Esquecer, silenciar ou compartilhar o trauma: algumas experiências da memória traumática na cultura contemporânea

Autores

  • Julia Massucheti Tomasi

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X75303

Palavras-chave:

Memória traumática, Esquecimento, Lembrança

Resumo

As últimas décadas do século XX, período de intensas rupturas e de fortes acelerações da experiência do tempo vivido, viram surgir a emergência da memória e, posteriormente, sua obsessão. Questionando-se quais são as memórias desse século XX, podem-se destacar as experiências traumáticas vividas através de guerras, massacres e genocídios. Dessa forma, o artigo procura abordar determinadas experiências de memórias traumáticas adotando inicialmente como base a Segunda Guerra Mundial, evento que gerou para muitas pessoas lembranças interditas, bloqueadas, esquecidas e/ou silenciadas, como aos antigos nazistas e as vítimas sobreviventes, principalmente as dos campos de concentração. Também se pretende delinear reflexões sobre as memórias traumáticas de enlutados pela morte de um ente querido, enfatizando, sobretudo, os sobreviventes do massacre da cidade italiana de Civitella Val di Chiana e os enlutados que compartilham seu pesar nas páginas da internet, como nos sites de cemitérios on-line e na rede social do Orkut.

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Biografia do Autor

Julia Massucheti Tomasi

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGH-UDESC)

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Publicado

2012-09-01

Como Citar

Tomasi, J. M. (2012). Esquecer, silenciar ou compartilhar o trauma: algumas experiências da memória traumática na cultura contemporânea. Literatura E Autoritarismo, (9), 69–86. https://doi.org/10.5902/1679849X75303