Da razão funcional entre ambiente e saúde às epistemologias outras em Geografia da Saúde a partir da “r-existência” dos saberes populares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2236499466101

Palavras-chave:

Geografia da Saúde, Epistemologia, Pensamento decolonial, Saberes populares.

Resumo

Este artigo discute epistemologias outras em Geografia da Saúde no Brasil a partir da análise de teses e dissertações produzidas tratando da temática entre os anos de 1987 e 2018. Metodologicamente, as planilhas disponibilizadas pela CAPES foram tabuladas e as palavras-chave e as expressões que integram os seus respectivos títulos das pesquisas foram quantificadas e organizadas em nuvens de palavras com o apoio de softwares específicos. O resultado revela uma inclinação da Geografia em discutir doenças específicas (em especial a dengue), a questão ambiental, o espaço urbano, também a predileção pelo conceito de território e uma recente investida na compreensão dos serviços de saúde do país, com destaque para os debates envolvendo o SUS. Outrossim, observa-se uma concentração das produções nas regiões Sul e Sudeste. Neste sentido, trabalha-se com a proposta de uma ação inter/transdisciplinar que possa incrementar tais discussões com preceitos do pensamento decolonial, especialmente trazendo para a agenda geográfica outros saberes e práticas invisibilizados/silenciados pelo logocentrismo. Assim, a aposta é relacionar o bem-viver e a perspectiva do decrescimento como ferramentas necessárias para suplantar a crise do modelo civilizatório, endereçando olhares geográficos neste sentido e para outra escala de compreensão social, que possa descortinar ausências e emergências.

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Biografia do Autor

Maximillian Ferreira Clarindo, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Doutor em Geografia (UEPG). Mestre em Gestão do Território (UEPG). Pós-graduado em Segurança Pública. Atua como pesquisador no grupo Interconexões. Atualmente estuda os saberes e práticas locais, desde abordagens complexas e decoloniais do pensamento científico. Sua produção está centrada nos seguintes temas: benzedeiras, comunidades quilombolas, microterritorialidades urbanas e redes geográficas de socialização de saberes, medicina popular (Geografia da Cura e do Sagrado), estratégias sociais de amortização de problemas e novas perspectivas para um novo mundo (Buen Vivir). Dedica-se na discussão dos enfoques humanísticos e culturais da Geografia da Saúde. Esporadicamente produz ensaios relacionados com a temática da segurança pública, cidadania e direitos humanos.

Almir Nabozny, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Doutor em Geografia. Atualmente é professor Adjunto C na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) onde atua nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia presencial, entre 2013-2015 coordenou os trabalhos de conclusão de curso de Licenciatura em Geografia na modalidade a distância (UAB/UEPG-2013-2015). Docente credenciado no Programa de Pós-Graduação em Geografia UEPG (http://sites.uepg.br/ppgg/mestrado).

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Publicado

2022-07-19 — Atualizado em 2022-09-26

Versões

Como Citar

Clarindo, M. F., & Nabozny, A. (2022). Da razão funcional entre ambiente e saúde às epistemologias outras em Geografia da Saúde a partir da “r-existência” dos saberes populares. Geografia Ensino & Pesquisa, 26, e13. https://doi.org/10.5902/2236499466101 (Original work published 19º de julho de 2022)

Edição

Seção

Produção do Espaço e Dinâmica Regional