Os conceitos de “normal” e “anormal” em publicações científicas e educacionais da década de 1930
DOI:
https://doi.org/10.5902/1984686X69253Palavras-chave:
Normal, Anormal, Publicações científicas e educacionaisResumo
Este artigo tem como objetivo analisar os conceitos de “normal” e “anormal” em publicações científicas e educacionais publicadas na década de 1930. Para tanto, foram escolhidos artigos dos Arquivos Brasileiros de Higiene Mental e da Revista Escola Nova que abordavam o tema em questão, em formato digital. Foram utilizadas como metodologia a pesquisa documental e a análise de conteúdo, recurso que auxilia na interpretação do significado latente ou manifesto em registros escritos. Foram analisadas 11 publicações, correspondentes aos anos de 1930 e 1931. As análises permitem perceber que não havia um consenso no que diz respeito à adoção dos termos “normal” e “anormal” e que esses significados serviram para classificar e criar estigmas em crianças que não se encaixavam nas descrições padronizadas pelo pensamento médico-educacional, tendo ou não algum déficit intelectual, de acordo com a aplicação dos testes de inteligência. Esses achados estavam em consonância com o ideal eugenista, que exerceu influência direta nas práticas pedagógicas do período estudado.
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