Micorrização e crescimento de progênies de <i>Hymenaea stignocarpa</i> Mart. ex. Hayne em subsolo de área degradada
DOI:
https://doi.org/10.5902/198050988457Palavras-chave:
fungos micorrízicos arbusculares, cerrado, jatobá-do-cerrado, recuperação de áreas degradadasResumo
Nos ecossistemas tropicais, pouco ainda se conhece sobre as relações entre os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) e a variabilidade genética dos hospedeiros, especialmente das espécies arbóreas. O presente trabalho teve como objetivo verificar a resposta de 19 progênies de jatobá-do-cerrado (Hymenaea stignocarpa Mart. ex. Hayne) à inoculação, por meio da colonização micorrízica e o crescimento inicial de mudas cultivadas em subsolo de área decapitada, em condições de casa de vegetação. As plântulas, germinadas em laboratório, foram transferidas para sacos plásticos contendo 3 kg da mistura subsolo e areia (4:1). Para a inoculação, cada repetição recebeu 100 gramas de solo (com cerca de 48 esporos de FMA) proveniente de uma área de cerrado preservado. Aos 120 dias avaliou-se a colonização micorrízica (COL), o número de esporos (NE) de FMA, a altura de planta (AP), o peso da massa seca da parte aérea (MSPA) e massa fresca do sistema radicular (MFSR). Os maiores valores para COL, MSPA e MFSR foram observados nas progênies JC7, JC18, JC29, JC27 e JC14, sendo que as JC7 e JC18 proporcionaram, também, os maiores números de esporos de FMA. Houve correlação significativa e positiva entre COL e demais variáveis (AP, NE, MSPA e MFSR) e entre MFSR e demais variáveis (NE, AP e MSPA). Conclui-se que existe variabilidade entre os genótipos de Hymenaea stignocarpa no crescimento (AP, MSPA e MFSR) e micorrização (COL e NE), com destaque para duas progênies (JC7 e JC18), pelos valores mais elevados, as quais são resultados de uma maior afinidade aos isolados de FMA presentes no solo-inóculo.Downloads
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