Chamadas
CHAMADA ABERTA
Fragmentum, n. 61, Jan.-Jun., 2023
Título: Migrações: novas abordagens discursivas
Organizadores: Marluza da Rosa (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM), Glaucia Muniz Proença Lara (Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG), Laura Calabrese (Université Libre de Bruxelles - ULB)
Prazo prorrogado até dia 16 de abril de 2023.
Ementa:
Nos últimos anos, uma abundante literatura tem sido produzida acerca dos discursos sobre as migrações. Nos campos das ciências da linguagem e das ciências da informação e da comunicação, o interesse tem recaído principalmente sobre os enquadramentos midiáticos, as denominações e as interações entre o discurso político-institucional e as práticas de acolhimento, numa perspectiva, sobretudo, europeia. Este número procura abordar os discursos sobre as migrações a partir de ângulos que têm sido ainda pouco explorados na pesquisa existente. Assim, voltamo-nos para novas abordagens discursivas segundo vários critérios que podem ser organizados em torno de três eixos:
- Discursos sobre as migrações nos países ditos do Sul Global: dado que a maior parte dos trabalhos sobre a última “crise migratória” tem se concentrado, principalmente, na Europa, interessa-nos entender como outros países têm representado os acontecimentos migratórios. Se os discursos midiáticos e políticos não europeus têm sido pouco estudados, é porque são vistos como tendo um impacto fraco nas tomadas de decisão ou porque fazem parte de um “ecossistema regional” que molda as representações aos países ditos do Norte? É o que nos interessa examinar. As representações produzidas nos países em desenvolvimento descentralizam a visada eurocêntrica e permitem observar a migração sobretudo como um evento global, embora apreendido localmente.
- Discursos sobre as migrações em uma perspectiva diacrônica: ao longo do tempo, diferentes tendências são observadas nos enquadramentos discursivos sobre as migrações, na medida em que políticas distintas são implementadas ou reforçadas por autoridades locais ou regionais. A vasta literatura produzida na sequência de diferentes episódios migratórios do passado pode ensejar comparações com os episódios atuais, com foco não apenas nos enquadramentos e nos discursos, mas também nas comparações empreendidas por jornalistas ou pelas próprias associações civis.
- Discursos de atores não hegemônicos: este eixo é dedicado às análises de práticas discursivas dos migrantes, das associações de acolhimento ou de cidadãos em geral, atores cujos discursos são produzidos a partir de situações de enunciação não hegemônicas. Objetiva-se fomentar análises e discussões sobre discursos outros, a fim de compreender em que medida e de que forma(s) os atores sociais adequam-se ou resistem às lógicas dominantes, via organizações militantes ou ações espontâneas, como, por exemplo, nas redes sociais digitais.
Esses três eixos permitirão examinar os discursos sobre as migrações em uma perspectiva global, atenta à diversidade de atores sociais, bem como às transformações dos discursos no tempo e/ou no espaço. Nesse caso, abordagens comparativas poderão trazer importante contribuição no sentido de apreender o fio condutor de cada discurso, segundo variáveis de tempo, de espaço e/ou de atores.
PRÓXIMAS CHAMADAS
Fragmentum, nº 62, Jul.-Dez. 2023, Linguística
Título: Formação do linguista e formalização do objeto em Ferdinand de Saussure
Organizadores: Eliane Mara Silveira (UFU), Micaela Parfume Coelho (IFMT), Estanislao Sofia (UFSM), Maria Iraci Sousa Costa (UFSM)
Prazo de envio: 1º de janeiro de 2023 a 30 de junho de 2023.
Ementa:
Ferdinand de Saussure tem sido uma referência essencial para as ciências da linguagem durante mais de um século. Sua extensa herança intelectual se reflete tanto na determinação do objeto da linguística, como na influência que tem exercido sobre outras disciplinas. A ideia da linguística como ciência “piloto”, bandeira da horizontalização das ciências e da cultura durante os anos 60/70, deve muito à obra de Saussure que se tornou um grande centro de interesse (teórico, epistemológico e filológico) nos últimos 60 anos. Atualmente, esse interesse por Saussure mantém-se como uma fonte de inspiração que orienta o trabalho de investigadores em diversas áreas do conhecimento. A estrutura da sua obra funciona, frequentemente, como uma matriz geral de formalização suscetível de ser exportada (com êxito variável) a distintos objetos de estudo, dentro e fora da linguística propriamente dita. Contudo, a temática em torno da formação do linguista e, de modo geral, da formalização da linguística, é um problema que tem sido relativamente pouco estudado na obra de Saussure. Este número se propõe a explorar estas vertentes temáticas (a formação do linguista e a formalização da linguística) a partir da heterogeneidade das fontes que compõem a obra saussuriana (CLG, notas de aula, publicações e manuscritos autógrafos) através dos diversos pontos de vista dos pesquisadores que se inscrevem na linha de sua herança intelectual. A proposta tem o objetivo de fomentar respostas à pergunta fundamental da epistemologia saussuriana, “o que é e o que faz um(a) linguista?”, e a explorar os ecos dessa questão na base epistemológica das ciências conexas. Que objetos, que dados empíricos, formalizados de que maneira e com que finalidade, interessam à prática linguística? De que maneira e em que medida esse marco teórico/epistemológico concebido a partir da obra de Saussure inspira, ainda hoje, a axiomatização ou a prática (ou a axiomatização da prática) das ciências da cultura? Convidamos aos autores interessados pela obra de Saussure a contribuir com este número da Fragmentum aportando os seus pontos de vista sobre a temática.
CHAMADAS ENCERRADAS
Fragmentum, nº 60, Jul.-Dez. 2022, Literatura
Título: António Lobo Antunes: narrativas sobre um mundo que arde
Organizadores: Gerson Luiz Roani (Universidade Federal de Viçosa), Ana Paula Arnaut (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), Raquel Trentin Oliveira (Universidade Federal de Santa Maria)
Ementa:
Nas últimas décadas, a obra produzida por António Lobo Antunes conquistou um público espantoso e crescente, ganhando edições e traduções sucessivas em diferentes línguas. Como reconhecimento desse êxito, em 2007, o escritor foi agraciado com o Prêmio Camões pela importância da sua produção. Assim, considerando-se a forte presença de António Lobo Antunes nos estudos atuais sobre a narrativa portuguesa contemporânea, justifica-se um número da Fragmentum dedicado ao autor de Esplendor de Portugal, dentre outros inúmeros títulos. Com base em Arnaut (2012, 2011, 2009) e Reis (2005), as produções de António Lobo Antunes manifestam importantes linhas de força ou tendências da Literatura Portuguesa contemporânea. A primeira dessas linhas revisita e desmitifica acontecimentos e figuras provenientes da história portuguesa. É o caso da representação da Guerra Colonial com seus dramas, traumas, “anti-heróis” e silêncios. O segundo traço a ser destacado consiste na utilização da paródia e da desconstrução, através das quais António Lobo Antunes cria narrativas marcadas por acentuado ceticismo acerca de um Portugal contemporâneo com suas agonias, fragilidades e contradições Pós-Coloniais. A terceira vertente escritural investe numa apurada reflexão sobre o processo de elaboração da narrativa, espécie de retorno sobre si mesma, focalizando a produção de gêneros como o romance e a crônica. Neste número da Fragmentum, desejamos reunir artigos que apresentem interpretações fecundas sobre a obra loboantoniana, que se revela instigante e atual em relação aos sombrios tempos em que vivemos, assinalados por distopias, fracassos individuais e coletivos, reificação do sujeito, neocolonialismos, violências de amplo espectro, mas também pela resistência e desconstrução crítica empreendida pela Literatura.