n. 60 (2022): António Lobo Antunes: narrativas sobre um mundo que arde

					Visualizar n. 60 (2022): António Lobo Antunes: narrativas sobre um mundo que arde

Nas últimas décadas, a obra produzida por António Lobo Antunes conquistou um público espantoso e crescente, ganhando edições e traduções sucessivas em diferentes línguas. Como reconhecimento desse êxito, em 2007, o escritor foi agraciado com o Prêmio Camões pela importância da sua produção. Assim, considerando-se a forte presença de António Lobo Antunes nos estudos atuais sobre a narrativa portuguesa contemporânea, justifica-se um número da Fragmentum dedicado ao autor de Esplendor de Portugal, dentre outros inúmeros títulos. Com base em Arnaut (2012, 2011, 2009) e Reis (2005), as produções de António Lobo Antunes manifestam importantes linhas de força ou tendências da Literatura Portuguesa contemporânea. A primeira dessas linhas revisita e desmitifica acontecimentos e figuras provenientes da história portuguesa. É o caso da representação da Guerra Colonial com seus dramas, traumas, “anti-heróis” e silêncios. O segundo traço a ser destacado consiste na utilização da paródia e da desconstrução, através das quais António Lobo Antunes cria narrativas marcadas por acentuado ceticismo acerca de um Portugal contemporâneo com suas agonias, fragilidades e contradições Pós-Coloniais. A terceira vertente escritural investe numa apurada reflexão sobre o processo de elaboração da narrativa, espécie de retorno sobre si mesma, focalizando a produção de gêneros como o romance e a crônica. Neste número da Fragmentum, desejamos reunir artigos que apresentem interpretações fecundas sobre a obra loboantoniana, que se revela instigante e atual em relação aos sombrios tempos em que vivemos, assinalados por distopias, fracassos individuais e coletivos, reificação do sujeito, neocolonialismos, violências de amplo espectro, mas também pela resistência e desconstrução crítica empreendida pela Literatura.

Organizadores:  Gerson Luiz Roani (Universidade Federal de Viçosa), Ana Paula Arnaut (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), Raquel Trentin Oliveira (Universidade Federal de Santa Maria)

Publicado: 2024-03-08