Ituzaingó Formation. A key for the interpretation of upper tertiary stratigraphy, Mesopotamia-Chaco Paraná Basin, Argentina

Autores

  • Roberto Torra Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179460X27024

Palavras-chave:

Formação Ituzaingó, Sedimentologia, Ambiente Sedimentar, Bacia Mesopotamia-Chaco Paranense, Argentina

Resumo

Quatro anos de estudos sedimentológicos de detalhe permitiram reinterpretar o esquema estratigráfico do Terciário Superior da Região Mesopotâmica. O presente autor encontrou, sobre a base do estudo sedimentológico da Bacia Mesopotâmica-Chaco Paranaense, uma nova possibilidade de interpretar a seqüência estratigráfica, em relação às idéias que se empregavam anteriormente. A Formaçâo Ituzaingó tinha sido interpretada como continental (fluvial), por vários autores, sobre a base de uma fauna fóssil não diagnóstica de invertebrados, sempre presentes na parte superior da Formação. Esses fósseis têm um amplo "biocrón" no Cenozóico. A Formação Paraná infrajaz a Formação Ituzaingó. A idéia de uma discordância de erosão entre as Formação Paraná e Ituzaingó foi, geralmente, aceita. A Formação Paraná leva uma abundante fauna fóssil de invertebrados datados no Mioceno Médio. Aceita-se, geralmente, que as Formaçãos Toropí e Yupoí descansam sobre a Formação Ituzaingó em todas as partes. A relação estrutural seria de discordância de erosão. As Formações Toropí e Yupoí tem sido datadas de idade Pleistocena, sobre a base de restos de ossos de vertebrados. A interpretação que eu assumo para esses restos, é que, os mesmos jazem em terrenos Quaternários, e que, em todo caso, são alóctonos dos pelitos das Formações Toropí e Yupoí. Tenho realizado estudos de detalhe em relação aos seguintes temas: arquitetura, granulometria, morfoscopia, petrografia, medição de paleocorrentes, microscopia de varredura eletrônica, difratometria de raios-x, perfis sedimentológicos de detalhe, correlações de perfurações e estudos mediante processamento digital de imagens. O estudo arquitetural revelou a presença de estratificação cruzada "hummocky", feixes de marés (ou "tidal bundles"), estratificição cruzada tipo "espinha-de-peixe" ("herringbone"), estratificição cruzada bipolar, acapamento lenticular, acamamento "flaser" e vários tipos de estratificações onduladas. Estes estudos permitiram dar-me conta que existe a possibilidade de outro ambiente deposicional, diferente ao proposto até agora, continental para as Formações Ituzaingó, Toropí, Yupoí e Puelches. Propus, então, uma origem marinho rasa ("intermarés") para todas estas Formações e uma idade Miocena Média (12-14 Ma). Este evento seria conseqüência do ingresso do Mar Paranaense e, entre as "Iitofácies" das Formações mencionadas existira uma interdigitação. A Formação Puelches, uma unidade de subsuperlície, próxima à Formação Paraná, interpreta-se como pertencente a esta "Iitofácies" areno argilosa, típica de um ambiente marinho litoral. Um trabalho prévio interpretou a mesma como de origem fluvial e de idade Pliocena-Pleistocena. Assim, propôs-se a existência de uma discordância erosiva entre a Formação Paraná e a Formação Puelches. As Formações Paraná, Ituzaingó, Toropí, Yupoí e Puelches estão compostas por mais de 80 % de areia e 20 % de argilas. Nas mesmas encontra-se presente um contacto brusco, mas irregular, de uma frente de ferricretização, especialmente na fácies arenosa. Este fenômeno físico-químico levou a interpretar de forma errônea o esquema estratigráfico, já que assumia-se que isto era uma discordância de erosão (a frente de ferricretização). Em alguns lugares a ferricretização gerou arenitos, os quais constituem um "ferruginous duricrust". Este se formou no Pleistoceno Superior-Holoceno.

Também está presente, nos afloramentos, em todas as partes, a calcretização. A ferricretização e a calcretização, ambos processos secundários, mascaram as características primárias físico e químicas das fácies areno-argilosas. As Formações Paraná, Ituzaingó, Toropí, Yupoí e Puelches possuem uma mesma origem, marinho litorânea e a mesma idade, Mioceno Médio. Estas Formações constituem um corpo mantiforme ("blanket") de aproximadamente 1.500 quilômetros de extensão no No teste da Argentina e possuem uma espessura ao redor de 300 metros. Elas estão compostas somente por fácies de areias finas a muito finas, brancas a cinza claro e argilas cinzas. Quando a ferricretização está presente, os sedimentos mudam suas cores, pela alteração de óxidos férricos, e tomam cores como vermelho, avermelhado ou ocre, amarelo, púrpura, castanho e preto. Em poucos casos, a alteração é muito intensa e as areias são convertidas em arenitos vermelhos ou pretos. Nestes casos, as estruturas sedimentáries primarías trativas estão sempre presentes. Todas essas unidades geológicas são sincrônicas e podem se correlacionar com outras similares aflorantes no Brasil, Paraguai, Uruguai, Perú, Bolívia, Colômbia, Venezuela e as Guianas. Elas se originaram durante a ingressão dos Mares Amazônico e Paranaense

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Publicado

1999-12-13

Como Citar

Torra, R. (1999). Ituzaingó Formation. A key for the interpretation of upper tertiary stratigraphy, Mesopotamia-Chaco Paraná Basin, Argentina. Ciência E Natura, 21(21), 139–168. https://doi.org/10.5902/2179460X27024