ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS E ESTRUTURA DE COMUNIDADES BACTERIANAS COMO INDICADORES DA QUALIDADE DO SOLO EM PLANTIOS FLORESTAIS NA MATA ATLÂNTICA

Autores

  • Andressa Danielli Canei
  • Anabel González Hernández
  • Diana M. L. Morales
  • Emanuela P. da Silva
  • Luiz F. Souza
  • Arcangelo Loss
  • Cledimar Rogério Lourenzi
  • Maurício Sedrez dos Reis
  • Cláudio R. F. S. Soares

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509835049

Palavras-chave:

Araucaria angustifolia, atividade enzimática, microrganismos, reflorestamento.

Resumo

No Brasil, a fim de minimizar o impacto da exploração de espécies arbóreas para fins comerciais em florestas nativas, plantios florestais têm sido implantados, majoritariamente, com espécies exóticas. A avaliação de tais cultivos quanto ao impacto proporcionado ao ambiente em atributos que podem garantir sua produtividade tem recebido maior atenção nos últimos anos, enquadrando-se neste contexto, o estudo de atributos microbiológicos. Deste modo, este trabalho teve como objetivo avaliar os impactos de plantios florestais de pinus e araucária sobre os atributos microbiológicos do solo e a estrutura da comunidade bacteriana, que podem funcionar como indicadores da qualidade do solo. Para tanto, foram coletadas amostras de solo em três áreas na Floresta Nacional de Três Barras (FLONA), Santa Catarina (SC): uma área de floresta nativa (F), uma área de reflorestamento com araucária (A) e outra com pinus (P). Posteriormente, foi realizada a caracterização química e física do solo, além das análises microbiológicas: respiração basal, atividade da enzima β-glucosidase e fosfatase ácida, e análise de composição da comunidade bacteriana por PCR-DGGE. Os solos das três áreas de estudo apresentaram baixa fertilidade, destacando a importância dos microrganismos para a manutenção desses ambientes. A atividade da enzima β-glucosidase e da fosfatase ácida foi maior nas áreas F e A, sugerindo maior presença de microrganismos importantes para a ciclagem de nutrientes. A análise da estrutura da comunidade bacteriana demonstrou que há uma baixa divergência entre as áreas de pinus e araucária. Pode-se concluir que, com base nos atributos microbiológicos e na estrutura de comunidades bacterianas do solo, em plantios florestais da Mata Atlântica, a araucária destaca-se como melhor alternativa para reflorestamento, visando à manutenção da qualidade do solo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALLISON, S. D.; MARTINY, J. B. Resistance, resilience, and redundancy in microbial communities. Proceedings of the National Academy of Sciences, New York, v. 105, n. 1, p. 11512-11519, aug. 2008.

ARAÚJO, A. S. F.; MONTEIRO, R. T. R. Indicadores biológicos de qualidade do solo. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 23, n. 3, p. 66-75, jul. 2007.

ARAÚJO, E. A. et al. Qualidade do solo: conceitos, indicadores e avaliação. Revista Brasileira de Tecnologia Aplicadas nas Ciências Agrárias, Guarapuava, v. 5, n. 1, p. 187-206, jan. 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS. Anuário estatístico da ABRAF 2013 ano base 2012. Brasília: ABRAF, 2013.

BACHA, C. J. C. Análise da evolução do reflorestamento no Brasil. Revista de Economia Agrícola, São Paulo, v. 55, n. 1, p. 5-24, jul. 2008.

BALOTA, E. L. et al. Soil microbial properties after long-term swine slurry application to conventional and no-tillage systems in Brazil. Science of the Total Environment, Barcelona, v. 490, p. 397-404, aug. 2014.

BARETTA, C. R. D. M. Diversidade microbiana em solos sob florestas de Araucaria angustifolia. 2007. 184 f. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2007.

BARETTA, D.; BARETTA, C. R. D. M.; CARDOSO, E. J. B. N. Análise multivariada de atributos microbiológicos e químicos do solo em florestas com Araucaria angustifolia. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 32, n esp, p. 2683-2691, out. 2008.

BARETTA, D. et al. Efeito do monocultivo de Pinus e da queima do campo nativo em atributos biológicos do solo no Planalto Sul-Catarinense. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 29, n. 5, p. 715-724, sept. 2005.

BRADY, N. C. Natureza e propriedades dos solos. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989. 898 p.

CALDEIRA, M. V. W. et al. Carbono orgânico em solos florestais. In: SANQUETTA, C. R. et al. (Ed.). As florestas e o carbono. Curitiba: Imprensa Universitária da UFPR, 2002. p. 191-213.

CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Colombo: EMBRAPA; CNPF; SPI, 1994. 640 p.

CARVALHO, F.; MOREIRA, F. M. S.; CARDOSO, E. J. B. Chemical and biochemical properties of Araucaria angustifolia (Bert.) Ktze. forest soils in the state of São Paulo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Lavras, v. 36, n. 4, p. 1189-1202, jul. 2012.

CHAER, G. M.; TÓTOLA, M. R. Impacto do manejo de resíduos orgânicos durante a reforma de plantios de eucalipto sobre indicadores de qualidade do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 31, n. 6, p. 1381-1396, nov. 2007.

COUTO, R. R. et al. Microbiological and chemical attributes of a Hapludalf soil with swine manure fertilization. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 48, n. 7, p. 774-782, jul. 2013.

DORAN, J. W.; PARKIN, T. B. Defining and assessing soil quality. In: DORAN, J. W. et al. (Ed.). Defining soil quality for a sustainable environment. Madison: SSSA, 1994. p. 1-20.

EIVAZI, F.; TABATABAI, M. A. Glucosidases and galactosidases in soils. Soil Biology and Biochemistry, Leicestershire, v. 20, n. 5, p. 601-606, 1988.

EIVAZI, F.; TABATABAI, M. A. Phosphatases in soils. Soil Biology and Biochemistry, Leicestershire, v. 9, n. 3, p. 167-172, 1977.

EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1997. 230 p.

FERRARI, A. M. W. A utilização de madeira nativa para exploração comercial sustentável no setor de construção civil: a possibilidade da Araucaria angustifolia. 2011. 189 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, nov. 2011.

FRANZLUEBBERS, A. J. Should soil testing services measure soil biological activity? Agricultural & Environmental Letters, Madison, v. 1, n. 1, feb. 2016.

HERRERA, R. et al. Amazon ecosystems. Their structure and functioning with particular emphasis on nutrients. Interciencia, Caracas, v. 3, n. 4, p. 223-231, jul. 1978.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES. Relatório IBÁ 2016. Brasília: IBÁ, 2016.

INOUE, M. T.; RODENJAN, C. V.; KUNIJOSKI, Y. S. Projeto madeira de Paraná. Curitiba, FUPEF, 1984. 260 p.

JENKINSON, D. S.; POWLSON, D. S. The effects of biocidal treatments on metabolism in soil. Fumigation with chloroform. Soil Biology and Biochemistry, Leicestershire, v. 8, n. 3, p. 167-177, aug. 1976.

KHEYRODIN, H.; GHAZVINIAN, K.; TAHERIAN, M. Tillage and manure effect on soil microbial biomass and respiration, and on enzyme activities. African Journal of Biotechnology, [s. l.], v. 11, n. 81, p. 14652-14659, oct. 2012.

LAGOS, A. R.; MULLER, B. L. A. Hotspot brasileiro - Mata Atlântica. Saúde & Ambiente em Revista, Duque de Caxias, v. 2, n. 2, jul. 2009.

LOPES, A. S.; GUILHERME, L. A. G. Solos sob cerrado: manejo da fertilidade para a produção agropecuária. São Paulo: ANDA, 1992. 49 p.

MEDEIROS, J. D.; SAVI, M.; BRITO, B. F. A. Seleção de áreas para criação de Unidades de Conservação na Floresta Ombrófila Mista. Biotemas, Florianópolis, v. 18, n. 2, p. 33-50, mar. 2005.

MENDES, J. B. Estratégias e mecanismos financeiros para florestas plantadas. 2005. 72 f. Monografia (MBA em Gestão Empresarial) – Fundação Getúlio Vargas, Curitiba, 2005.

MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Fixação biológica de nitrogênio atmosférico. Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras: UFLA, 2006. p. 449-542.

MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Transformações bioquímicas e ciclos dos elementos do solo. Microbiologia e bioquímica do solo. Lavras: UFLA, 2002.

MOREIRA-SOUZA, M. et al. Arbuscular mycorrhizal fungi associated with Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. Mycorrhiza, Oregon, v. 13, n. 4, p. 211-215, aug. 2003.

NERONI, R. F.; CARDOSO, E. J. B. N. Occurrence of diazotrophic bacteria in Araucaria angustifolia. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 64, n. 3, p. 303-304, may 2007.

NSABIMANA, D.; HAYNES, R. J.; WALLIS, F. M. Size, activity and catabolic diversity of the soil microbial biomass as affected by land use. Applied Soil Ecology, Firenze, v. 26, n. 2, p. 81-92, jun. 2004.

ØVREÅS, L. et al. Distribution of bacterioplankton in meromictic Lake Saelenvannet, as determined by denaturing gradient gel electrophoresis of PCR-amplified gene fragments coding for 16S rRNA. Applied and environmental microbiology, New York, v. 63, n. 9, p. 3367-3373, sept. 1997.

PAREDES JUNIOR, F. P. P.; PORTILHO, I. I. R.; MERCANTE, F. M. Microbiological attributes of the soil under cultivation of sugarcane with and without burning straw. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 36, n. 1, p. 151-164, jan. 2015.

R CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria, 2014.

SANTANA, D. P.; BAHIA FILHO, A. F. C. Soil quality and agricultural sustainability in the Brazilian Cerrado. In: WORLD CONGRESS OF SOIL SCIENCE, 1998, Montpellier. Proceedings… Montpellier: ISSS, 1998.

SCHOENHOLTZ, S. H.; VAN MIEGROET, H.; BURGER, J. A. A review of chemical and physical properties as indicators of forest soil quality: challenges and opportunities. Forest Ecology and Management, Eveleigh, v. 138, p. 335-356, nov. 2000.

SILVA, C. V.; SEDREZ, M. R. Produção de pinhão na região de Caçador, SC: aspectos da obtenção e sua Importância para comunidades locais. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 19, n. 4, p. 363-374, out. 2009.

SILVA, H. D. et al. Recomendação de solos para Araucaria angustifolia com base nas suas propriedades físicas e químicas. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, v. 43, p. 61-74, jul. 2001.

SILVA, L. G. et al. Atributos físicos, químicos e biológicos de um Latossolo de cerrado em plantio de espécies florestais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 44, n. 6, p. 613-620, jun. 2009.

SILVA, M. B. et al. Atributos biológicos do solo sob influência da cobertura vegetal e do sistema de manejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 42, n. 12, p. 1755-1761, dez. 2007.

SIQUEIRA, J. P. D. Os conflitos institucionais da gestão florestal no Brasil: um benchmarking entre os principais produtores florestais internacionais. 2003. 182 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.

SOUZA, I. M. Z. Carbono e nitrogênio da biomassa microbiana do solo em áreas reflorestadas comparadas ao campo e a mata nativa no planalto dos Campos Gerais, SC. 2005. 61 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

TABATABAI, M. A. Soil enzyme. In: PAGE, A. L.; MILLER, E. M.; KEENEY, D. R. (Ed.). Methods of Soil Analysis, Part 2, Chemical and Microbiological Properties. Madison: American Society of Agronomy, 1982. p. 903-947.

TABATABAI, M. A.; BREMENER, J. M. Use of p-nitrophenyl phosphate for assay of soil phosphatase activity. Soil Biology and Biochemistry, Leicestershire, v. 1, p. 301-307, nov. 1969.

TEDESCO, M. J. et al. Análises de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre: UFRGS, 1995. v. 2. 176 p.

VASQUEZ, A. G. et al. Uma síntese da contribuição do gênero Pinus para o desenvolvimento sustentável no sul do Brasil. Floresta, Curitiba, v. 37, n. 3, set. 2007.

THOMÉ, N. Ciclo da Madeira: história da devastação da Floresta da Araucária e do desenvolvimento da indústria da madeira em Caçador e na região do Contestado no século XX. Caçador: Universal, 1995. 206 p.

VASCONCELLOS, R. L. F. et al. Arbuscular mycorrhizal fungi and glomalin‐related soil protein as potential indicators of soil quality in a recuperation gradient of the Atlantic Forest in Brazil. Land Degradation & Development, Chichester, v. 27, n. 2, p. 325-334, jun. 2016.

VINHAL-FREITAS, I. C. et al. Land use impact on microbial and biochemical indicators in agroecosystems of the Brazilian Cerrado. Vadose Zone Journal, Oregon, v. 12, n. 1, jan. 2013.

ZALBA, S. M.; CUEVAS, Y. A.; BOÓ, R. M. Invasion of Pinus halepensis Mill. following a wildfire in an Argentine grassland nature reserve. Journal of Environmental Management, London, v. 88, n. 3, p. 539-546, aug. 2008.

ZANINETTI, R. A.; MOREIRA, A.; MORAES, L. A. C. Physical, chemical, and biological attributes of a Xanthic Oxisol after forest conversion to rubber tree plantation in the Amazon. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 51, n. 9, p. 1061-1068, set. 2016.

ZILLER, S. R. A Estepe gramíneo-lenhosa no segundo planalto do Paraná: diagnóstico ambiental com ênfase a contaminação biológica. 2000. 177 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2000.

WATZLAWICK, L. F. et al. Fixação de carbono em floresta ombrófila mista em diferentes estágios de regeneração. In: SANQUETTA, C. R. et al. (Ed.). As Florestas e o carbono. Curitiba: Imprensa Universitária da UFPR, 2002. p. 153-173.

Downloads

Publicado

16-12-2018

Como Citar

Canei, A. D., Hernández, A. G., Morales, D. M. L., Silva, E. P. da, Souza, L. F., Loss, A., Lourenzi, C. R., Reis, M. S. dos, & Soares, C. R. F. S. (2018). ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS E ESTRUTURA DE COMUNIDADES BACTERIANAS COMO INDICADORES DA QUALIDADE DO SOLO EM PLANTIOS FLORESTAIS NA MATA ATLÂNTICA. Ciência Florestal, 28(4), 1405–1417. https://doi.org/10.5902/1980509835049

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)