Silvicultura de <i>Schizolobium parahyba</i> var. <i>amazonicum</i> (Huber ex Ducke) Barneby praticada pelos povos originários na Amazônia brasileira
DOI:
https://doi.org/10.5902/1980509866921Palavras-chave:
Amazônia, Indígena, Pinho-cuiabano, SilviculturaResumo
Os povos originários, na Amazônia brasileira, em muito têm contribuído com a domesticação de inúmeras espécies vegetais atualmente utilizadas. Todavia, esses povos enfrentam limitações legais para comercializar seus produtos florestais produzidos de forma sustentável. Nesse aspecto, o estudo teve como objetivo evidenciar a estrutura demográfica de Schizolobium parahyba var amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby, em dois sítios, de condução da regeneração natural em área agricultável (policultivo) realizado por indígenas e floresta nativa, a fim de gerar indicadores para nortear a discussão acerca dos aspectos legais da silvicultura de condução de regeneração natural em terras indígenas, na Amazônia brasileira. Para a realização do estudo, foram amostrados três ambientes de ocorrência da referida espécie: florestas em estágios clímax conservada, floresta alterada e área de agricultura com a condução da regeneração natural da espécie, conduzido pelos povos originários. O resultado da pesquisa constatou que na floresta clímax e alterada a espécie tem densidade populacional reduzida em função de seu caráter ecológico, por ser heliófila. Quanto ao ambiente de condução da regeneração natural, a mesma espécie apresentou diferenciação estrutural dos demais ambientes, demonstrando o efeito da prática silvicultural da condução da regeneração, na forma de policultivo, associada a outras espécies agrícolas. Todavia, a vacância de amparo legal para comercialização da madeira pelos povos originários desincentiva esta prática silvicultural sustentável, e incentiva o cultivo simplificado como do café e outros cultivos agrícolas solteiros.
Downloads
Referências
ADAMY, A. (org.). Geodiversidade do estado de Rondônia. Porto Velho: CPRM, 2010, 337 p.
ALMEIDA, L. S.; GAMA, J. R.V.; OLIVEIRA, F. A.; CARVALHO, J. O. P.; GONÇALVES, D. C. M.; ARAÚJO, G. C. Fitossociologia e uso múltiplo de espécies arbóreas em floresta manejada, comunidade Santo Antônio, município de Santarém, estado do Pará. Acta Amazonica, Manaus, v. 42, n. 2, p. 185–194, 2012.
ALVARES, C. A.; STAPE, J. L.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVES, J. L. M.; SPAROVEK, G. Köppen’s Climate Classification Map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, Sttutgart, v. 22, n. 6, p. 711-728, dez. 2013.
ANDRADE, R. T.; PANSINI, S.; SAMPAIO, A. F.; RIBEIRO, M. S. CABRAL, G. S.; MANZATTO, Â. G. Fitossociologia de uma floresta de terra firme na Amazônia sul-ocidental, Rondônia, Brasil. Biota Amazônia (Biote Amazonie, Biota Amazonia, Amazonian Biota), Macapá, v. 7, n. 2, p. 36-42, jun. 2017.
AYRES, M., AYRES Jr., M., AYRES, D. L., SANTOS, A. A. S. Bioestat 5.3 aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém: IDSM, 2007. 364 p.
CARVALHO, P. E. R. Paricá Schizolobium Amazonicum – taxonomia e nomeclatura. Circular Técnica – Embrapa, Colombo, PR, 2007, 8 p.
CLEMENT, C. R. 1492 and the Loss of Amazonian Crop Genetic Resources. I. The Relation between Domestication and Human Population Decline. Economic Botany, [s.l.], v. 53, n. 2, p. 188-202, abr. 1999.
CLEMENT, C. R.; DE CRISTO-ARAÚJO, M.; COPPENS D’EECKENBRUGGE, G.; ALVES PEREIRA, A.; PICANÇO-RODRIGUES, D. Origin and Domestication of Native Amazonian Crops. Diversity, [s.l.], v. 2, n. 1, p. 72–106, jan. 2010.
CLEMENT, C R.; DENEVAN, W. M.; HECKENBERGER, M. J.; JUNQUEIRA, A. B.; NEVES, E. G.; TEIXEIRA, W. G.; WOODS W. I. The Domestication of Amazonia before European Conquest. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, [s.l.], v. 282, n. 1812, p. 1-9, ago. 2015.
CYSNEIROS, V. C.; MENDONÇA JÚNIOR, J. O.; LANZA, T. R.; MORAES, J. C. R.; SAMOR, O. J. M. Espécies madeireiras da Amazônia: riqueza, nomes populares e suas peculiaridades. Pesquisa Florestal Brasileira. Colombo, v. 38, p. 1-14, dez. 2018.
DUART, J. A. P.; MAFRA, N. do A.; FERREIRA, G. C. Composição e estrutura florística de florestas degradadas e secundárias da mesorregião Sudeste Paraense, PA, Brasil, Biota Amazônia, Macapá, v. 8, n. 2, p. 32-43, 2018.
FAO. Editorial – Silviculture: A Key to Sustainable Forest Management. Unasylva, Roma, v. 46, n. 181, 1995.
FRANCA, R. R. Climatologia das chuvas em Rondônia – período 1981-2011. Geografias, Belo Horizonte, v. 11, n. 1, p. 44–58, jun. 2015.
HARPER, J. L. Population Biology of Plants. Londres/Nova York: Academic Press, 1977.
IBAMA/MMA. Plano de Manejo da Floresta Nacional do Jamari – Rondônia. 2005. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/amazonia/unidades-de-conservacao-amazonia/1959-flona-do-jamari. Acesso em: 7 abr. 2021.
IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fitogeográfico: inventário das formações florestais e campestres: técnicas e manejo de coleções botânicas: procedimentos para mapeamentos. 2ª ed. rev. e amp.. Rio de Janeiro: IBGE, 2012, 272 p.
IBGE. Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. Rio de Janeiro, Notas técnicas, v. 34, 2019.
INMET. Dados meteorológicos. Disponível em: http://portal.inmet.gov.br/. Acesso em: 7 abr. 2021.
ISA. Localização e extensão das TIs – Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Localiza%C3%A7%C3%A3o_e_extens%C3%A3o_das_Tis. Acesso em: 7 ab. 2021.
JACOBSEN, R. H. F. e tal. Grupos florísticos em remanescente de Floresta Ombrófila Aberta Submontana. Revista Brasileira de Ciências da Amazônia, [s.l.], v. 4, n. 1, p. 41–52, set. 2015.
LEMOS, D. A. N.; FERREIRA, B. G. A.; SIQUEIRA, J. D. P.; OLIVEIRA, M. M.; FERREIRA, A. M. Floristic and Phytosociology in Dense “Terra Firme” Rainforest in the Belo Monte Hydroelectric Plant Influence Area, Pará, Brazil. Brazilian Journal of Biology, São Carlos, v. 75, n. 3, p. 257–276, ago. 2015.
LOUMAN, B.; QUIRÓS, D.; NILSSON, M. Silvicultura de bosques latifoliados húmedos con énfasis en América Central. Turrialba: C.R. CATIE, 2001, 265 p.
MEYER, H. A. Structure, Growth, and Drain in Balanced Uneven-Aged Forests. Journal of Forestry, [s.l.], v. 50, n. 2, p. 85–92, fev. 1952.
MARTORANO, L. G.; SIVIERO, M. A.; TOURNE, DAIANA C.M.; VIEIRA, S. B.; FITZJARRALD, D. R.; VETTORAZZI, C. A.; BRIENZA JUNIOR, S.; YEARED, J. A. G.; MEYERING, E.; LISBOA, L. S. Agriculture and forest: A sustainable strategy in the Brazilian Amazon. AUSTRALIAN JOURNAL OF CROP SCIENCE (ONLINE), v. 10, p. 1136-1143, 2016.
NEVES, E.G. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. 96 p.
NEVES, E.G. O Velho e o Novo na Arqueologia Amazônica. Revista USP, São Paulo, s/v, n. 44, p. 86–111, dez. 1999.
OHASHI, S. T.; YARED, J. A. G.; FARIAS NETO, J.T. Variabilidade Entre Procedências de Paricá Schizolobium Parahyba Var Amazonicum (Huber Ex Ducke) Barneby Plantadas No Município de Colares – Pará. Acta Amazonica, Manaus, v. 40, n. 1, p. 81–88, mar. 2010.
OLIVEIRA, J. C. VIEIRA, I. C. G.; ALMEIDA, A. S.; SILVA JUNIORA, C.A. Floristic and Structural Status of Forests in Permanent Preservation Areas of Moju River Basin, Amazon Region. Brazilian Journal of Biology: [s.l.], v. 76, n. 4, p. 912–927, nov. 2016.
PUIG, H. A floresta tropical úmida. São Paulo: Ed. Unesp, 2009, 496 p.
SILVA, G. F.; MENDONÇA, A. R.; HOFFMANN; ZANETI, L. Z.; CHICHORRO, J. F.; FERREIRA, R. L. C. Rendimento em laminação de madeira de Paricá na região de Paragominas, Pará. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 25, n. 2, p. 447-455, abr./jun. 2015.
SCHWARTZ, G.; PEREIRA, P. C. G.; SIVIERO, M. A.; PEREIRA, J. F.; RUSCHEL, A. R.; YARED, J. A. G. Enrichment planting in logging gaps with Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby: A financially profitable alternative for degraded tropical forests in the Amazon. FOREST ECOLOGY AND MANAGEMENT, v. 390, p. 166-172, 2017.
SILVA, J. N. M.; LOPES, J. C. A.; OLIVEIRA, L. C.; SILVA, S. M. A.; CARVALHO, J. O. P; COSTA, D. H. M.; MELO, M. S.; TAVARES, M. J. M. Diretrizes para instalação e medição de parcelas permanentes em florestas naturais da Amazônia Brasileira. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2005, 68 p.
SOUZA, A. L.; SOAREAS, C. P. B. Florestas Nativas: Estrutura, Dinâmica e Manejo. Viçosa: UFV, 2013, 322 p.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Ciência Florestal
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
A CIÊNCIA FLORESTAL se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da lingua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
As provas finais serão enviadas as autoras e aos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista CIÊNCIA FLORESTAL, sendo permitida a reprodução parcial ou total dos trabalhos, desde que a fonte original seja citada.
As opiniões emitidas pelos autores dos trabalhos são de sua exclusiva responsabilidade.