Exercícios retóricos: "Progymnasmata" em Sebastião da Rocha Pita

Autores

  • Eduardo Sinkevisque Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

DOI:

https://doi.org/10.5902/2176148538020

Palavras-chave:

Retórica, Progymnasmata, Sebastião da Rocha Pita

Resumo

Na primeira metade do século XVIII, Sebastião da Rocha Pita atualiza parte dos exercícios preparatórios (progymnasmata) na História da América Portuguesa (1730), na “Oração do Acadêmico Vago Sebastião da Rocha Pita Presidindo na Academia Brasílica dos Esquecidos” (1724) e no Tratado Político (1715). Demonstra-se de que modo o letrado mobiliza a paráfrase e o exercício para compor, por meio de exempla, a argumentação desses textos. Nos três discursos, Rocha Pita reafirma matérias teológico-políticas fundantes do antigo Estado português. A hipótese é que os diferentes usos da paráfrase, nas diferentes situações de interlocução dos gêneros (história, oratória, tratado), sejam fundamentais para o entendimento das práticas performatizadas por Rocha Pita. Tem-se, com isso, os mesmos topoi políticos moralizados catolicamente, porém imitados de modos diferentes, para leitores/ouvintes diferentes.

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Biografia do Autor

Eduardo Sinkevisque, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

É licenciado (1996) e bacharel (1991) em Letras - Língua e Literatura Portuguesas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Fez Iniciação Científica em Lingüística (LAEL/PUC-SP) em 1991. Concluiu o Mestrado (2000) e o Doutorado (2005) em Letras: Literatura Brasileira pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas FFLCH/USP. É Pós-Doutor em Teoria Literária pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É especialista em Literatura Brasileira Colonial, Letras Portuguesas dos séculos XVI/XVII/XVIII, em retórica, em poética e em arte histórica. É sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Retórica. 

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Publicado

2019-08-07

Como Citar

Sinkevisque, E. (2019). Exercícios retóricos: "Progymnasmata" em Sebastião da Rocha Pita. Letras, 191–204. https://doi.org/10.5902/2176148538020