A dimensão avaliativa da emoção no judicalismo de Martha Nussbaum

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179378691830

Palavras-chave:

Emoção, Cognição, Judicalismo

Resumo

O objetivo consistiu em explorar a dimensão avaliativa da emoção no judicalismo de Martha Nussbaum, buscando compreender o que sustenta seu cognitivismo no modelo de emoções que propõe. A autora defende a tese de que a emoção possui natureza cognitiva e intencional, sendo idêntica a um tipo de juízo avaliativo sobre algo de imenso valor para o florescimento do indivíduo – noção herdada dos antigos estoicos e posteriormente reinterpretada por ela. Para tanto, deflaciona a noção preliminar de juízo de valor, adotando uma compreensão ampla de avaliação cognitiva sem limites precisos, na qual recorre a concepções ampliadas de intencionalidade e de cognição, a fim de tornar possível a atribuição de emoções a crianças e a animais não humanos. Situando sua defesa no debate entre cognitivismo e não-cognitivismo no campo da moral, e buscando salvaguardar a inteligibilidade da emoção, os elementos não cognitivos – como o hábito, o afeto e o sentimento –, embora com potência motivadora na avaliação emocional, são subsumidos como parasitários das crenças e juízos avaliativos, assim como sua concepção de corpo, e, como tais, não são considerados necessários à definição. Por conseguinte, apesar de não ser possível considerar seus processos avaliativos como exclusivamente abstratos, o caráter fenomenológico da emoção, ativo nas avaliações emocionais, não é devidamente considerado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jorge Luiz Viesenteiner, undefined

É doutor em filosofia pela Unicamp e Professor do Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo. Fez doutorado Sanduíche pela Ernst-Moritz-Arndt Universität Greifswald/Alemanha, sob orientação do Prof Dr. Werner Stegmaier. Pós-doutorado na Radboud University Nijmegen/Netherland, com trabalhos conjuntos realizados com o Prof. Dr. Paul van Tongeren, bem como Pós-doutorado na Universität Stuttgart/Alemanha Foi coordenador da Pós-graduação em Filosofia (Mestrado e Doutorado) da UFES, bem como do Mestrado Profissional em Filosofia - PROF-FILO, Núcleo-UFES

Estela Altoé Feitoza, undefined

Mestranda em Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Referências

Ben-Ze'ev, A. Emotions are not mere judgements. Review Work. Philosophy and Phenomenological Research, v. 68, n. 2, p. 450–457, Mar. 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1933-1592.2004.tb00357.x

Brady, M. S. The irrationality of recalcitrant emotions. Philosophical Studies, v. 145, n. 3, p. 413–430, Sept. 2009. DOI: https://doi.org/10.1007/s11098-008-9241-1

Clark, A. Being there: putting brain, body, and world together again. 1ª ed. [S.l.]: MIT Press, 1996. DOI: https://doi.org/10.7551/mitpress/1552.001.0001

Damasio, A. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

Darwall, S.; Gibbard, A.; Railton, P. Metaética: algumas tendências. Org. Darlei Dall’Agnol; trad. Janine Sattler. Florianópolis: Editora UFSC, 2013.

Dancy, J. Emotions as unitary states. In: Roeser, S.; Todd, C. (Org.). Emotion and value. Oxford: Oxford University Press, 2014. p. 82–89. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199686094.003.0005

D'Arms, J.; Jacobson, D. The significance of recalcitrant emotion (or, anti-quasi judgmentalism). In: Hatzimoysis, A. (Ed.). Philosophy and the emotions. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 127–146. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511550270.009

Deonna, J. A.; Teroni, F. In what sense are emotions evaluations? In: Roeser, S.; Todd, C. (Org.). Emotion and value. Oxford: Oxford University Press, 2014. p. 15–32. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780199686094.003.0002

Deonna, J.; Teroni, F.; Tappolet, C. Emoções. In: Williges, F.; Fischborn, M.; Copp, D. (Org.). O lugar das emoções na ética e na metaética. Pelotas: Editora UFPel, 2018. p. 39–83.

Deigh, J. Cognitivism in the theory of emotions. Ethics, v. 104, n. 4, p. 824–854, Jul. 1994. DOI: https://doi.org/10.1086/293657

Döring, S. A. What’s wrong with recalcitrant emotions? From irrationality to challenge of agential identity. Dialectica, v. 69, n. 3, p. 381–402, 2015. DOI: https://doi.org/10.1111/1746-8361.12109

Facchin, M. Why can’t we say what cognition is (at least for the time being). Philosophy and the Mind Sciences, v. 4, 2023. DOI: https://doi.org/10.33735/phimisci.2023.9664

Helm, B. W. Emotional reason: deliberation, motivation and the nature of value. New York: Cambridge University Press, 2007.

James, W. What is an emotion? Mind, v. 9, n. 34, p. 188–205, Apr. 1884. DOI: https://doi.org/10.1093/mind/os-IX.34.188

Lazarus, R. The cognition-emotion debate: a bit of history. In: Dalgleish, T.; Power, M. (Ed.). Handbook of cognition and emotion. West Sussex: Wiley & Sons, 1999. p. 3–19. DOI: https://doi.org/10.1002/0470013494.ch1

Lazarus, R. The retreat from radical behaviorism and the rise of cognitivism. In: Emotion and adaptation. New York: Oxford University Press, 1991. p. 8–15. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780195069945.001.0001

Millán, G. O. Nussbaum on the cognitive nature of emotions. Manuscrito, v. 39, n. 2, Apr./June 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/0100-6045.2016.V39N2.GOM

Nussbaum, M. Aristotle’s De Motu Animalium. Princeton: Princeton University Press, 1978.

Nussbaum, M. Upheavals of thought: the intelligence of emotions. Cambridge: Cambridge University Press, 2001. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511840715

NUSSBAUM, Martha. Précis of upheavals of thought. Philosophy and Phenomenological Research, v. 68, n. .2, p. 443-449, Mar. 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1933-1592.2004.tb00356.x

Nussbaum, M.; Putnam, H. Changing Aristotle’s minds. In: Nussbaum, M.; Rorty, A. O. (Org.). Essays on Aristotle’s De Anima. Oxford University Press, 1995. p. 30–49. DOI: https://doi.org/10.1093/019823600X.001.0001

Nussbaum, M. The therapy of desires: theory and practice in Hellenistic ethics. 2nd ed. Princeton: Princeton University Press, 2009. DOI: https://doi.org/10.1515/9781400831944

Putnam, H. The collapse of the fact/value dichotomy and other essays. Cambridge: Harvard University Press, 2004. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv1pdrpz4

Ratcliffe, M. William James on emotion and intentionality. International Journal of Philosophical Studies, v. 13, n. 2, p. 179–202, Jun. 2005. DOI: https://doi.org/10.1080/09672550500080405

Scarantino, A.; De Sousa, R. Emotion. In: Zalta, E. N. (Ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Summer 2021. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/sum2021/entries/emotion/. Acesso em: 20 maio 2022.

Scarantino, A. Insights and blindspots of the cognitivist theory of emotions. The British Journal for the Philosophy of Science, v. 61, n. 4, p. 729–768, Dec. 2010. DOI: https://doi.org/10.1093/bjps/axq011

Schwitzgebel, E. Belief. In: Zalta, E. N.; Nodelman, U. (Ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Spring 2024. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/spr2024/entries/belief/. Acesso em: Mar. 2024.

Tappolet, C. Philosophy of emotion: a contemporary introduction. New York: Routledge, 2023. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315542300

Teroni, F. Evaluative theories in psychology and philosophy of emotion. Mind & Language, p. 1–17, Oct. 2021. DOI: https://doi.org/10.1111/mila.12374

Downloads

Publicado

2025-09-22

Como Citar

Viesenteiner, J. L., & Feitoza, E. A. (2025). A dimensão avaliativa da emoção no judicalismo de Martha Nussbaum. Voluntas: Revista Internacional De Filosofia, 16(2), e91830. https://doi.org/10.5902/2179378691830

Edição

Seção

Artigos - Dossiê Emoções e Afetividade