Banco de sementes de áreas alto-montanas em regeneração natural pós-distúrbio no Planalto Sul-Catarinense

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509830226

Palavras-chave:

Capacidade regenerativa, Resiliência ecológica, Sucessão

Resumo

Objetivou-se verificar a composição florístico-estrutural das plântulas regenerantes a partir do banco de sementes de três áreas em recuperação pós-distúrbios antrópicos, em ambientes alto-montanos do Parque Nacional de São Joaquim. As áreas 1 (A1) e 2 (A2) foram originadas da regeneração após o corte de remanescentes florestais e a área 3 (A3) foi originada da regeneração de campo nativo após práticas de pastoreio. As três áreas encontram-se protegidas há quase dez anos após a finalização dos distúrbios. Foram instaladas transecções de 20 × 100 m em cada área, subdivididas em 20 parcelas de 10 × 10 m, nas quais foram coletadas amostras de solos e serapilheira, totalizando 60 amostras. Os materiais coletados foram conduzidos à casa de vegetação, onde foram submetidos ao mesmo tratamento, com irrigação diária por aspersão. Foi realizada a avaliação quali-quantitativa mensal das plântulas emergentes, identificando-as e classificando-as quanto à origem (nativa ou exótica) e às formas de vida. Foram amostradas 5.604 plântulas, distribuídas em 62 táxons. Houve predominância de espécies herbáceas (74,2%) e nativas (67,7%), sendo Cyperus odoratus L. e Juncus capillaceus Lam. as mais abundantes. As áreas originadas a partir de desmatamentos apresentaram maior heterogeneidade de espécies e hábitos e maior densidade de plântulas regenerantes do banco de sementes, quando comparado com a área de Campo de Altitude. Conclui-se que o banco de sementes das áreas alto-montanas estudadas apresenta potencial de colonização imediata após distúrbios, com elevada riqueza e densidade de espécies herbáceas, que garantem o recobrimento do solo e, assim, o início e o suporte necessário para o avanço da dinâmica sucessional.

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Biografia do Autor

Edilaine Duarte, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Ana Carolina Silva, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Professor, Dr., Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Pedro Higuchi, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Professor, Dr., Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Roseli Lopes da Costa Bortoluzzi, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Professora, Dra., Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Janaina Gabriela Larsen, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Amanda da Silva Nunes, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Mariéle Alves Ferrer da Silva, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

Juliana Pizutti Dallabrida, Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, SC

Engenheira Florestal, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade do Estado de Santa Catarina, Av. Luiz de Camões, 2090, CEP 88520-000, Lages (SC), Brasil.

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Publicado

22-09-2022

Como Citar

Duarte, E., Silva, A. C., Higuchi, P., Bortoluzzi, R. L. da C., Larsen, J. G., Nunes, A. da S., Silva, M. A. F. da, & Dallabrida, J. P. (2022). Banco de sementes de áreas alto-montanas em regeneração natural pós-distúrbio no Planalto Sul-Catarinense. Ciência Florestal, 32(3), 1617–1639. https://doi.org/10.5902/1980509830226

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