Da lavoura para a máquina de costura: a inserção dos homens no Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2318179638069

Palavras-chave:

agricultura, costura, pluriatividade, polo de confecções do Agreste de Pernambuco.

Resumo

Este artigo tem como foco analisar as relações de trabalho no âmbito das atividades produtivas têxteis desenvolvidas na zona rural no Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco. Tomando como base empírica a inserção dos homens no mercado de trabalho, pretende-se realizar uma análise etnográfica com os/as agricultores(as) e/ou costureiros(as), observando também como o trabalho pluriativo da costura tem interferido na garantia da reprodução social das famílias camponesas. Este trabalho procura oferecer uma análise antropológica e etnográfica, a partir das ações e valores das pessoas que moram e trabalham nas suas próprias residências. A pesquisa de campo que orientou essas reflexões foi fruto de uma dissertação de Mestrado, na qual foram realizadas trinta entrevistas com os diversos atores que compõem o cenário deste estudo. A partir da inserção masculina no ramo da costura e da construção da representação social dessa profissão, o estudo conclui (através de uma análise geracional) que existe um conflito de identidade visível sobre o que é “ser agricultor” e “ser costureiro”, elucidando possíveis resistências a esse ofício na região.

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Biografia do Autor

Renata Milanês, CPDA-UFRRJ

Graduada em Ciências Sociais (UFCG). Mestra em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA-UFRRJ). Doutoranda em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA-UFRRJ).

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Publicado

2020-07-20

Como Citar

Milanês, R. (2020). Da lavoura para a máquina de costura: a inserção dos homens no Polo de Confecções do Agreste de Pernambuco. Extensão Rural, 27(1), 22–41. https://doi.org/10.5902/2318179638069