltd., Oxford (UK), 2005.p. 299.

MUÑOZ-ROBLES, C.et al. Factor related to gully erosion in woody encroachment in south-eastern Australia. Catena, v. 83, p. 148-157. 2010.

OROZCO, M. Caracterização da Gramínea Vetiveria Zizanioides para Aplicação na recuperação de Áreas Degradadas por Erosão. 2009.96 f.Dissertação. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

PARZANESE, G. A. C. Gênese e desenvolvimento das voçorocas em solos originados de rochas granitóides da região de Cachoeira do Campo, Minas Gerais. 1991.117 f.Dissertação. Universidade Federal de Viçosa,Viçosa.

PEREIRA, A. R. Uso do Vertiver na Estabilização de Encostas e Taludes. Boletim Técnico DeFlor. Ano 01- no 003. 2006.

PETERS, D. P. C. et al. Spatial Variation in Remnant Grasses After a Grassland-to-Shrubland State Change: Implications for Restoration. Rangeland Ecology Manage, v. 59,p. 343-350. 2006.

PIVELLO, V. R. Invasões Biológicas no Cerrado Brasileiro: Efeitos da Introdução de Espécies Exóticas sobre a Biodiversidade . ECOLOGIA . INFO 33. 2005.

RADAMBRASIL. Levantamentos de recursos naturais. Folhas SF 23/24. Rio de Janeiro/Vitória. Rio de Janeiro, 32, 1983. p.767.

RAMOS, A. K. B. et al.Algumas Informações sobre Produção e Armazenamento de Sementes de Cratylia argentea. Circular Técnica 25, EMBRAPA, DF. 2003.

RAVEN, P. H. et al. Biologia Vegetal. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2001. p. 477-496.

RESENDE, M., CURI, N., REZENDE, S. B., CORRÊA, G. F. Pedologia: base para distinção de ambientes.Viçosa: NEPUT, 1995. 304p.

RIZZINI, C. T.; HERINGER, E. P. Preliminares acerca das formações vegetais e do reflorestamento no Brasil Central. Rio de Janeiro. Ed. Serviço de Informações Agrícola. 1962. 79p.

RIZZINI, C. T., Tratado de Fitogeografia do Brasil. São Paulo: HUCITEC/EDUSP, p.374.

SCHLESINGER, W. H.. An analysis of Global Change. 2nd ed. Academic Press, San Diego. 1997. 558 p.

SCHULTZE-KRAFT, R. Leguminous forage shrubs for acid soils in the tropics. In: Grassland Science in Perspective. Wageningen Agricultural University Papers 96–4 (Eds) ELGERSMA, A., STRUIK, P. C. AND MAESEN, L. J. G. VAN DER, Wageningen, the Netherlands: Wageningen Agricultural University.1996. p. 67-81.

SILVA, A. D.; KLINK , C. A. Dinâmica de foliação e perfilhamento de duas gramíneas C4 e uma C3 nativas do Cerrado. Revista Brasileira de Botânica, v. 24, n. 4,p. 441-446. 2001.

SILVA, J. J.; SALIBA, E. O. S. Pastagens consorciadas: Uma alternativa para sistemas extensivos e orgânicos. Arquivo brasileiro de Veterinária e Zootecnia,v. 14, n. 1, p. 8-18.2007.

SOBREIRA, F. G. 1998. Estudo das erosões de Cachoeira do Campo, Ouro Preto, MG. Universidade Federal de Ouro Preto. 130 p.

SOBREIRA, F. G. 2000. Riscos geológicos do distrito de Cachoeira do Campo, MG. Revista da Escola deMinas, v. 45, p. 85-87.

SOUZA, A., et al. 2005. Gramíneas do cerrado: carboidratos não-estruturais e aspectos ecofisiológicos. Acta Botânica Brasílica, v. 19, n. 1, p. 81-90.

STAVI, I., LAL, R. 2011. Variability of soil physical quality and erodibility in a water-eroded cropland. Catena, v. 84, 148-155.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. 2009. Fisiologia Vegetal. 4ª ed. Artmed, Porto Alegre.

TOY, T. J. et al. Soil Erosion: Processes, prediction, measurement, and control. John Wiley and Sons, Inc. 338 p. 2002.

TRUONG P. Vetiver grass technology for land stabilisation, erosion and sediment control in the Asia Pacific region. In: Proc. First Asia Pacific Conference on Ground and Water Bioengineering for Erosion Control and Slope Stabilisation, Manila, Philippines. Int Eros Control Assoc, Steamboat Springs, USA,. 1999.p. 72–84

TRUONG, P. N. V.; HENGCHAOVANICH, D. Application of the Vetiver Grass system in land stabilisation, erosion and sediment control in civil construction. Proc. Southern Region Symposium.Queensland Department of Main Roads. 1997.

Downloads

Publicado

26-12-2014

Como Citar

Marques, T. D., Baêta, H. E., Leite, M. G. P., Martins, S. V., & Kozovits, A. R. (2014). CRESCIMENTO DE ESPÉCIES NATIVAS DE CERRADO E DE <i>Vetiveria zizanioides</i> EM PROCESSOS DE REVEGETAÇÃO DE VOÇOROCAS. Ciência Florestal, 24(4), 843–856. https://doi.org/10.5902/1980509816584

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)