Juventude e educação: a militarização das escolas em Goiás

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644462013

Palavras-chave:

Juventude, Educação, Colégios Militares

Resumo

O artigo analisa as consequências do processo de implementação dos Colégios da Polícia Militar do Estado de Goiás, Brasil, a partir dos conceitos de controle do corpo e de instituições totais, mostrando como esse modelo autoritário está intimamente ligado à política de restrição da liberdade de expressão da comunidade escolar. O texto analisa os argumentos dos agentes públicos para a vertiginosa expansão desse modelo educacional e faz uma leitura crítica das regras de conduta aplicadas às unidades educacionais militarizadas no Estado. Constata-se que as normas aplicadas à comunidade escolar nestas unidades – como, por exemplo, a presença cotidiana de uma sequência de atividades garantidas por mecanismos de punição estabelecidos por uma hierarquia e o conjunto de regras que padronizam o visual dos estudantes e causam a perda de identidade – permitem controle rígido das ações de docentes e discentes, regrada a partir da tutela de oficiais designados pelo comando-geral da Polícia Militar, limitando inclusive a liberdade de expressão, considerado como preceito fundamental para uma educação cidadã.

Biografia do Autor

Flávio Munhoz Sofiati, Universidade Federal de Goiás

Doutor em Sociologia pela USP (2009). Professor Associado II da UFG. Goiânia, Goiás.

Caio Henrique Salgado Barbosa, Universidade Federal de Goiás

Especialista em Políticas Públicas pela UFG. Graduação em comunicação social (jornalismo) pela UFG.

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Publicado

2021-09-04

Como Citar

Sofiati, F. M., & Barbosa, C. H. S. (2021). Juventude e educação: a militarização das escolas em Goiás. Educação, 46(1), e81/ 1–25. https://doi.org/10.5902/1984644462013