Movimento Escola Sem Partido: uma leitura à luz de Paulo Freire

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644432996

Palavras-chave:

Paulo Freire, Escola Sem Partido, Neutralidade

Resumo

Este trabalho visa analisar um dos fundamentos do Movimento Escola Sem Partido para criticar o pensamento de Paulo Freire, acusando-o inclusive de doutrinador dogmático e autoritário, a saber: o pressuposto da neutralidade do educador. Para tanto, será realizada uma pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo em que serão utilizados três eixos interpretativos: (1) a concepção de neutralidade a partir do paradigma científico e seus desdobramentos na educação, (2) a relação entre educação e política e (3) a concepção freiriana de leitura do mundo. Pretende-se, assim, confrontar alguns pressupostos do referido Movimento, especialmente no que concerne à pretensa de neutralidade do educador com a concepção freireana de educação. Enquanto o pensamento freiriano nos faz estranhar as práticas sociais, o Movimento Escola Sem Partido busca naturalizar o mundo social, o que justifica em parte a sua aversão ao pensamento de Paulo Freire que se baseia em um mundo plural, em disputa por recursos simbólicos e materiais.

Biografia do Autor

Débora Mariz, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora Adjunta de Filosofia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais

Heli Sabino de Mariz, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor Adjunto de História da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais

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Publicado

2019-02-07

Como Citar

Mariz, D., & Mariz, H. S. de. (2019). Movimento Escola Sem Partido: uma leitura à luz de Paulo Freire. Educação, 44, e8/ 1–19. https://doi.org/10.5902/1984644432996

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Artigo Demanda Contínua