Configurações de violências em “Espinha de Peixe”, de Mari Vieira
DOI :
https://doi.org/10.5902/2357797587992Mots-clés :
“Espinha de Peixe”Résumé
Este artigo tem como objetivo analisar as manifestações das violências domésticas desferidas contra a mulher negra e suas reverberações nas memórias dos filhos que presenciam os atos brutais em contexto ficcional. Para tanto, utiliza-se de uma revisão bibliográfica assentada em Davis (2016), hooks (2023), Carneiro (2019); Saffioti (2015), Akotirene (2023); Assmann (2011), Durand (2012) e Le Breton (2016) associada a dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2023) - Atlas da Violência. A condição interseccional da mulher, sobretudo no que concerne aos eixos sociais raça, gênero e classe foi considerada nas análises críticas, assim como, a possibilidade de rememorações de traumas infantis oriundos das violências presenciadas. Foi possível compreender que as violências contra a mulher negra se manifestaram prioritariamente de forma psicológica, física e moral. Observou-se que este fenômeno está constituído no aspecto sócio-histórico que legitima o poder do homem sobre o corpo feminino em uma relação direta com a lógica patriarcal: em especial, no que se refere ao corpo da mulher negra e pobre. Conclui-se, portanto que este fenômeno, quando realizado no âmbito doméstico, na presença dos filhos, resulta em traumas que reverberam na vida adulta por meio de emoções conscientes e/ou inconscientes que, por sua vez, podem transformar-se em atos violentos.
Téléchargements
Références
AGÊNCIA DO SENADO FEDERAL. Lei Maria da Penha torna mais rigorosa punição para agressões contra mulheres. Disponível em: https://www12.senado.leg.br. Acesso em: 23 maio 2024.
AKOTIRENE, Carla. “É fragrante forjado doutor vossa excelência”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2023. E-book. Plataforma Amazon
ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e tra nsformações da memória cultural. Tradução: Paulo Soethe. Campinas-São Paulo: Editora da Unicamp, 2011.
BRASIL. Lei nº lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 23 maio 2024.
BRUNI, José. A água e a vida. Tempo social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, v. 5, n. 1-2, p. 53-65, 1993. DOI: https://doi.org/10.1590/ts.v5i1/2.84942
CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.
CRUZ,Eliana. Água de barrela. Rio de Janeiro: Malê, 2018.
DAVIS, Ângela. Mulheres, raça e classe. Tradução: Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário: introdução à arquetipologia geral. Tradução: Hélder Goldinho. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.
FREUD, Sigmund. Lembranças da infância e lembranças encobridoras. In: FREUD, Sigmund. Psicopatologia da vida cotidiana e sobre sonhos. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras, 2021. DOI: https://doi.org/10.34024/lelprat.2.2021.12292
HOOKS, Bell. E eu não sou uma mulher? mulheres negras e feminismo. Tradução: Bhuvi Libanio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2023.
IPEA. Atlas da Violência 2023. Brasília: Ipea; FBSP, 2023. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/. Acesso em: 05 maio 2024.
JUNG, Carl. O passado e o futuro no inconsciente. In: JUNG, Carl. O homem e seus símbolos. Tradução: Maria Lúcia Pinho. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2016.
LE BRETON, David. Antropologia do corpo. Tradução: Fábio Creder Lopes. Petrópolis-RJ: Vozes, 2016.
LIMA, Vivianne; POSATO, Karyna. O avanço da violência doméstica contra mulheres negras no Brasil durante a pandemia. da covid-19. In: ENCONTRO NACIONAL DE ANTROPOLOGIA DO DIREITO, 7. Anais.... Disponível em: https://nadir.fflch.usp.br/GT13-VIIENADIR. Acesso em: 20 maio 2024.
REZENDE, Claudia; COELHO, María. Antropologia das emoções. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.
RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala: feminismos plurais. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
SAFFIOTI, Heleieth . Gênero patriarcado violência. São Paulo: Expressão Popular: Fundação Perseu Abramo, 2015.
VIEIRA, Mary. “Espinha de Peixe”. Cadernos negros 42. Contos Afro-brasileiros. São Paulo: Quilombhoje, 2019, p. 231-237.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence

Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.


