Civilidade pueril: reflexões sobre a imagem da criança do fim do Medievo à Idade Clássica

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.5902/1983734887121

Mots-clés :

Civilidade, Infância, Renascimento, Idade Clássica

Résumé

Este artigo é um ensaio que aborda a representação da infância ao longo da história. Enquanto ensaio, propõe-se criar uma distância entre o presente e o passado, buscando desnaturalizar nossa compreensão da infância contemporânea, a partir de um contraste com as transformações ocorridas entre a criança medieva e a moderna. Para tanto, o artigo faz três movimentos exploratórios: (1) a transição da “criança divina” (Idade Média) para a “criança mundana” (Modernidade), a partir de duas pinturas exemplares – A Virgem e o Menino com Santa Ana de Leonardo Da Vinci e Nossa Senhora dos Palafreneiros, de Caravaggio; (2) a influência da civilidade pueril de Erasmo na formação da imagem dessa criança moderna; (3) o modo como essa civilidade aparece e se desdobra em Comenius, Locke e Rousseau. Em suma, o ensaio desafia as noções convencionais sobre a infância ao longo da história e destaca seu impacto na sociedade moderna e na educação. Ao fim, conclui-se que a “criança mundana”, enquanto objeto da civilidade, também é ponto de incidência das “ciências da infância” e do subsequente governo da infância.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur-e

Helena Almeida e Silva Sampaio, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutora pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PEPGF-PUCSP)

Références

Ariès, P. Por uma história da vida privada. In: CHARTIER, R. História da vida privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 9-25.

Ariès, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

Caravaggio. Nossa Senhora dos Palafreneiros. 1605. 1 original de arte, óleo sobre tela, 292 cm × 211 cm.

Chorpenning, Joseph F. Another Look at Caravaggio and Religion. Artibus et Historiae, v. 8, n. 16, p. 149-158, 1987. DOI: https://doi.org/10.2307/1483305

Comênio, J. A. A escola da infância. São Paulo: UNESP, 2011.

Comênio, J. A. Didática magna. 4a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

Corazza, S. M. História da infância sem fim. Ijuí: Unijuí, 2004.

Da Vinci, L. A Virgem e o Menino com Santa Ana. 1510. 1 original de arte, óleo 168 cm x 112 cm.

Delieuvin, V. La Vierge, l'Enfant Jésus et sainte Anne, dit La Sainte Anne. Louvre, Paris, 2021. Disponivel em: https://collections.louvre.fr/en/ark:/53355/cl010066107. Acesso em: 20 nov. 2021.

Ebert-Schifferer, S. Caravaggio: the artist and his work. Los Angeles, US: J. Paul Getty Museum, 2012.

Elias, N. O processo civilizador 1: uma história dos costumes. Tradução de Ruy Jungmann. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012.

Erasmo. De pueris. 2a. ed. São Paulo: Escala, 2008.

Foucault, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 20a. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.

Foucault, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução de Salma Tannus Muchail. 9a. ed. São Paulo: Martins Fonte, 2007.

Foucault, M. Segurança, Território, População: curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução de Eduardo Brandão e Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

Foucault, M. Os anormais. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: WMF Martins Fonte, 2010.

Foucault, M. História da loucura na Idade clássica. Tradução de José Teixeira Coelho Netto. 12a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.

Foucault, M. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). Tradução de Eduardo Brandão e Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2022.

Friedlaender, Walter. The "Crucifixion of St. Peter": Caravaggio and Reni. Journal of the Warburg and Courtauld Institutes, v. 8, p. 152-160, 1945. DOI: https://doi.org/10.2307/750170

Gélis, J. A individualização da criança. In: CHARTIER, R. História da vida privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 305-320.

Graham-Dixon, A. Caravaggio: A Life Sacred and Profane. New York, US: W.W. Norton & Co, 2011.

Haag, C. Entre a cátedra e o ateliê. Pesquisa Fapesp, São Paulo, v. 198, 2012.

Jaffe, Noemi. Livro dos começos. São Paulo: Cosac Naify, 2016.

Larrosa, J. A operação ensaio: sobre o ensaiar e o ensaiar-se no pensamento, na escrita e na vida. Educação & Realidade, v. 29, n. 1, p. 27-43, jan./jun. 2004.

Locke, John. The works of John Locke: v. 1. London: Thomas Tegg & Co., 1823.

Marchi, R. C. Os sentidos (paradoxais) da infância nas ciências sociais: um estudo de sociologia da infância crítica sobre a "não-criança" no Brasil. Tese (Doutorado em Sociologia Política): Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, 2007.

Mctighe, S. The End of Caravaggio. The Art Bulletin, v. 88, n. 3, p. 583589, 2006. DOI: https://doi.org/10.1080/00043079.2006.10786307

Nathan, J.; Zöllner, F. Leonardo da Vinci (1452- 1519): obra completa de desenho. Köln, DE: Taschen, 2016.

Piacentini, T. A. Imagens de infância na arte italiana. Fragmentos, v. 33, p. 371-380, jul./dez. 2007.

Postman, N. O desaparecimento da infância. Rio de Janiero: Graphia, 1999.

Rorty, Amélie Oksenberg. Philosophers on Education: Historical Perspectives. London: Routledge, 1998.

Rousseau, Jean-Jacques. La nouvelle Héloïse. Paris: Librairie de Firmin Didot Frère, 1843.

Rousseau, Jean-Jacques. Émile, ou de l’éducation. Paris: Flammarion, 1966.

Schütze, S. Caravaggio: The Complete Works. Köln, DE: Taschen, 2015.

Vidal, C. Deus e Caravaggio: a negação do claro-escuro e a invenção dos corpos compactos. Coimbra, PT: Universidade de Coimbra, 2014. DOI: https://doi.org/10.14195/978-989-26-0748-1

Publié-e

2025-04-29

Comment citer

Sampaio, H. A. e S. (2025). Civilidade pueril: reflexões sobre a imagem da criança do fim do Medievo à Idade Clássica. Revista Digital Do LAV, 18(1), e7/1–21. https://doi.org/10.5902/1983734887121