Cooperativismo de plataforma e agricultura familiar: desafios e limites no desenvolvimento do Projeto e-COO
DOI:
https://doi.org/10.5902/2357797590188Schlagworte:
Cooperativismo de plataforma, Agricultura familiar, Economia solidária, Conflitos socioambientais, Justiça ambientalAbstract
Este artigo discute o desenvolvimento do Projeto e-COO, uma tecnologia social baseada no cooperativismo de plataforma voltada à agricultura familiar no sul do Brasil. Partimos de uma reflexão sobre os desafios enfrentados pela agricultura familiar no contexto neoliberal, como a concentração de terras e a precariedade de recursos, e exploramos a convergência entre economia solidária e tecnologias sociais como resposta a esses problemas. O projeto, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), busca democratizar o acesso à comercialização, produção e distribuição de alimentos, utilizando indicadores sociais e uma plataforma tecnológica. O artigo também reflete sobre os limites que a experiência de desenvolvimento dessa tecnologia social encontrou frente às consequências do modelo neoliberal, evidenciando as desigualdades e injustiças socioambientais intensificadas pelas catástrofes climáticas. Embora o cooperativismo de plataforma se apresente como uma estratégia de resistência e inovação, capaz de fortalecer as práticas coletivas e solidárias, ele enfrenta barreiras estruturais impostas pela lógica de concentração de poder e riqueza. Concluímos que a experiência do Projeto e-COO oferece valiosas lições sobre os limites e potencialidades das tecnologias sociais na promoção de justiça socioambiental. O cooperativismo de plataforma, ao integrar autogestão e economia solidária, surge como uma alternativa para a transformação social, ainda que limitado pelas barreiras estruturais do neoliberalismo. A proposta reafirma a importância de repensar estratégias tecnológicas e sociais que enfrentem as desigualdades e contribuam para o fortalecimento da agricultura familiar.
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