Pensar uma educação das relações étnico-raciais na América Latina: uma reflexão a partir de Rodolfo Kusch

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644468083

Palavras-chave:

Educação das Relações Étnico-Raciais, Mestiçagem, Buen Vivir

Resumo

O artigo apresenta uma reflexão a partir de algumas ideias do filósofo argentino Rodolfo Kusch (1922-1979), de maneira a pensar a educação das relações étnico-raciais, levando em consideração as suas noções de fagocitação, ser alguém e estar. Nesse sentido, podemos dizer que a partir de Kusch a história latinoamericana não é contada desde os povos originários, os quilombolas e as comunidades tradicionais, mas predominantemente desde do ponto de vista do colonizador, quem tem o poder de narrar, escrever e educar. O pensamento racionalista europeu ao negar ou desconsiderar por completo o pensamento americano transforma-o em um objeto sem vida e sem história, restando-nos construir um movimento de resistência e de autoafirmação, na busca da emancipação dos discursos e práticas que nos impedem de expressar nossa própria cultura de maneira integral e autônoma. De caráter teórico, e tendo em vista a noção de buen vivir, o texto tem o objetivo de contribuir no debate e na construção de novas perspectivas para o processo de implementação das políticas públicas voltadas à educação das relações étnico-raciais no Brasil e na América Latina.

Biografia do Autor

Alonso Bezerra de Carvalho, UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - MARÍLIA

Graduado em Filosofia, em Ciências Sociais e Mestrado em Educação pela UNESP, Campus de Marília. Doutor em Filosofia da Educação, pela USP. Livre-Docente pela UNESP. Pós-Doutor em Ciências da Educação na Universidade Charles de Gaulle, Lille, França. Atualmente é professor adjunto no Departamento de Didática e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNESP, Campus de Marília. Foi Professor Visitante na Universidade de Santiago do Chile (Chile - 2015), na Universidade de Cergy-Pontoise (França-2015) e na Universidade de Buenos Aires (2017). É líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação, Ética e Sociedade (GEPEES). 

Fabíola Colombani, UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

Graduação em Psicologia pela -UNESP/Assis , especialização em Psicologia Escolar e Educacional pelo Conselho Federal de Psicologia. Mestre em Psicologia pela UNESP/Assis. Doutorado em Educação pela UNESP/Marília.. Pós-doutorado pela UNESP/ Marília. Estagiária na Universidad de Buenos Aires (2017). Membro do GEPEES (Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Ética e Sociedade) e do Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Sociomoral de Crianças e Adolescentes. Docente e Coordenadora da Clínica do Curso de Psicologia da Universidade de Marília (UNIMAR). 

José Alejandro Tasat, Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF) - Argentina

Doutor e Educação pela UNTREF/UNLA). Licenciado en Psicología (UBA). Mais informações em: https://es.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Tasat

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Publicado

2022-12-22

Como Citar

Carvalho, A. B. de, Colombani, F., & Tasat, J. A. (2022). Pensar uma educação das relações étnico-raciais na América Latina: uma reflexão a partir de Rodolfo Kusch. Educação, 47(1), e112/ 1– 25. https://doi.org/10.5902/1984644468083

Edição

Seção

Dossiê: Educação das Relações Étnico-Raciais e a Améfrica Ladina