Ateliê de mundos: políticas do tempo e sentidos da escola
DOI:
https://doi.org/10.5902/1983734887872Palavras-chave:
Tempo, Scholé, Criação, Desencantamento, ReencantamentoResumo
Os gregos antigos entendiam escola como uma qualidade temporal: scholé é o tempo livre, não porconvite à inação, mas por abertura à indeterminação. No mundo Clássico, escola é o tempo-espaço não determinado pelo tempo da produtividade e, por isso mesmo, propício ao pensamento criador. Com a formação da modernidade, os tempos da produtividade e da aprendizagem foram se tornando cada vez mais indistintos, a ponto de coincidirem: a escola passa a ser, em grande medida, o espaço que prepara e antecipa o trabalho produtivo. No presente artigo, essa realidade é analisada, investigando-se a categoria tempo e suas implicações políticas, traçando conexões com os sentidos da escola. Sustenta-se a possibilidade de a escola recuperar sua afinidade com a indeterminação, recusando ser pautada pelo tempo da produção e afirmando sua conexão com o tempo da criação. São abordados os conceitos de desencantamento e reencantamento do mundo, bem como com a pluralidade de conceitos de tempo próprios a distintas culturas, investigando a complexidade político-social desses fenômenos. Dialoga-se com o conceito de pensamento poético e evoca-se, por fim, uma educação com arte, compreendendo que,para além de uma fábrica de trabalhadores, há a urgência política de pensar a escola como um grande espaço de criação: um ininterrupto ateliê de mundos.
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