DIFERENCIAÇÃO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DE TRÊS SETORES DE UM REMANESCENTE FLORESTAL RELACIONADA AO SEU HISTÓRICO DE PERTURBAÇÕES

Autores

  • Jean Daniel Morel
  • José Aldo Alves Pereira
  • Rubens Manoel dos Santos
  • Evandro Luiz Mendonça Machado
  • João José Marques

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509821093

Palavras-chave:

ecologia florestal, impactos ambientais, Floresta Estacional Semidecidual.

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/1980509821093

A fragmentação florestal é um dos principais agentes de redução da biodiversidade, interferindo diretamente nos processos ecológicos da comunidade arbórea. Este trabalho teve como objetivo avaliar parâmetros de diversidade, estrutura e composição em três setores de um remanescente florestal com históricos distintos de perturbações. A vegetação arbórea foi avaliada em 24 parcelas de 10 × 10 m, amostrando um total de 1228 indivíduos vivos. Foram quantificados o índice de diversidade de Shannon, a equabilidade de Pielou e os estimadores jackknife de primeira e segunda ordem. Os indivíduos amostrados foram distribuídos em classes de diâmetro e o valor de importância (VI) foi calculado para as espécies. Foi também realizada uma Análise de Correspondência Retificada (DCA) para verificar se há distinção entre os três setores. Constatou-se que o setor onde ocorreu corte raso e queima da vegetação possui maior abundância e riqueza, porém, tem a pior equabilidade, o que condiz com os efeitos das perturbações, corroborado também pela distribuição nas classes diamétricas e pelas espécies de maior VI. O setor que não possui perturbações e que está situado em um local com maior variedade de ambientes apresentou diversidade, estrutura e composição condizentes com estas situações. Já o outro setor, que não sofreu corte raso, está submetido ao pisoteio pelo gado e é ambientalmente semelhante ao primeiro setor, apresenta parâmetros condizentes com a ausência de perturbações severas. Por outro lado, a menor diversidade ambiental também o diferencia, o que o coloca em uma situação intermediária.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVES, L. F.; MARTINS, F. R.; SANTOS, F. A. M. Allometry of a neotropical palm, Euterpe edulis Mart. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 369-374, abr./jun. 2004.

APG. Angiosperm Phylogeny Group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 141, n. 4, p. 399-436, mar. 2003.

BOTREL, R. T. et al. Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutural da comunidade arbóreo-arbustiva de uma floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 195-213, mar./abr. 2002.

BRAAK, C. J. F. The analysis of vegetation environment relationships by canonical correspondence analysis. Vegetatio, The Hage, v. 69, n. 3, p. 69-77, apr. 1987.

BRAAK, C. J. F. Ordination. In: JONGMAN, R. H. G.; BRAAK, C. J. F.; TONGEREN, O. F. R. V. (Ed.). Data analysis in community and landscape ecology. Cambridge: University Press Cambridge, 1995. p. 91-173.

BRASIL. Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Departamento Nacional de Meteorologia. Normais climatológicas: 1961-1990. Brasília: MARA, 1992. 84 p.

BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field and laboratory methods for general ecology. 2. ed. Dubuque: W.M.C. Brow, 1984. 226 p.

BROWN, S.; LUGO, A. E. Tropical secondary forests. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 6, n. 1, p. 1-32, jan./feb. 1990.

CANTARELLO, E. et al. Simulating the potential for ecological restoration of dryland forests in Mexico under different disturbance regimes. Ecological Modelling, Amsterdam, v. 222, n. 5, p. 1112-1128, mar. 2011.

CARVALHO, D. A. et al. Estrutura fitossociológica de mata ripária do alto Rio Grande, Bom Sucesso, estado de Minas Gerais. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 39-49, jan./fev. 1995.

CARVALHO, D. A. et al. Florística e estrutura da vegetação arbórea de um fragmento de floresta semidecidual às margens do reservatório da Usina Hidrelétrica Dona Rita (Itambé do Mato Dentro, MG). Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 37-55, jan./mar. 2000.

CARVALHO, F. A.; NASCIMENTO, M. T. Estrutura diamétrica da comunidade e das principais populações arbóreas de um remanescente de floresta atlântica submontana (Silva Jardim-RJ, Brasil). Revista Árvore, Viçosa, v. 33, n. 2, p. 327-337, mar./abr. 2009.

CARVALHO, L. C. S. et al. Estrutura temporal de sete populações em três fragmentos florestais no Alto Rio Grande, Minas Gerais. Cerne, Lavras, v. 15, n. 1, p. 58-66, jan./mar. 2009.

CHAGAS, R. K. et al. Dinâmica de populações arbóreas em um fragmento de floresta estacional semidecidual montana em Lavras, Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa, v. 25, n. 1, p. 39-57, jan./fev. 2001.

CONNELL, J. H.; SLATYER, R. O. Mechanisms of succession in natural communities and their role in community stability and organization. The American Naturalist, Chicago, v. 111, n. 982, p. 1119-1140, nov./dec. 1977.

DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 484 p.

EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro: Embrapa, 2006. 306 p.

FINOTTI, R. et al. Variação na estrutura diamétrica, composição florística e características sucessionais de fragmentos florestais da bacia do rio Guapiaçu (Guapimirim/Cachoeiras de Macacu, RJ, Brasil). Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 464-475, abr./jun. 2012.

GUILHERME, F. A. G. et al. Soil profile, relief features and their relation to structure and distribution of Brazilian Atlantic Rain forest trees. Scientia Agricola, São Paulo, v. 69, n. 1, p. 61-69, jan./fev. 2012.

HORNER, G. J. et al. Forest structure, flooding and grazing predict understorey composition of floodplain forests in southeastern Australia. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 286, p. 148-158, dec. 2012.

IMAI, N. et al. Effects of selective logging on tree species diversity and composition of Bornean tropical rain forests at different spatial scales. Plant Ecology, Dordrecht, v. 213, n. 9, p. 1413-1424, sep. 2012.

JONES, M. M.; SZYSKA, B.; KESSLER, M. Microhabitat partitioning promotes plant diversity in a tropical montane forest. Global Ecology and Biogeography, Malden, v. 20, n. 4, p. 558-569, jul. 2011.

LAURANCE, W. F. et al. The fate of Amazonian forest fragments: a 32-year investigation. Biological Conservation, Amsterdam, v. 144, n. 1, p. 56-67, jan. 2011.

MACDOUGALL, A.; KELLMAN, M. The understorey light regime and patterns of tree seedlings in tropical riparian forest patches. Journal of Biogeography, Oxford, v. 19, n. 5, p. 667-675, sep./oct. 1992.

MACHADO, E. L. M. et al. Efeitos do substrato, bordas e proximidade espacial na estrutura da comunidade arbórea de um fragmento florestal em Lavras, MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 287-302, abr./jun. 2008.

MAGNAGO, L. F. S. et al. Variações estruturais e características edáficas em diferentes estádios sucessionais de floresta ciliar em tabuleiro, ES. Revista Árvore, Viçosa, v. 35, n. 3, p. 445-456, mai./jun. 2011.

MARTINEZ-GARZA, C.; HOWE, H. F. Restoring tropical diversity: beating the time tax on species loss. Journal of Applied Ecology, London, v. 40, n. 3, p. 423-429, mar. 2003.

MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: Wiley, 1974. 574 p.

NUNES, Y. R. F. et al. Variações da fisionomia, diversidade e composição de guildas da comunidade arbórea em um fragmento de floresta semidecidual em Lavras, MG. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 213-229, abr./jun. 2003.

OLIVEIRA FILHO, A. T. et al. Diversity and structure of the tree community of a patch of tropical secondary forest of the Brazilian Atlantic Forest Domain 15 and 40 years after logging. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 27, n. 4, p. 685-701, out./dez. 2004.

OLIVEIRA FILHO, A. T.; MELLO, J. M.; SCOLFORO, J. R. S. Effects of past disturbance and edges on tree community structure and dynamics within a fragment of tropical semideciduous forest in south-eastern Brazil over a five-year period: 1987–1992. Plant Ecology, Dordrecht, v. 131, n. 1, p. 45-66, jan./feb. 1997.

OLIVEIRA FILHO, A. T.; RATTER, J. A. A study of the origin of central Brazilian forests by the analysis of plant species distribution patterns. Edinburgh Journal of Botany, Edinburgh, v. 52, n. 2, p. 141-194, mar./abr. 1995.

OLIVEIRA FILHO, A. T.; SCOLFORO, J. R. S.; MELLO, J. M. de. Composição florística e estrutura de um remanescente de floresta semidecidual montana em Lavras, MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 167-182, abr./jun. 1994.

OMEJA, P. A. et al. Intensive tree planting facilitates tropical forest biodiversity and biomass accumulation in Kibale National Park, Uganda. Forest Ecology and Management, Amsterdam, v. 261, n. 3, p. 703-709, feb. 2011.

PALMER, M. W. Estimating species richness: the second-order jackknife estimator reconsidered. Ecology, Durham, v. 72, n. 4, p. 1512-1513, aug. 1991.

PEREIRA, J. A. A.; OLIVEIRA FILHO, A. T.; LEMOS FILHO, J. P. Environmental heterogeneity and disturbance by humans control much of the tree species diversity of fragments of tropical montane seasonal forests in SE Brazil. Biodiversity and Conservation, Amsterdam, v. 16, n. 6, p. 1761-1784, dec. 2007.

PRADO JÚNIOR, J. A. et al. Estrutura da comunidade arbórea em um fragmento de floresta estacional semidecidual localizada na reserva legal da Fazenda Irara, Uberlândia, MG. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 26, n. 4, p. 638-647, jul./ago. 2010.

RODRIGUES, L. A. et al. Florística e estrutura da comunidade arbórea de um fragmento florestal em Luminárias, MG. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 71-87, jan./mar. 2003.

SCIPIONI, M. C. et al. Análise fitossociológica de um fragmento de floresta estacional em uma catena de solos no Morro do Cerrito, Santa Maria, RS. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 22, n. 3, p. 457-466, jul./set., 2012.

TABARELLI, M.; CARDOSO, J. M.; GASCON, C. Forest fragmentation synergisms and the impoverishment of neotropical forests. Biodiversity and Conservation, Amsterdam, v. 13, n. 7, p. 1419-1425, jul. 2004.

TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. A regeneração de uma Floresta Tropical Montana após corte e queima (São Paulo-Brasil). Revista Brasileira de Biologia, São Paulo, v. 59, n. 2, p. 239-250, abr./jun. 1999.

TEIXEIRA, A. P. et al. Tree species composition and environmental relationships in a Neotropical swamp forest in Southeastern Brazil. Wetlands Ecology and Management, Amsterdam, v. 16, n. 6, p. 451-461, dec. 2008.

TERBORGH, J. Diversity and the Tropical Rain Forest. New York: Scientific American Library, 1992. 242 p.

UHL, C.; MURPHY, P. G. Composition, structure, and regeneration of a tierra firme forest in the Amazon Basin of Venezuela. Tropical Ecology, Varanasi, v. 22, n. 2, p. 219-237, jul. 1981.

VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 124 p.

VILELA, M. S. A formação histórica dos Campos de Sant’Ana das Lavras do Funil. Lavras: Indi, 2007. 450 p.

WILLIAMS-LINERA, G.; LOREA, F. Tree species diversity driven by environmental and anthropogenic factors in tropical dry forest fragments of central Veracruz, Mexico. Biodiversity and Conservation, Amsterdam, v. 18, n. 12, p. 3269-3293, nov. 2009.

ZAR, J. H. Biostatistical analysis. New Jersey: Prentice-Hall, 1996. 718 p.

Downloads

Publicado

31-03-2016

Como Citar

Morel, J. D., Pereira, J. A. A., Santos, R. M. dos, Machado, E. L. M., & Marques, J. J. (2016). DIFERENCIAÇÃO DA VEGETAÇÃO ARBÓREA DE TRÊS SETORES DE UM REMANESCENTE FLORESTAL RELACIONADA AO SEU HISTÓRICO DE PERTURBAÇÕES. Ciência Florestal, 26(1), 81–93. https://doi.org/10.5902/1980509821093

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >> 

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.