Trabalho e natureza nas representações sociais dos contos e causos
DOI:
https://doi.org/10.5902/2318179635173Palavras-chave:
antropologia rural, cultura, estórias, religiosidade.Resumo
Atentamos para as representações sociais expressas pelos contos e causos e pela maneira como as comunidades rurais percebem a natureza envolvente. O trabalho objetivou valorar as relações culturais e a memória coletiva, com participação de narradores e historiadores. Foram realizadas gravações, coletas e sistematização dos relatos e narrações em algumas comunidades rurais tradicionais do Vale do Jequitinhonha e do Sul de Minas Gerais (Brasil). As ações tiveram como foco a produção de texto e a publicação de livros e cartilhas. Os contos se apresentam estruturados pelas formas do trabalho, a natureza é vista como criação de Deus e espaço fundamental para o ato do trabalho. Seja na relação entre os moradores e as unidades de conservação da natureza, ou monocultivos, o homem rural se relaciona com outras formas de organização do trabalho e com a percepção da natureza. O ‘trabalho’ se coloca como elemento aglutinante entre a organização da economia camponesa e a percepção da natureza. A manifestação social dessa aglutinação se dá nas narrativas dos contos, de forma imaginária, as lidas da vida diária, demonstram os aspectos éticos/religiosos dos valores sociais que norteiam hábitos, costumes e manifestações culturais.
Downloads
Referências
AGAMBEM, G. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
BARROS, M. M. Memória e família. In: Estudos históricos III - Memória. São Paulo: Vértice, 1989.
BRANDÃO, C. R. Nós os humanos: do mundo à vida, da vida à cultura. São Paulo: Cortez, 2015.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 466/2012. Trata de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução n. 196. Diário Oficial da União, 12 dez. 2012.
CHAUÍ, M. Convite a filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
DARNTON, R. O grande massacre de gatos e outros episódios da história cultural francesa. São Paulo: Editora Graal, 2011.
DESCOLA, P. Outras naturezas, outras culturas. Coleção Fábula. São Paulo: Editora 34, 2016. 64p.
GODELIER, M. O enigma do dom. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
JOLLES, A. Formas simples: Legenda, saga, mito, adivinha, ditado, caso, memorável, conto, chiste. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1976.
LÉVÊQUE, P. Para uma análise comparativa de ideologias religiosas: Religiões africanas e religião grega. In: Mitos e civilizações. CARVALHO, S.M.S (org.). São Paulo: Terceira Margem, 2005
LÉVI-STRAUSS, C. Pensamento selvagem. Campinas: Papirus, 1989.
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
OLIVEIRA, R.; ZHOURI, A. Experiências locais e olhares globais: Desafios para os moradores do Vale do Jequitinhonha (MG) no campo ambiental. In: Cultura, percepção e ambiente: Diálogos com Tim Ingold. Orgs.: STEIL, C. A.; CARVALHO, I. C. M. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2012 (Coleção Antropologia Hoje).
QUEIROZ, M. I. P. O campesinato brasileiro: ensaios sobre civilização e grupos rústicos no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1973.
ROSENDAHL, Z. Espaço e religião: uma abordagem geográfica. Rio de Janeiro: UERJ/NEPEC, 2002.
TAUNAY, A. E. Relatos sertanistas. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981.
VASCONCELOS, D. História antiga das Minas Gerais. Belo Horizonte: Itatiaia, 1974.
WOORTMANN, K. Com parente não se neguceia: o campesinato como ordem moral. Anuário Antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1990.