Educação Física decolonial: análise, desafios e perspectivas em Paulo Freire e Frantz Fanon

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644444110

Palavras-chave:

Educação Física decolonial, Paulo Freire, Frantz Fanon

Resumo

O objetivo do presente ensaio teórico é apresentar a perspectiva a Educação Física decolonial, inspirada na teoria de Paulo Freire e Frantz Fanon, possibilitando uma reflexão teórica diante da justiça social e o reconhecimento da identidade negra na sociedade e, ainda, verificar se existem discussões teóricas nessa área sobre a temática. O estudo em questão está amparado especialmente em uma visão crítica de mundo e educacional, no qual está estreitamente apoiada nos conceitos de educação popular e justiça social, amparada na visão decolonial de Freire e Fanon e não tem a pretensão de apresentar um modelo curricular para o componente curricular Educação Física. No entanto, entendemos que é necessário realizar uma reflexão sobre autores e perspectivas teóricas que ainda não adentraram nas discussões desta área do conhecimento. Os resultados da literatura permitiram constatar que a perspectiva decolonial de Freire e Fanon ainda não foram estudadas e introduzidas no debate da área de Educação Física. Concluímos que, é a partir do reconhecimento de uma perspectiva decolonial para a Educação Física que as oportunidades de emancipação social e libertação do sistema colonial poderão oferecer subsídios de esperança para as pessoas subalternas da sociedade.

Biografia do Autor

Cláudio Aparecido Sousa, Universidade São Judas Tadeu

Doutorando em Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu. Professor de Educação Física na rede municipal de Santo André - SP.

Thiago Batista Costa, Universidade de São Paulo (USP). Instituto Federal de São Paulo.

Doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Professor de Educação Física no Instituto Federal de São Paulo.

Mônica Caldas Ehrenberg, Universidade de São Paulo

Pós Doutora em Educação (Unicamp e UMinho/ Portugal - 2018). Doutora em Educação Física - UNICAMP. Atualmente é professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), onde também coordena o grupo de estudos e pesquisas em Gesto, Expressão e Educação (GEPGEE). Coordena conjuntamente o grupo de extensão GYMNUSP.

Referências

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. La Reproduction. Paris: Les Editions de Minuit, 1975.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação popular. Coleção primeiros vôos, editora brasiliense, 1986.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018.

COSTA, Thiago Batista. Jogo consciente: A percepção de professores de Educação Física acerca do corpo da criança negra e o processo de construção de identidade. Dissertação (mestrado) – Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo, 2017.

CORREIA, Mesaque Silva; MARQUES, Bruna Gabriela; MIRANDA, Maria de Jesus. Educação Física escolar ancorada na gênese ideológica da educação popular: um caminho para conscientização dos esfarrapados e esfarrapadas do mundo. In Sousa, Cláudio Aparecido; Nogueira, Valdilene Aline; Maldonado, Daniel Teixeira (organizadores). Educação Física escolar e Paulo Freire: ações e reflexões em tempos de chumbo – volume 38/ Curitiba, [PR]: CRV, 2019.

DUSSEL, Enrique. Filosofia da Libertação. SP, Loyola, 1977.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas: tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

FANON, Frantz. Os condenados da terra: (COLEÇÃO CULTURA, v. 2), Juiz de fora: ed. UFJF, 2005.

FAUSTINO, Devison Mendes A emoção é negra, a razão é helênica? Considerações fanonianas sobre a (des) universalização do “Ser” negro Tecnologia e Sociedade, vol. 9, núm. 18, 2013.

FREIRE, PAULO; NOGUEIRA, ADRIANO SALMAR. Que fazer: Teoria e prática em educação popular. Editora Vozes, Petrópolis Rio de Janeiro, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

____________. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais em educação. São Paulo em perspectiva, 14 (2) 2000.

GORDON, Lewis. What Fanon Said: A Philosophical Introduction to His Life and Thought. New York: Fordham University Press, 2015.

GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como ícones de construção da beleza e da identidade negra nos salões étnicos de Belo Horizonte. Tese de doutorado em Antropologia Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2002.

GROSFOGUEL, Ramón. Decolonizing werstern uni-versalisms: decolonial pluri-versalism from Aimé Césaire to the Zapatistas. Transmodernity: Journal of Peripheral Cultural Production of the Luso-Hispanic World. Merced, v. 1, n. 3, p. 88-104, Set.--Dez. 2012.

HALL, Stuart. A centralidade da cultura. Educação & Realidade, Porto Alegre, n. 22, v. 2, jul.-dez. 1997.

MALDONADO, Daniel Teixeira; SILVA, Sheila Aparecida Pereira dos Santos. Fundamentação teórica da Educação Física em propostas curriculares da escola pública de São Paulo: uma análise das abordagens pedagógicas. Educação em Revista| Belo Horizonte|v.34|e203577|2018.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Frantz Fanon and C.L.R. James on intellectualism and Enlinghtened rationality. Caribbean Studies, July-December, año/vol. 33, número 002. Universidade de Puerto Rico. San Juan, Puerto Rico. Pp.149-194, 2005.

MALDONADO TORRES, Nelson. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico/organizadores Joaze Bernardino Costa; Nelson Maldonado Torres; Ramón Grosfoguel. – 2 ed; 1. Reimp, - Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. (Coleção Cultura Negra e Identidades)

MIGNOLO, Walter. El pensamiento decolonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto, in: El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / compiladores Santiago Castro-Gómez y Ramón Grosfoguel. – Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontifi cia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.

MIGNOLO, Walter. COLONIALIDADE O lado mais escuro da modernidade. Tradução de Marco Oliveira. Revista Brasileira de Ciências Sociais- VOL. 32 N° 94, 2017.

MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistémica: retórica de la modernidad, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialidad. Argentina: Ediciones del signo. 2010.

MOTA NETO, João Colares; STRECK, Danilo. Fontes da educação popular na América Latina: contribuições para uma genealogia de um pensar pedagógico decolonial. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 35, n. 78, p. 207-223, nov./dez. 2019.

MOTA NETO, João Colares. Por uma pedagogia decolonial na América Latina: reflexões em torno do pensamento de Paulo Freire e Orlando Fals Borda. Curitiba: CRV, 2016.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autentica, 2004.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. 3ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

NEIRA, Marcos Garcia.; NUNES, Mario. Luiz. Ferreira. (orgs.). Praticando estudos culturais na educação física. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2009.

NEIRA, Marcos Garcia; SOUZA JÚNIOR, Marcílio. A Educação Física na BNCC: procedimentos, concepções e efeitos. Motrivivência v. 28, n. 48, p. 188-206, setembro/2016.

PEREIRA, Arliene Stephanie Menezes; GOMES, Daniel Pinto; CARMO, KLERTIANNY, Teixeira do. Epistemologia sul-corpórea: Por uma pedagogia decolonial em educação física. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 93 a 117 – Jul./Dez. 2017.

QUIJANO, Aníbal. Coloniality of Power, Ethnocentrism and Latin America. Nepantla. Views from South, 1, 3, 533-580, 2000.

_______.La colonialidad del poder y la experiencia cultural latino americana. En Roberto Briceño-León y Heinz R. Sonntag (eds.). Pueblo, época y desarrollo: la sociología de América Latina. Caracas: Nueva Sociedad, 1998.

_______. “Colonialidad y Modernidad/Racionalidad”. Perú Indígena, (1991).

_______. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas lantino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latino americano de Ciencias Sociales, 2005.

SACAVINO, Susana Beatriz. Interculturalidade e Práticas Pedagógicas: construindo caminhos. Educação | Santa Maria | v. 45 |2020.

SCHWARCZ, Lilia. Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil. 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

SOUSA, Cláudio Aparecido. O currículo de Educação Física da rede pública municipal de Santo André (SP): concepções e práticas pedagógicas. 181. f. Dissertação (MESTRADO EM EDUCAÇÃO). Universidade Nove de Julho. São Paulo, 2017.

SOUSA, Cláudio Aparecido. Educação Física escolar e justiça social: um diálogo com Paulo Freire e Frantz Fanon. In Sousa, Cláudio Aparecido; Nogueira, Valdilene Aline; Maldonado, Daniel Teixeira (organizadores). Educação Física escolar e Paulo Freire: ações e reflexões em tempos de chumbo – volume 38/ Curitiba, [PR]: CRV, 2019.

SOUSA, Cláudio Aparecido; SILVA Peterson Amaro; MALDONADO, Daniel Teixeira. Círculo de cultura e Educação Física: reflexões de um docente sobre a sua prática pedagógica. Cadernos de Formação RBCE, p. 9- 19, set, 2017.

WALLERSTEIN, Immanuel. La creación del sistema mundial moderno. In: BERNARDO, L. Un mundo jamás imaginado. Bogotá: Editorial Santillana, 1992.

VALE, Ana Maria do. Educação popular na escola pública. 4. Ed. – São Paulo: Cortez, 2001. – (Coleção Questões da Nossa Época; v.8).

Downloads

Publicado

2021-12-31

Como Citar

Sousa, C. A., Costa, T. B., & Ehrenberg, M. C. (2021). Educação Física decolonial: análise, desafios e perspectivas em Paulo Freire e Frantz Fanon. Educação, 46(1), e112/ 1–27. https://doi.org/10.5902/1984644444110